domingo, outubro 19, 2003

POSTA ESCATOLÓGICO-POLÍTICA

Há coisas que todos nós fazemos em privado e que nos destituiria de qualquer cargo se as fizéssemos em público. Apesar de toda a gente saber que fazemos estas coisas e que é natural que as façamos.

É um problema de imagem, de ética e de estética.

São convenções a que atribuímos imensa importância em sociedade e que contam sobremaneira para manter os "barcos" à tona da água e no rumo certo.

Todos nós dizemos obscenidades em privado. E achamos isso perfeitamente natural. Mas não admitimos, por um momento só que seja, que, em determinadas circunstâncias, possamos fazer o mesmo sem consequências.

O simples facto de sabermos hoje, sem quaisquer dúvidas, que Ferro Rodrigues, secretário geral do PS e líder do maior partido da oposição, disse que se estava «cagando para o segredo de justiça» desqualifica-o para continuar no cargo que ora ocupa. Por mais que o segredo de justiça mereça hoje que todos nós caguemos para ele.

Nós admitimos que o sistema digestivo de Ferro Rodrigues funciona maravilhosamente e que por isso ele caga todos os dias como qualquer outro mortal.

Isso é perfeitamente natural.

Mas não admitiríamos vê-lo arrear as calças e cagar em plena praça do Rossio, por exemplo.

Foi o que ele fez pelo telefone: cagou em público.

E isso é imperdoável a uma figura com as responsabilidades que ele tem.

E basta para que lhe seja apontada a porta da rua da liderança do PS.

Não pode haver contemplações quanto a isso.

Ninguém sente respeito e vota num partido dirigido por um cagador tão descarado.