domingo, outubro 12, 2003

NÃO HÁ DINHEIRO

Parecem-me justos os montantes das propinas fixados pelas Faculdades de Direito e de Medicina de Lisboa.

Que quem tem que as pagar, as possa de facto pagar, já é outra história.

Sei que há (conheço) casos de agregados familiares cujo rendimento obriga ao pagamento integral das propinas dos seus filhos, mas que, na realidade não têm liquidez para o fazer. É uma realidade que temo se multiplique mais do que se possa pensar.

O crédito barato, a publicidade sedutora, a forma leviana de encarar as dificuldades da vida nos dias de hoje, os cantos de sereia das técnicas de marketing – tudo isso junto e mais alguma coisa – "sequestraram" os ordenados e os salários de uma enormíssima fatia das famílias portuguesas que hoje, com a corda na garganta, têm dificuldades tremendas em satisfazer, muitas vezes, despesas consideradas básicas para o funcionamento de uma família, quanto mais o pagamento de propinas.

É por isso que eu acho que a contestação às propinas vai ser um caso sério para o Governo resolver pois, não se trata, ao contrário do que já vi muito boa gente defender, de miúdos ricos que vão à universidade de popó e que por birra ou leviandade não querem pagar a bagatela das propinas.

Muitos dos popós, senão a sua quase totalidade, foram adquiridos a crédito e estão a ser pagos com as mesmas dificuldades do pagamento de tudo o resto.

O problema hoje é escolher entre o que se pode e se quer pagar e o que não se pode pagar porque não se consegue pagar tudo.

Entre o popó e as propinas, a escolha é óbvia.