ACUDAM-ME, ESTOU EM APUROS!
Apetecia-me escrever algo sobre o quotidiano no dia em que Paulo Pedroso foi devolvido à liberdade. Mas não vou fazê-lo. Confesso que estou, no mínimo, obnubilado (bêbado, em linguagem comum).
Estive hoje num jantar de aniversário de uma amiga de longa data tendo bebido alguns cálices de uma aguardente velhíssima de Cabo Verde, a qual (aguardente) tem cerca de quarenta anos de estágio (é assim que se diz, não é?) e que, por ter sido detestada por falsos apreciadores espanhóis, pois fora levada para Espanha por uma filha de Luís Silva Rendall, antigo Intendente em Cabo Verde e proprietário primeiro de dita aguardente, filha essa que herdou as divinas (para mim) garrafas e as doou ao marido espanhol que lhe coube desposar, cujo não apreciou o néctar e achou por bem despachá-lo de novo para Lisboa para felicidade dos amigos da família, em que me incluo – dizia eu – ao ver à minha frente uma garrafa de dito néctar, não resisti aos seus encantos e despejei-a, com todo o carinho, pelo esófago abaixo (tão devagarinho que, «dou a minha palavra de honra», não chegou ao meu estômago) e agora encontro-me neste estado difícil em que não sei bem se hei-de congratular-me com a libertação de Paulo Pedroso ou se hei-de telefonar a Pacheco Pereira para me aconselhar sobre que hospital escolher, a estas horas, para uma lavagem aos meus neurónios.