POSTA ESCATOLÓGICO-POLÍTICA
Há coisas que todos nós fazemos em privado e que nos destituiria de qualquer cargo se as fizéssemos em público. Apesar de toda a gente saber que fazemos estas coisas e que é natural que as façamos.
É um problema de imagem, de ética e de estética.
São convenções a que atribuímos imensa importância em sociedade e que contam sobremaneira para manter os "barcos" à tona da água e no rumo certo.
Todos nós dizemos obscenidades em privado. E achamos isso perfeitamente natural. Mas não admitimos, por um momento só que seja, que, em determinadas circunstâncias, possamos fazer o mesmo sem consequências.
O simples facto de sabermos hoje, sem quaisquer dúvidas, que Ferro Rodrigues, secretário geral do PS e líder do maior partido da oposição, disse que se estava «cagando para o segredo de justiça» desqualifica-o para continuar no cargo que ora ocupa. Por mais que o segredo de justiça mereça hoje que todos nós caguemos para ele.
Nós admitimos que o sistema digestivo de Ferro Rodrigues funciona maravilhosamente e que por isso ele caga todos os dias como qualquer outro mortal.
Isso é perfeitamente natural.
Mas não admitiríamos vê-lo arrear as calças e cagar em plena praça do Rossio, por exemplo.
Foi o que ele fez pelo telefone: cagou em público.
E isso é imperdoável a uma figura com as responsabilidades que ele tem.
E basta para que lhe seja apontada a porta da rua da liderança do PS.
Não pode haver contemplações quanto a isso.
Ninguém sente respeito e vota num partido dirigido por um cagador tão descarado.