quinta-feira, dezembro 18, 2003

SERÁ PRECISO SER ZAROLHO MENTAL?

No Público de hoje JPP escreve um artigo que condena todos os «muitos articulistas, bloguistas, comentaristas» que, no entender de JPP, escrevem sobre o Iraque «motivados pela agenda do antiamericanismo, ou antibushismo, do que pela vontade de que venha a existir um regime mais moderado, pluralista e democrático no Iraque».

Ferreteando assim esses desalmados, JPP acrescenta: «Percebe-se isso, com toda a clareza, quando, num texto ou numa frase, ditas as proclamações rituais contra o ditador sanguinário, se passa de imediato para tirar conclusões que ou contenham uma nova linha de ataque contra os EUA, ou uma nova versão menorizadora do que aconteceu ».

Ora bem, Salmoura, que se congratulou com a captura de Saddam e escreveu, aqui, a 14 de Dezembro, que não poderia haver melhor epílogo para toda a história que tem a ver com a invasão e ocupação do Iraque por americanos e ingleses do que o reencontro da criatura (Saddam) com o seu criador (Estados Unidos), pede encarecidamente licença a JPP para abrir «uma nova linha de ataque contra os EUA» lembrando a JPP que no "cadastro" de Saddam há uns crimezinhos cometidos no passado contra o Irão, crimezinhos esses que Saddam deverá confessar agora em tribunal lembrando ao mundo que só foram possíveis porque na guerra contra o Irão fora fortemente armado pelo seu amigo americano de então que inclusive lhe fornecera cumplicemente informações obtidas por satélite sobre as tropas do Irão e lhe facultara o know how necessário para o fabrico de armas químicas que o Iraque usou nessa guerra então justa e mais tarde contra os curdos.

Havendo memória das coisas, como é possível satisfazer o desejo de JPP ficando-nos todos apenas pela condenação de Saddam e a fazer salamaleques aos americanos?

Será que para abordar a questão da invasão e ocupação do Iraque por americanos e ingleses teremos que usar agora apenas metade dos nossos neurónios como quisera Pires de Lima ter feito JPP quando este emitiu umas opiniões que não agradaram ao CDS? Será preciso ou obrigatório ser-se zarolho mental nesta questão da ocupação do Iraque?