quarta-feira, fevereiro 18, 2004

BOM CARNAVAL PARA TODOS
(Sem segundas intenções)

Salmoura vai levantar voo para ir brincar o Carnaval.
Depois do dia 1 de Março aqui estaremos para continuar a postar.
Passem bem.

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

ROSAS DA CHINA



te ofereço
um quarto crescente
do meu coração

pois que de lua cheia ou de mil e uma noites
serei princesa de príncipe que me mereça


(Ana Mafalda Leite)

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

LADY IN RED



«era a senhor de vermelho
se se lhe tocava
a túnica estalava.
Ai!

Era a senhor… qual roseira
Sa face resplandecia
Sa boca florecia.
Ai!»


(Carmina Burana)

domingo, fevereiro 08, 2004

A EXPLICAÇÃO

Esta manhã apeteceu-me ler poesia e, embalado na leitura, transpus para o blogue os versos aqui em baixo.

Dei agora uma olhadela ao Abrupto e constatei a veia poética que por lá passa desde há alguns dias a esta parte.

Algo anda no ar para fazer com que Pacheco esteja a esquecer os seus leitores habitualmente apaparicados com a publicação de uma ou outra carta no Abrupto, e que Salmoura não se lembre de zurzir a política de Saúde deste governo (a partir de agora é com minúsculas).

Talvez tudo isso tenha a ver com a pestilência que emana dos canais de Veneza e que Pacheco aspirou poeticamente uma destas últimas madrugadas; e no caso de Salmoura, do nevoeiro que hoje teimosamente pousa sobre Lisboa.

Dois casos a serem estudados no âmbito da Biometeorologia.
POESIA PELA MANHÃ

inebriante fragância
vinho raro favo de mel
acorda amor
acorda rosas

escarlates rosas
ai!

(Ana Mafalda Leite)

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

A COLUNA VERTEBRAL E AS ADENDAS

Esta é uma máxima que vale para todos: "a verticalidade da coluna vertebral de um homem é inversamente proporcional ao número de adendas que apresenta nos seus relatórios".

Veio-me esta asserção à memória quando li hoje, no jornal desportivo "Record On-line", que o delegado da Liga de Clubes, Sr. Paulino Carvalho, já fez – imagine-se – «uma adenda à adenda» ao relatório do jogo entre o Sporting e o Porto, relatório este onde, ao que se diz, esse delegado terá escrito, a princípio, que vira Mourinho rasgar a camisola de um jogador do Sporting.

Tanto a "adenda" como a "adenda à adenda", ao que consta, terão por função dizer que não viu o que disse ter visto a princípio. Tem por função desmentir-se (a si próprio, passe o pleonasmo).

Isto faz-me lembrar a razão que me levou a abandonar a minha militância no PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) nos idos de 1976: eu apresentara nessa altura um relatório que seria discutido na mais alta instância do Partido em Cabo Verde, a Comissão Nacional de Cabo Verde (altura em que havia outro órgão idêntico na Guiné pois o Partido era único para os dois países), relatório no qual um alto dirigente partidário saía muito maltratado.

Depois de apresentado o relatório fui chamado por outro alto dirigente que me propôs que eu fizesse uma adenda ao relatório apresentado retractando-me do que lá dizia sobre esse dirigente: eu «deveria dizer que errara na apreciação do trabalho político bem como na apreciação do comportamento profissional e social do camarada Fulano de Tal».

Mal acabei de ouvir as últimas palavras desse alto dirigente, levantei-me de onde estava sentado no gabinete dele, anuncie-lhe a minha desvinculação do PAIGC, saí porta fora e fui tratar da minha passagem aérea para Lisboa.

Foi uma das melhores decisões que até hoje tomei na minha vida.

A minha coluna vertebral tem sido radiografada regularmente depois desse episódio e posso garantir que está direita e em perfeitas condições.

Toda esta vergonha das adendas está relatada aqui. Se o Sporting provar que, de facto, Mourinho rasgou a camisola de Rui Jorge, ter-se-á revelado mais um molusco no mundo do futebol.

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

NADA DE MEDOS! É A GEOGRAFIA QUE NOS SAFA

Por e-mail e por recados trazidos por amigos e conhecidos que passam por Lisboa a caminho de umas férias em Cabo Verde, Salmoura tem sido alertado para o facto de alguns dos seus leitores "americanos" estarem apreensivos com os «ataques» de Salmoura à América, pois, essa posição «contra a América» acabará – pensam esses "americanos" – por prejudicar Cabo Verde visto que Salmoura nasceu naquele torrão africano e «toda a gente sabe disso» (Administração Bush incluída, claro).

Oh meus caros amigos "americanos", mas que exagero! Salmoura não é nada contra a América. Era só o que faltava. Aliás, Salmoura não é contra nada nem ninguém.

Sportinguista desde sempre, nem contra o Benfica ou o Porto Salmoura é. Vejam lá!

Salmoura até jogou a guarda-redes (e era melhor que o Moreira do Benfica, por exemplo) na filial do F.C. do Porto, o Club Sportivo Derby, de S. Vicente, o qual tinha o mesmo equipamento que o clube pai e nem por isso Salmoura teve qualquer dificuldade em amar o Derby – mas não havia Sporting em S. Vicente –.

No Fogo, estando o Sporting do Fogo extinto ao tempo, Salmoura foi, aos 16 anos, co-fundador do clube de futebol Académica do Fogo (que nunca deixou de existir e ainda hoje está bem vivo e pujante). Isto prova cabalmente a flexibilidade espiritual de Salmoura e a sua aversão em ser «contra» apenas por feitio.

Claro que Salmoura sabe que de cada vez que alguém escreve, aqui na internet, «Bush», «América», «Bin Laden», «Al-Qaeda», «Saddam» – de cada vez que Salmoura escreve uma destas palavras – há umas boas dezenas de computadores nos Estados Unidos que armazenam logo tudo o que se escreve para mais tarde poderem analisar o perfil do autor caso este venha a ser um dia considerado terrorista ou coisa parecida. O cadastro de Salmoura na América é já longo (basta dizer que todos os textos deste blogue são armazenados no "new.blogger.com" que está sedeado na América); mas Salmoura está apenas cadastrado como opinante divergente da administração Bush. É um direito que lhe assiste. E quando os Democratas voltarem ao poder Salmoura espera poder ter uma segunda parte do cadastro, este bem mais simpático que o actual.

Os cabo-verdianos escusam de ter medo. Bush, ignorante como é em Geografia, nem sabe procurar Cabo Verde no mapa.

Se à data do 11 de Setembro ele nem sequer sabia onde ficava o Afeganistão, que é do tamanho da América, como poderá o homenzinho saber onde fica Cabo Verde? Mesmo que lho mostrassem no mapa, ele não ia acreditar...

Portanto, não tenham medo!
A CAMINHO DO GRAU ZERO NA SAÚDE

Enquanto estiver como está na Lei, a alteração do receituário médico é crime.

Não podem, portanto, os farmacêuticos (ou qualquer outra entidade ou pessoa), alterar a prescrição médica sem incorrerem no crime previsto na Lei.

Se o Governo acha que qualquer entidade ou pessoa pode alterar uma receita, então deve apresentar uma Proposta de Lei nesse sentido ao Parlamento, ou então fazer com que essa iniciativa legislativa parta de algum dos partidos da maioria parlamentar.

E a ser aprovada uma nova Lei que dê cobertura ao que agora é crime, então será bom que essa nova Lei defina claramente a quem competirá depois assumir a responsabilidade pelos resultados da terapêutica prescrita aos doentes cujos venham a ter o receituário alterado.

Não será, concerteza, ao médico que competirá essa responsabilidade.

Esta é mais uma ameaça para os doentes, a somar a todas as machadadas já aplicadas (e outras em vias de serem aplicadas) ao moribundo Serviço Nacional de Saúde.

terça-feira, fevereiro 03, 2004

PARECE QUE SIM

O Daniel Oliveira escreve com muita piada no Barnabé:

«A direita desapareceu da blogosfera. O "Lomba" está há semanas encalhado em clichés. O "Mexia" ainda não digeriu o luto. O magazine cultural "Abrupto", dirigido por um professor de Liceu bem comportado, está agora entre São Bernardo e Camus. Assim não vale. Isto agora é tudo nosso?»

Segui o link para o "Abrupto" e lá encontrei esta citação de Camus:

«Observe os seus vizinhos, se calha de haver um falecimento no prédio. Dormiam na sua vida monótona e eis que, por exemplo, morre o porteiro. Despertam imediatamente, atarefam-se, enchem-se de compaixão. Um morto no prelo, e o espectáculo começa, finalmente. Têm necessidade de tragédia, que é que o senhor quer?, é a sua pequena transcendência, é o seu aperitivo.»

Reconheci logo tratar-se de "A Queda" de Albert Camus. Esta narrativa do escritor franco-argelino é um daqueles livros onde facilmente se pode encontrar uma citação adequada a cada momento do quotidiano burguês.

Peguei no livro e – acreditem-me – em menos de um instante, abrindo-o ao acaso, encontrei esta outra citação:

«Mas, enfim, estava do bom lado, isso bastava para a paz da minha consciência. O sentimento do direito, a satisfação de ter razão, a alegria de nos estimarmos a nós próprios, são, caro senhor, molas poderosas para nos suster de pé ou nos fazer avançar.»

Voltando a abri-lo, outra vez ao acaso, deparou-se-me ainda esta:

«Por vezes até, esquecendo-me de que já não acreditava no que dizia, advogava bem. A minha própria voz arrastava-me e eu seguia-a; sem verdadeiramente pairar, como antigamente, eu elevava-me um pouco acima do chão, em voo rasante.»

O requinte desta narrativa talvez se consubstancie nesta curta frase chamada à contracapa da edição que tenho em mãos:

«Quando não se tem carácter, é preciso recorrer a um método».

Parece que sim.
MUITO DESAPONTADO

Salmoura já tinha verificado, há já alguns meses, que as pesquisas no Google eram responsáveis por uma boa fatia das visitas e dos pageviews registados pelo contador aqui instalado. Ora bem, actualmente essa percentagem subiu para perto dos 60%.

É que o Google registou Salmoura como fonte de imagens e então, por exemplo, logo que alguém procure um quadro de um pintor a que Salmoura se tenha um dia referido – lá mostra o Google o endereço de Salmoura convidando o pesquisador a dar uma olhadela ao blogue; e basta um visionamento instantâneo que seja do blogue para que o contador dê um saltinho e fique mais gordinho.

Embora, felizmente, o contador aqui instalado não registe as visitas que Salmoura faz a si próprio (coisa que acontece com muitos outros contadores), a verdade é que essa de o Google interferir tão grandemente no processo de contagem deixa um certo desapontamento a Salmoura, pois, o que interessa por cá é quem lê e não quem vê este blogue.

Por isso, se algum blogueiro tiver conhecimento de algum contador gratuito (que use filtros, por exemplo) muito agradece Salmoura que isso lhe seja comunicado para ver se resolve de uma vez por todas essa desagradável interferência do Google.