quarta-feira, dezembro 31, 2003

DESDE O JARDIM DAS DELÍCIAS…

…Salmoura vem, qual humilde lagartixa (com pretensões comprovadamente irrealizáveis de chegar a jacaré) desejar um ano melhor que o de 2003 a todos os jacarés da blogosfera, mesmo àqueles em metamorfose paradoxal para lagartixa.

Um Bom Ano! especialmente ao


Jacaré-mor

UMA AUTÊNTICA LOUCURA

Agradeço e roubo a Murmúrios do Silêncio o link que se segue pois não resisto a pedir àqueles que me lêm nos Estados Unidos que dêm um salto aqui e meditem para onde vai o dinheiro dos seus impostos.
ANO NOVO MÁXIMA NOVA

Substitui-se hoje, último dia do ano, a máxima que abre este blogue. Como sinal do desejo de que não haja aqui cristalização de ideias. Sem, contudo, garantia alguma de que assim será. No fim do próximo ano logo se verá.

Nota: hoje, dia 01/01/04, contrariando o desejo acima expresso, decidi, para já, a cristalização da máxima com que o blogue foi criado. Um acto de algum conservadorismo e reaccionarismo - não consegui suportar a mudança -. Estou a ficar velho. Definitivamente.
SURPRESA!…


Eis as Boas Entradas que o Governo nos reserva para
o próximo Ano Novo.

terça-feira, dezembro 30, 2003

DEZ ESPANTOSOS FEITOS DO PSD EM 2003

1. Tratamento dos resíduos sólidos poluentes – como prometido o Governo resolveu o problema sem necessitar da nefasta co-incineração.

2. Jovens já moram na Baixa de Lisboa – como prometera Santana Lopes em cartazes monumentais de campanha eleitoral, esta é uma realidade indesmentível.

3. Acabaram-se os carros estacionados em segunda fila na Av. Almirante Reis, em Lisboa – como também prometera o mesmo Santana, em declarações enfáticas de campanha eleitoral, os carros evaporaram-se.

4. Todas as criancinhas em listas de espera cirúrgicas já foram operadas – por isso o aeroporto da Ota e o TGV vão avançar. É que aquela condição fora autoritariamente imposta por Durão, em campanha eleitoral, qual "grande timoneiro" (Mao Tse Tung) de boa memória, para que estas obras pudessem ser iniciadas.

5. O IRS baixou significativamente – como, aliás, o candidato Durão prometera através da antena da TSF.

6. Nunca o Imposto Automóvel esteve tão baixo em Portugal – isso prova que Durão quando promete cumpre.

7. Portugal ganhou sempre nas negociações na União Europeia – mesmo quando perdeu (e foi em quase todas) – graças ao malabarismo verbal indígena em que o português é mestre imbatível e o PSD o Super Master.

8. O Governo PSD e a Câmara Municipal de Lisboa (do PSD) não ajudaram minimamente o Benfica a resolver as suas dívidas fiscais e a construção de um novo estádio de futebol.

9. Como anunciado solenemente por Sarmi, o químico, O Canal 2 da RTP foi extinto e com isso o Estado poupou milhões de euros aos contribuintes.

10. O Dr. Portas, chefe político da coligação no Governo, revelou-se uma legenda viva de Honestidade, Rigor e Coerência, desde que integrou o exucutivo.

domingo, dezembro 28, 2003

A DIREITA CADA VEZ MAIS SÓ

Frei Bento Domingues, tal como o bispo do Porto, está a tornar-se um perigoso esquerdista e um abominável anti-americano. O bispo veio a terreiro, há dias, defender a descriminalização do aborto; frei Bento vem hoje, nas páginas do Público, desassossegar as almas católicas ao passar um verdadeiro atestado de insensibilidade, leviandade e fatalismo aos senhores que nos governam e aos políticos e opinion makers da direita que suportam o status quo infecto e pantanoso em que o país vive.

Sobre Portugal frei Bento diz isto:

«Se, como se diz, o país está deprimido, talvez tenha algumas razões para isso. Levaram-no à convicção de que não pode fazer nada para alterar o seu presente nem vale a pena configurar o futuro a partir da resposta às dificuldades dos mais carenciados. Como um destino, depende apenas da conjuntura internacional e do estado do crescimento económico europeu. É como se ao Governo e à maioria parlamentar lhes bastasse existir e aparecer nas televisões ao lado da política de G.W. Bush e a cumprir ordens de Bruxelas para exibir uma respeitabilidade que, ao fim e ao cabo, se revelou muito pouco gloriosa».

Sobre o Iraque… aí frei Bento não resistiu e escreveu à la Salmoura:

«Esta guerra encobre várias outras. Saddam deve ter agora - passadas quase duas décadas - muito que conversar com Donald Rumsfeld. Nos anos 80 do século passado, este enviado do Presidente Ronald Reagan selou com o sanguinário ditador um acordo de cooperação militar para impedir uma derrota de Bagdad na guerra contra o Irão. Os norte-americanos gastaram milhões de dólares em crédito, equipamentos militares, armas químicas e biológicas, informação permanente sobre as movimentações das tropas iranianas».


Pode ler o artigo na íntegra aqui

sábado, dezembro 27, 2003

O CÉU DE DEZEMBRO



Eis a imagem captada pelo Governo e pelo PSD quando apontaram o telescópio político para o céu: uma infinidade de constelações CDS-PP a perder de vista.

sexta-feira, dezembro 26, 2003

A MELHOR NOTÍCIA DESTE NATAL

O Público acaba de ganhar o prémio A melhor Notícia Deste Natal com o seguinte título (bastou-lhe o título, veja-se bem):

«Ministério da Defesa Iniciou o Processo e Administração Interna Concluiu-o. Militares Portugueses com Imunidade Garantida para Disparar a Matar» (no Iraque).

Consta que no quartel general da Resistência Iraquiana houve um briefing sobre o assunto e saiu dele uma ordem de serviço aos resistentes iraquianos rezando isto: «associando-nos ao "espírito natalício" ocidental determinamos que os nossos soldados, em nome de Alá, matem o maior número possível de soldados portugueses em "missão"(?) na nossa sagrada terra».

quinta-feira, dezembro 25, 2003

BOAS FESTAS


Um aspecto das comemorações do Natal no Iraque

domingo, dezembro 21, 2003

SAFARI NO JARDIM ZOOLÓGICO



Escrever sobre a captura de Saddam já está a ficar enjoativo mas há coisas que se não forem ditas nos ficarão a pesar como pecados cometidos por omissão cujos significariam para nós, em termos pessoais, uma como que demissão neste dirimir de armas (argumentos) entre falcões e pombas, direita e esquerda, fachos e comunistas, e mais outros conjuntos bipolares do género que possamos conceber.

Com grande euforia e algum alívio (não se encontraram ainda as famosas WMD mas ter Saddam já é importante) a direita apresenta a captura de Saddam como uma vitória na luta contra o terrorismo, desencadeada depois dos acontecimentos do 11 de Setembro, e baralha um pouco o jogo acusando profusamente a esquerda, através de vários dos seus (da direita) arautos, de estar a ser hipócrita nas suas (da esquerda) reacções «rituais» (JPP dixit) de aprovação a respeito da captura de Saddam.

Ora, compete-nos, apesar de o assunto já enjoar um pouco, não desfalecer na contra-argumentação a esta enorme falácia que é querer fazer crer ao mundo que a invasão e ocupação do Iraque se insere na luta contra o terrorismo. Porque nunca o foi, não o é, e não podemos permitir que a campanha da direita possa fazer vingar essa tese e se sirva dela para disfarçar o fracasso da verdadeira luta contra o terrorismo que é não terem ainda apanhado Bin Ladem e desmantelado a Al-Qaeda, e terem praticamente abandonado o palco dessa luta: o Afeganistão. Não podemos permitir que essa campanha possa encobrir os verdadeiros propósitos (o domínio de vastas áreas do globo ricas em petróleo) que levaram americanos e ingleses a invadirem e ocuparem o Iraque para terem na mão o controlo de grande parte das reservas energéticas do planeta.

Não nos esqueçamos que, até hoje, não se forneceu a mínima prova de que o Iraque tenha alguma coisa a ver com o 11 de Setembro de Bin Ladem ou com o terrorismo internacional. E que se há hoje, no Iraque, acções terroristas misturadas com acções de guerrilha, quem contribuiu para isso foram os invasores ocupantes que destruíram toda a administração pública do Iraque e não foram ainda capazes de dotar aquele país de uma nova administração, como aliás lhes impõem as leis internacionais perante as quais os ocupantes estão em flagrante falta.

Depois de Bin Ladem ter entrado em Nova Iorque e ter cometido o acto terrorista bárbaro (cá estou eu a fazer uma proclamação «ritual») de destruir as Torres Gémeas matando milhares de inocentes – depois disso – Bush, Rumsfeld e companhia saíram em direcção ao Afeganistão para um safari de caça a Bin Ladem. E vários meses depois de terem "lavrado e semeado" o deserto afegão com largas toneladas de bombas, mísseis e armas várias, sem nunca encontrarem a caça grossa que "fanfarronicamente" se propuseram to hunt (perseguir e caçar), sem nunca terem conseguido esse objectivo, voltaram então para o Iraque e para Saddam inventando as célebres armas de destruição massiva (WMD) e as nunca provadas ligações do Iraque ao terrorismo internacional.

A América saiu para um safari em busca de um leão. E não tendo conseguido caçar o animal no inóspito deserto afegão. Resolveu invadir o jardim zoológico do Iraque onde matou um rato que tem debaixo da pata fazendo-se fotografar como grande caçador de feras e proprietário das maiores bombas de gasolina do mundo.

quinta-feira, dezembro 18, 2003

JABOR REINCIDE PARA NOSSO PURO GOZO

Arnaldo Jabor publicou há dois dias, no jornal O Globo do Rio de Janeiro, este artigo suculento, um retrato inteligente e cru da realidade social dos nossos dias embrulhado em finíssimo papel celofane da marca desencanto com humor sobre a sociedade globalizada.
SERÁ PRECISO SER ZAROLHO MENTAL?

No Público de hoje JPP escreve um artigo que condena todos os «muitos articulistas, bloguistas, comentaristas» que, no entender de JPP, escrevem sobre o Iraque «motivados pela agenda do antiamericanismo, ou antibushismo, do que pela vontade de que venha a existir um regime mais moderado, pluralista e democrático no Iraque».

Ferreteando assim esses desalmados, JPP acrescenta: «Percebe-se isso, com toda a clareza, quando, num texto ou numa frase, ditas as proclamações rituais contra o ditador sanguinário, se passa de imediato para tirar conclusões que ou contenham uma nova linha de ataque contra os EUA, ou uma nova versão menorizadora do que aconteceu ».

Ora bem, Salmoura, que se congratulou com a captura de Saddam e escreveu, aqui, a 14 de Dezembro, que não poderia haver melhor epílogo para toda a história que tem a ver com a invasão e ocupação do Iraque por americanos e ingleses do que o reencontro da criatura (Saddam) com o seu criador (Estados Unidos), pede encarecidamente licença a JPP para abrir «uma nova linha de ataque contra os EUA» lembrando a JPP que no "cadastro" de Saddam há uns crimezinhos cometidos no passado contra o Irão, crimezinhos esses que Saddam deverá confessar agora em tribunal lembrando ao mundo que só foram possíveis porque na guerra contra o Irão fora fortemente armado pelo seu amigo americano de então que inclusive lhe fornecera cumplicemente informações obtidas por satélite sobre as tropas do Irão e lhe facultara o know how necessário para o fabrico de armas químicas que o Iraque usou nessa guerra então justa e mais tarde contra os curdos.

Havendo memória das coisas, como é possível satisfazer o desejo de JPP ficando-nos todos apenas pela condenação de Saddam e a fazer salamaleques aos americanos?

Será que para abordar a questão da invasão e ocupação do Iraque por americanos e ingleses teremos que usar agora apenas metade dos nossos neurónios como quisera Pires de Lima ter feito JPP quando este emitiu umas opiniões que não agradaram ao CDS? Será preciso ou obrigatório ser-se zarolho mental nesta questão da ocupação do Iraque?

terça-feira, dezembro 16, 2003

É SÓ SAÚDE



Postou a TSF on-line:

A DECO denuncia, esta terça-feira, que os seguros de saúde têm «muitas exclusões, períodos de carência alargados e contratos com renovações anuais».

Fora do âmbito dos seguros estão geralmente as «despesas com doenças psiquiátricas ou epidémicas de declaração obrigatória (como a tuberculose e hepatite), acidentes ou doenças motivados por calamidades naturais (como inundações e sismos) ou guerra, hemodiálise, transplante de órgãos, sida e suas consequências, exames gerais (check-up) e hérnias», revela a DECO.

A duração dos seguros também não leva nota positiva. Como são anuais «a qualquer altura, e a partir do momento em que o cliente começa a dar muita despesa (por exemplo devido a doença prolongada), a seguradora pode pôr fim ao contrato», denúncia a associação.


TERLIN-TIN-TIM... TERLIN-TIN-TIM... TERLIN-TIN-TIM...

Ainda vai morrer gente!!!

domingo, dezembro 14, 2003

VICISSITUDES DA CRIAÇÃO



Sobre a captura de Saddam Hussein, disse um psicólogo entrevistado pela CNN: «Saddam teve muito tempo para se suicidar, mas não teve coragem para cometer esse acto». Salmoura acrescenta: nem perante si próprio Saddam conseguiu ser digno cometendo o único acto cuja prática ainda lhe era generosamente concedida por todos: o suicídio.

A coragem, quando existe, é uma característica de pessoas íntegras e bem formadas - não era o caso de Saddam, obviamente. Com a coragem costuma confundir-se o espírito aventureiro, a crueldade, o sadismo e o masoquismo - às vezes a pura inconsciência, até - mas a coragem nada tem a ver com isso. A coragem é a resistência ao medo; é o domínio do medo, e não a ignorância do medo. A coragem pressupõe identificação do medo, resistência e luta.

A rendição sem condições e sem perspectivas de luta é o contrário de coragem: é cobardia.

Tendo-se deixado dominar pelo instinto de sobrevivência, até ao limite de ter sido capturado (com cara de rato) como um rato numa toca imunda, Saddam Hussein deu ao mundo a verdadeira imagem dos ditadores: cruéis, fanfarrões, indignos e cobardes.

Saddam teve um fim mais que merecido, talvez até, o fim mais merecido: ser confrontado, no Iraque, perante um tribunal iraquiano, com todo o rol de crimes cometidos pelo regime por si incarnado ao longo de duas décadas, sendo entregue a esse tribunal pelos seus ex-queridos amigos americanos que o amaram e armaram no passado, a quem ele pode agora, de viva voz, acusar como cúmplices dos crimes por si praticados na guerra contra o Irão.

Esse poderá ser o epílogo mais coerente de toda esta história que culminou com a invasão do Iraque por americanos e ingleses: o reencontro da criatura com o criador a quem se escapara.

quarta-feira, dezembro 10, 2003

O ENIGMA DA BURKA PRETA



Adivinhe quem são os fotografados:

a) Bin Laden passeando Bush na cadeirinha
b) JPP passeando Marques Mendes em Bruxelas
c) Miguel Sousa Tavares de burka vigiando Siza Vieira
d) Correio expresso da Casa Pia
e) Ministro da Saúde a caminho de uma urgência pediátrica

Resposta a publicar brevemente.

terça-feira, dezembro 09, 2003

CAMÕES POETA E PALHAÇO

Quem terá tido a ideia peregrina de apresentar na inauguração, ontem, de uma biblioteca em Sintra, com a presença do primeiro-ministro, dois actores vestidos a preceito (um imitando Camões e outro imitando outro escritor que não identifiquei) ambos interagindo com os convidados através de caretas e palhaçadas várias?

Quem, raio, é que detém o pelouro da cultura na Câmara de Sintra?

Será alguém do Circo Cardinalli?

domingo, dezembro 07, 2003

O DEDO NA FERIDA

António Barreto põe hoje o dedo na ferida e acerta completamente no diagnóstico da penosa situação portuguesa no que a aspectos fundamentais da governação diz respeito.

Ele escreveu e vamos citá-lo:

«O défice e o endividamento têm outros resultados e outras causas: a demagogia e o facilitismo. Com o défice, consola-se a sofreguidão das corporações, administram-se privilégios, fazem-se favores, recrutam-se amigos. Com o défice, espera-se, em vão, afastar as greves, os conflitos e os protestos. Com o défice, transforma-se a irresponsabilidade em filosofia política e orientação estratégica. Com o défice, evita-se a dificuldade. Com o défice, substituem-se as reformas, isto é, não se fazem. Professores que não ensinam, funcionários destacados para nada fazer, médicos que não operam, advogados que faltam, juízes que adiam, funcionários que não atendem, técnicos que não resolvem, serviços que não servem, polícias que não vigiam, gestores que se governam, trabalhadores que metem baixas, empresas que não pagam impostos, empregados que chegam tarde, empresários que não investem, todos poderão ser contentados com o défice, todos poderão, com o défice, manter-se nas suas vidinhas irresponsáveis, improdutivas e parasitárias. Com o défice, poder-se-á gastar em festas e comemorações, em obra de fachada e subsídio, estádios de futebol e viagens. Mas não tenhamos dúvidas: apesar da volúpia fácil, com o défice, cava-se a sepultura.» Fim de citação. (os destaques no texto são da responsabilidade de Salmoura).

Agora é Salmoura que assume a responsabilidade de dizer que mesmo combatendo o défice, tudo o que está escrito no texto de A. Barreto acontece e tem tendência para continuar a acontecer.

E nisto reside a tragédia:

É na qualidade profissional; no tipo; nas origens profissionais; na dependência pessoal face a grupos económicos e políticos das pessoas que são escolhidas para os diversos cargos da administração da coisa pública - é nisso tudo que reside a tragédia. Assim sendo, não será com mais do mesmo que lá iremos.

É que um país pobre como Portugal não pode dar-se ao luxo de distribuir os dinheiros dos impostos (pagos pelos poucos portugueses que não podem fugir a esse pagamento) por beneficiários ilegítimos, parasitas sociais e outros previamente beneficiados pela fuga ao pagamento desses mesmos impostos.

Todo o artigo de António Barreto pode ser lido aqui

sábado, dezembro 06, 2003

MAIS DEPRESSA DO QUE SE PREVIA
(Já não se pode ignorar o caos na Saúde)

A realidade já está a ficar tão preta que começa a ser difícil ignorar por mais tempo o caos que ameaça instalar-se na prestação de cuidados de saúde à população portuguesa.

Aos poucos os média já vão pegando no tema, sobretudo desde há uma semana, pois, os estados maiores das televisões e dos jornais estão a ver que não podem ficar por mais tempo calados dando protecção ao Governo e aos grupos económicos que querem apossar-se dos hospitais e do próprio sistema de cuidados de saúde do país, e por isso já vamos assistindo a quebras da solidariedade absurda que esses meios de comunicação vinham mantendo para com o poder político vigente e o faminto e voraz poder económico instalado.

Assim, têm já aparecido algumas manchetes sobre rupturas em certas urgências hospitalares e o ministro da Saúde já teve necessidade de vir justificar-se perante as câmaras de televisão, com alguma demagogia pois não encontrou razões que defendessem, tanto a ele como a ministros anteriores, da culpa que têm no cartório sucessivos governos dos últimos 15 anos (mas sobretudo este Governo privatizador e desmantelador do Serviço Nacional de Saúde), por esses governos terem passado a encarar os hospitais inseridos no Serviço Nacional de Saúde como se encaram fábricas de salsichas ou de parafusos, isto é, segundo a filosofia do menor gasto com pessoal, com instalações e equipamentos, não importando se as ditas "fábricas" produzem salsichas de plástico ou parafusos de madeira, interessando apenas dizer que produzem o que devem produzir, pondo à frente dessas "fábricas" administradores impreparados para a sua gestão, boys preocupados apenas com estatísticas, números e dividendos (para os seus partidos e para os grupos económicos que os sustentam).

Abalançamo-nos a vaticinar: este Governo vai cair essencialmente por causa da Saúde. Por causa do caos que está a instalar no Serviço Nacional de Saúde.

Porque está à vista de todos que já não tem condições para resolver o problema. Desde logo porque se comprometeu a atingir objectivos impróprios no campo da Saúde, tem a máquina em movimento acelerado e já, mesmo que quisesse, não conseguiria fazê-la parar.

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

sexta-feira, dezembro 05, 2003

NEM SEQUER UM ossito DERAM AO SABUJO!
(Na Cimeira da Verdade)

Acaba de ser noticiado que numa reunião entre representantes de vários países e a administração provisória do Iraque, «Portugal não foi contemplado com garantias de negócios no Iraque». Entre os países contemplados com essas garantias (a certeza de que o que exportarem para o Iraque lhes será pago) encontram-se os Estados Unidos, o Japão, o Reino Unido e a Alemanha, entre outros.

Isto significa, tão somente o seguinte:

a) que a Alemanha, apesar de se ter oposto à invasão do Iraque, está já sentada à mesa do orçamento da "reconstrução" daquele país;

b) que Portugal, que apoiou caninamente a invasão, e nisso tomou uma posição contrária à da Alemanha e da França, foi, para já, excluído dos negócios relacionados com a "reconstrução" do Iraque.

Ao que parece os "benefícios" que Portugal vai colher de ter apoiado os Estados Unidos, desalinhando assim da posição maioritária dos seus parceiros europeus (Alemanha, França e outros mais), são, entre outros que hão-de vir, o desprezo americano e a indiferença alemã. Falta ainda saber o que a França nos dirá mais tarde quando precisarmos do seu apoio.
IGNORÂNCIA DOLOROSA (A MINHA)

Há alturas em que a minha ignorância de certos conhecimentos me causa um estado doloroso. Acontece agora o caso de, por desconhecer quase em absoluto o que é a arquitectura, não poder, por isso mesmo, explicar a certos senhores que esse cu parece nada ter a ver com as calças da ideologia.

Pergunto-me perplexo e confuso se acaso as tais belíssimas torres que vi e cuja beleza apreciei em Hong Kong representariam algo de comunismo, fascismo, maoísmo, marxismo, budismo, ou outra ideologia qualquer que o meu desconhecimento das coisas me impediu de saber ver que lá estavam nesta ou naquela torre (ou mais naquela que naqueloutra) para as ter podido apreciar com maior profundidade e sageza.

E como não sei qual a resposta, fico à espera que os entendidos me venham explicar como é que posso conseguir ver o comunismo de Siza Vieira nos seus projectos arquitectónicos e nas obras deles saídas.

terça-feira, dezembro 02, 2003

CHAPEAU A PEDRO OLIVEIRA, DO BARNABÉ

Com a sua proposta de retirar a palavra anti-colonialismo da Constituição Portuguesa, dizendo provocatoriamente que «os angolanos, os moçambicanos e os timorenses nunca sentiram o racismo que houve noutros impérios», Paulo Portas pretende colocar na agenda da esquerda um assunto que já fez o seu caminho e está esclarecido em dezenas de livros e em milhares de documentos, e não é susceptível de qualquer processo de reescrita que possa ser aceite quer pelos portugueses (que têm a posse da maioria desses documentos), quer pelos africanos das ex-colónias que, ou tomaram conhecimento da história através daquilo a que alguns chamam a oratura popular (a cultura transmitida oralmente através de lendas, histórias e lembranças de acontecimentos) ou além disso viveram ainda parte da opressão colonial. Opressão que existiu, sim senhor.

Salmoura já referiu algures que em plenos anos sessenta, em Cabo Verde, por exemplo, era proibido, em espaços públicos, formar grupos de mais de duas pessoas. Mal se aproximasse uma terceira pessoa, logo vinha a polícia que dava ordem de «dispersar, dispersar»; e muitas vezes, mesmo havendo apenas duas pessoas a falar em local público, a polícia, não mandando dispersar, ordenava «toca a andar, toca andar». Não sabemos porquê mas a ordem era sempre repetida; ouvimo-la vezes sem conta, em S. Vicente, quando andávamos no liceu.

Manda a verdade que se diga também que essas ordens de «dispersar» e de «toca a andar» eram dadas sobretudo a estudantes dos últimos anos do liceu e a adultos que pelo conhecimento que deles tinham as polícias (isso era fácil num meio tão pequeno) poderiam trocar informações consideradas subversivas ou criar laços de união através da comunhão de ideias e de aspirações.

É mais que sabido - é ponto assente - que houve Império Português. E que, nas colónias portuguesas (incluindo Cabo Verde onde tudo foi sempre mitigado - há que dizer a verdade), houve colonialismo; houve escravatura; houve discriminação racial; houve tudo o que essas realidades implicavam e implicaram: opressão, assassinatos, deportações, prisões arbitrárias - o sem-fim de processos e de práticas historicamente associados aos impérios e ao colonialismo. Houve tudo isso.

Mas, felizmente, com o reconhecimento dos erros, a acção do tempo e a adopção de novas regras de convivência entre os povos, a normalidade tem-se instalado e não é um qualquer Paulo Portas da Moderna que tem categoria e peso político e intelectual bastantes para trazer este assunto à mesa da discussão. Ele quer é uma espécie de Magiolo Gouveia II para entreter o pagode.

Por isso concordo plenamente com a posta de Pedro Oliveira, Armadilha para tolos, pois é precisamente disso que se trata: uma armadilha para desviar as atenções de tudo que de mau está a fazer este Governo e dos enormes problemas que ele criou: recessão, penúria nacional, caos nos Serviços de Saúde, etc.; e outros nos quais se meteu: o Iraque, para não irmos mais longe.

Também faço votos para que a oposição não dê troco a esse "mãozinhas" e olhe apenas para a realidade quotidiana deste povo enganado com vários "Carnavais" e míticas "cenouras" que o têm conduzido rumo ao abismo económico e social.

segunda-feira, dezembro 01, 2003

AS TORRES DO SIZA

Estamos a ver que acontece com a arquitectura o mesmo que acontece relativamente à medicina: embora nada percebendo do assunto, mesmo assim lá vamos tendo as nossas opiniões médicas e arquitectónicas não nos coibindo sequer de condenar o trabalho dos profissionais dessas áreas.

Miguel Sousa Tavares escreveu, há dias, no Público, contra as famosas Torres do Siza (projectadas ou a projectar) para a zona de Alcântara, as quais, por sua vez merecem, justa e sensatamente, o benefício da dúvida por parte dos especialistas de Epiderme, na posta intitulada "As Torres".

Pois bem, agora chegou a vez de sermos nós a dar opinião, não propriamente sobre as Torres do Siza, mas, sobre "construção em altura". Ela aqui vai:

Hong Kong, situada na Ilha Vitória, é uma cidade upa-upa, constituída por inúmeras torres altíssimas "colocadas" quer na zona litoral baixa, quer nas encostas escarpadas que sobem até ao famoso pick dotado de teleférico.

Hong Kong

Foto by Salmoura


Hong Kong é das cidades mais lindas do mundo (esta opinião é generalizada). E é também a opinião que os pobres sentidos de Salmoura lhe transmitiram de todas as mais de cinco dezenas de vez que visitou HK por puro prazer de lá estar, andar, ouvir, sentir a presença das multidões e olhar para ver a beleza física da cidade (as torres, pois, as belíssimas torres).

Hong Kong

Foto by Salmoura


Caímos aqui, uma vez mais, na mais lapaliciana das verdades: as coisas não são boas ou más em si mesmas; isso depende do uso que fizermos delas.

Qual o "uso" que Siza pretende fazer das suas Torres em Alcântara? Já se sabe? Não é melhor esperar pelo projecto e que os especialistas se pronunciem primeiro?

O NOME DELA É TATIANA

O Pedro Mexia escusava de publicar, no Dicionário, a fotografia da Tatiana sem a identificar. Não fosse aqui o Salmoura, e os leitores de Mexia iriam ficar dez dias sem saberem como se chama a menina.
CONTE COMIGO, CONTE COMIGO

Tomei em devida conta esta proposta veiculada pelo Barnabé. Confesso que nesta altura (depois de beber meia garrafa de uma zurrapa qualquer que me ofereceram ontem) não estou em condições de fazer o balancete da minha empresa unipessoal para saber se gozo de alguma folga orçamental que me permita candidatar a accionista do putativo tablóide.

Talvez amanhã conversemos melhor sobre o assunto.

Mas quer-me parecer que o Pedro Oliveira não deveria estar em melhor estado que estou agora quando deu à estampa dita posta.

Terá sonhado com algum telefonema do mulah Omar? Ou será que Belmiro, em oposição aos Mello, resolveu inscrever-se na Al-Qaeda?