quarta-feira, outubro 27, 2004

O CASO MARCELO (PARA ESTÚPIDOS)

Eis, em suma, a essência das declarações de Marcelo Rebelo de Sousa e das declarações de Pais do Amaral à Alta Autoridade para a Comunicação Social:

Marcelo - «Pais do Amaral disse-me que: ou eu mudava o teor dos meus comentários sobre o Governo, ou então eu causava grandes prejuízos à TVI, coisa que eles não estavam na disposição de admitir».

Pais do Amaral - «Eu convidei o meu amigo Marcelo para um jantar de amigos, num bar (não no meu escritório). Estávamos calmamente a falar de putas e - de repente! -, sem mais nem menos, Marcelo anuncia-me que se vai embora. Fiquei surpreso, e até hoje não sei porque é que ele se foi embora».

domingo, outubro 24, 2004

UMA EXPERIÊNCIA A TER

Hoje dei-me ao trabalho de ouvir quase meia missa transmitida pela Antena 1.

Sim , missa, missa mesmo! celebrada por padres, assistida por fiéis e transmitida pela rádio de todos nós - a RDP.

Não vou aqui perorar contra este facto de a Igreja católica ter direito a transmissão das suas missas pela rádio pública e as outras confissões religiosas não.

O que vos quero dizer é só isto:

Se puderem, no próximo domingo, cerca das oito horas da manhã, sintonizem a Antena 1, nos 95.7 MHz, e oiçam a missa. Vão ficar, por certo, tão estupefactos quanto eu fiquei hoje. É que vão descobrir que quase nada mudou na Igreja católica desde há cerca de trinta anos a esta parte, pelo menos.

Vão concluir que, ainda hoje, durante a missa e nas homilias:
a) se pede ao divino «a vida eterna»;
b) se ameaça os pecadores com o inferno;
c) se fala de «reino celeste»;
d) se diz que «o reino celeste está para além das nuvens» - a sério, ouvi isso -;
e) se fala em «subir» para nos encontrarmos com o Senhor;
f) se labora na contradição de ora dizer que «o Senhor está entre nós», ora dizer que «lá de longe onde Ele vive» nos segue e nos protege.

Lá mais para o fim da homilia não se resiste a falar de dinheiro e a dizer aos fiéis que ofertem o que puderem para salvar as almas.

Enfim, um empedernimento ideológico que nem no mais fossilizado militante do PCP se consegue encontrar.

sábado, outubro 09, 2004

ÁFRICA MINHA

Para os que gostam do "África Minha" e me têm incentivado a dasencalhá-lo e a pôr lá novas postas, aqui vai uma pequenina notícia: coloquei lá uma posta nova que é uma promessa de que num futuro brevíssimo um novo fôlego será dado àquele blogue.

quarta-feira, outubro 06, 2004

SE A MODA PEGA...

O Primeiro Ministro veio dizer às televisões que não mandou calar Marcelo Rebelo de Sousa. Mas que o que exigia era que houvesse "contraditório" às opiniões políticas que Marcelo debitava semanalmente na TVI.

Agora os órgãos de comunicação social já sabem: acabaram-se os comentários políticos sem "contraditório". De agora em diante, quando quiserem saber o que pensa um comentador político, terão que convidar, ao mesmo tempo, mais três ou quatro para garantirem o "contraditório" a todas as tendências políticas representadas no Parlamento. É a nova moda imposta pelo Governo.

Pacheco Pereira já classificou a atitude do Governo como de "desnorte e desespero".

O que gostaríamos agora era de ouvir o responsável maior por este Governo. Sim, o Senhor Presidente da República.

UM GOVERNO PARALÍMPICO

Ouvi, no noticiário da TSF, com estes que a terra há-de comer, a Ministra da Educação, quando questionada sobre quantas escolas estavam a funcionar normalmente, responder: «Estão a funcionar 100% das escolas. À excepção daquelas que não estão a funcionar porque os professores nelas colocados apresentaram atestados médicos».


É! Foi a Ministra da Educação que assim respondeu.


Eu, pela minha parte, tenho nos meus bolsos 100% de todo o dinheiro de Portugal. À excepção do dinheiro de Portugal que não tenho nos meus bolsos, perceberam?


Como se pode constatar, esta Ministra foi uma belíssima escolha para este Governo paralímpico.

sábado, outubro 02, 2004

AVISO OPORTUNO À NAVEGAÇÃO

No meio da unanimidade geral, do aplauso estrondoso, «ribombante», glorificando a ascensão de Sócrates à liderança do PS - unanimidade nascida destes tempos de "seca", de penúria de toda a espécie (moral, cívica, política, económica, cultural e do conhecimento) -, no meio de toda essa confusão que tolda o raciocínio e desperta o instinto da sobrevivência, eis que surge, aqui na blogosfera, alguém que não se deixou encantar pela "campanha folclórica em curso", que olhou bem para a realidade e para os dados do passado recente, e, com toda a calma e toda a crueza, resolveu dizer à turba mais ou menos isto (mas por outras palavras bem mais cruas e incisivas):

atenção, oh malta! muita atenção à História: consultai os dados do passado nela contidos e precatai-vos para o futuro, pois o rei não vai vestido como pensais e sonhais. Não subais tão alto para cantar ossanas a Sócrates, pois o homem ainda não subiu aos céus. E é bem possível que nunca lá chegue, tropece em si mesmo e se estatele ao comprido ao virar das esquinas da realidade concreta do País.

Quem assim falou foi Henrique Silveira, do blogue "Crítico". Vede aqui.
TEMPOS NOVOS OU O ELOGIO DA MEDIOCRIDADE

Hoje em dia, atendendo à filosofia actual de gestão da Saúde, em que a finalidade é gastar o mínimo possível, eis-nos chegados ao tempo em que a prática da medicina deve ser deixada para os menos capazes e para os incompetentes, pois, a ciência médica atingiu um tal ponto de evolução, que os médicos com razoáveis conhecimentos (para não falar dos que têm uma preparação superior) não "conseguem" tratar os doentes sem fazerem despesas "incomportáveis" pelo orçamento.

Este é o tempo em que os "quadros" hospitalares devem ser extintos para se passar a recrutar trabalhadores (médicos) em bancas montadas nas ruas, nos aeroportos e nos cais de desembarque, como antigamente se recrutavam trabalhadores para a estiva ou para qualquer outro trabalho braçal que fosse necessário.

O que passa a interessar manifestamente é que o doente encontre pela frente alguém (pago a pataco), vestido de bata branca e autorizado a atendê-lo.

Se depois a morte vier mais cedo, isso é uma benesse para os depauperados fundos de pensões.

Ou pensam que isto, afinal, não está tudo ligado!?