A DIREITA CADA VEZ MAIS SÓ
Frei Bento Domingues, tal como o bispo do Porto, está a tornar-se um perigoso esquerdista e um abominável anti-americano. O bispo veio a terreiro, há dias, defender a descriminalização do aborto; frei Bento vem hoje, nas páginas do Público, desassossegar as almas católicas ao passar um verdadeiro atestado de insensibilidade, leviandade e fatalismo aos senhores que nos governam e aos políticos e opinion makers da direita que suportam o status quo infecto e pantanoso em que o país vive.
Sobre Portugal frei Bento diz isto:
«Se, como se diz, o país está deprimido, talvez tenha algumas razões para isso. Levaram-no à convicção de que não pode fazer nada para alterar o seu presente nem vale a pena configurar o futuro a partir da resposta às dificuldades dos mais carenciados. Como um destino, depende apenas da conjuntura internacional e do estado do crescimento económico europeu. É como se ao Governo e à maioria parlamentar lhes bastasse existir e aparecer nas televisões ao lado da política de G.W. Bush e a cumprir ordens de Bruxelas para exibir uma respeitabilidade que, ao fim e ao cabo, se revelou muito pouco gloriosa».
Sobre o Iraque… aí frei Bento não resistiu e escreveu à la Salmoura:
«Esta guerra encobre várias outras. Saddam deve ter agora - passadas quase duas décadas - muito que conversar com Donald Rumsfeld. Nos anos 80 do século passado, este enviado do Presidente Ronald Reagan selou com o sanguinário ditador um acordo de cooperação militar para impedir uma derrota de Bagdad na guerra contra o Irão. Os norte-americanos gastaram milhões de dólares em crédito, equipamentos militares, armas químicas e biológicas, informação permanente sobre as movimentações das tropas iranianas».
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