sábado, novembro 29, 2003

POR FAVOR SENHORES JORNALISTAS

Salmoura tem vindo a alertar a blogosfera para os malefícios evidentes da privatização da Saúde em Portugal. E tem dito que quem se vai tramar com isso tudo são os pobres (os jornalistas pobres, os professores pobres, os médicos pobres, os políticos pobres e os pobres pobres).

Salmoura tem pedido insistentemente aos jornalistas que não se acobardem e investiguem e divulguem as negociatas que vão havendo à volta da Saúde e do Serviço Nacional de Saúde, em Portugal.

O silêncio sobre esse assunto tem sido quase total, destacando-se apenas o Senhor Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, como a única entidade preocupada com as sombrias perspectivas futuras a resultar das privatizações em curso e, sobretudo, das privatizações previstas para médio/longo prazo.

Contudo, desde há duas semanas, já começaram, algo surpreendentemente, a aparecer nos média, tenuemente, pequenas notícias sobre o problema da privatização da Saúde em Portugal. O mérito disso não é, seguramente, das denúncias de Salmoura - sabemos isso - o mérito parece vir, surpreendentemente, do campo de certos grupos privados que já estão a sentir-se afastados da "panela da Saúde" e agora armam-se em patriotas defensores do interesse público, contra eventuais "panelinhas" arranjadas à pressa por certos grupos privados representados no Governo.

Assim, o semanário Expresso diz hoje:

«O Grupo Espírito Santo e a Caixa Geral de Depósitos (CGD) estão furiosos com o Governo por considerarem que o concurso para o hospital público universitário em Sintra é "feito à medida" do consórcio Mello-Católica». Por isso «Pretendem alertar o primeiro-ministro, Durão Barroso, e a ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, para o facto de "não estarem a ser garantidos os interesses do Estado" quando se faz um concurso a que provavelmente concorrerá apenas um único candidato».

Quem lê isso fica a pensar: afinal os governantes não estão no Governo para acautelarem os interesses do Estado. Os governantes estão no Governo é para acautelarem os interesses dos privados. De certos privados.

E o que acontece é que talvez os governantes estejam mesmo a acautelar apenas os interesses do certos privados, neste caso os interesses do Grupo Mello (grupo que, segundo dizem as más línguas, conta com os favores do actual ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira; grupo que, segundo também dizem as más línguas , contava com os favores do ex-ministro da Saúde do PS, Correia de Campos).

E será por isso que outros privados (Banco Espírito Santo e CGD) estão agora a gritar por socorro?

Salmoura já o disse e vai repetir: se os portugueses não acordarem já e não se opuserem firmemente a esta política de privatização da Saúde, é o direito à saúde que estará em causa daqui a algum tempo. Porque, a vingar a actual política, de futuro só quem tiver dinheiro terá bons cuidados de saúde e quem não tiver dinheiro, se tiver que morrer (porque não terá boa assitência médica) morrerá.

Salmoura volta a pedir: senhores jornalistas, investiguem o assunto e tragam-nos notícias. Vençam os vossos fantasmas e receios; sejam corajosos os que ainda não revelaram sê-lo. Vejam que agora até têm aliados de peso (grupos privados que se sentem lesados). Aproveitem a maré que a gente agradece.