quarta-feira, outubro 29, 2003

CÃO DE NOME COBARDE PARA JORNALISTAS?

O Diário de Notícias de hoje faz este relato chocante:

«O primeiro-ministro regressa hoje de Angola com uma nova crise em mãos para resolver. Os ministros do Ambiente e da Agricultura estão de costas voltadas por causa da eventual transferência da tutela das áreas protegidas do Ministério de Amílcar Theias para o de Sevinate Pinto. Theias assumiu ontem aos jornalistas que foi «apanhado de surpresa» com essa possível transferência (que admitiu estar em cima da mesa), à qual se opõe, e passou ao contra-ataque. Afirma que se trata de «uma cedência a interesses particulares». «O Estado tem de ser forte, a política não pode ser apenas uma gestão de interesses particulares», disse.»

A ser verdade o que se diz no DN (e eu não tenho nenhuma razão para duvidar), temos então agora uma prova mais que clara de que o Governo de Portugal (com o dos outros podemos nós bem) tem governado e está a governar cada vez mais para satisfazer interesses privados.

É um ministro que levanta esta lebre, a enfeita, a engalana e a faz correr para que não tenhamos a menor dúvida de que assim é: governa-se para os privados; o povo que se lixe.

Eu tenho batido, aqui neste blogue, na tecla do descalabro que vai ser a privatização da Saúde em Portugal. E verifico, estupefacto - não pelo facto de não me ouvirem (não é disso que se trata - quem sou eu?) -, que apenas o Senhor Presidente da República se preocupa com este magno problema.

A própria comunicação social está-se nas tintas para o problema. Não sei se porque quem paga não quer que se fale no assunto, ou se a razão é outra.

Facto é que a classe dos jornalistas, exceptuando uns quantos (bem poucos), é uma classe de profissionais mal pagos que experimentam dificuldades, senão no dia a dia, pelo menos no mês a mês; e apesar de estarem a sofrer os problemas na pele, os jornalistas ainda não acordaram para se debruçarem sobre o assunto.

Terão os senhores jornalistas tantos médicos amigos, assim, para que nem sequer a nível individual e familiar (ao menos a estes níveis) tenham ainda acordado para o risco que correm (e todos nós corremos) de o acesso aos cuidados de saúde passar a ser mais difícil e esses cuidados passarem a ser de menor qualidade ou mesmo de qualidade duvidosa?

Não viram ainda que as nuvens negras se encastelam no horizonte a cada dia, a cada declaração, a cada decreto, a cada portaria que saem do Governo?

De que é que estão à espera os senhores jornalistas para pegarem no assunto, investigarem e revelarem o estado em que está já, e o estado em que se quer transformar a Saúde em Portugal?

O medo já os tolhe? O chicote do patrão já os amedronta? E se não é disso que se trata, então porque é que estão calados?

Se é por medo comprem um cão e chamem-lhe Cobarde. Sempre é uma solução.