sábado, novembro 22, 2003

CUIDADO, O ESPÍRITO DO NATAL ANDA À SOLTA

Quem gosta de electrónica e de informática, e sabe mexer em hardware de computador, vai-me entender.

Comprei a revista Exame Informática numa altura que tenho avariado um dos três computadores cá de casa (há ainda um velho portátil dormindo o sono das sucatas). Da leitura da revista sucedeu-me o seguinte:

1) Apeteceu-me construir um "Mini PC" multimédia montado numa "Barebone". Fiz as contas do material que me falta para isso pois pensei em utilizar algum do material já existente neste PC que ora uso (empregando o restante material na recuperação do computador avariado). Custo: € 1.300 (mil e trezentos euros);

2) Sendo fotógrafo amador, achei que já não era sem tempo substituir a minha impressora HP de qualidade fotográfica (boa) por uma impressora moderna da mesma marca. Custo: € 429 (quatrocentos e vinte e nove euros);

3) Achei engraçado um sintonizador externo de TV que ligado a qualquer monitor VGA (dispensando a existência de um PC) permite ver todos os canais de televisão a que tenho acesso por cabo. Uma óptima solução para ver televisão no monitor obsoleto que tenho arrumado na arrecadação. Custo: € 129 (cento e vinte e nove euros);

4) Apesar de ter dois backups em DVD dos dados deste computador que ora uso, achei que talvez fosse mais prático comprar para o mesmo efeito um disco rígido externo de 250 GB, da Iomega, por € 429 (quatrocentos e vinte e nove euros);

5) Sem ter a ver com a leitura de revistas, já fui sensibilizado para a compra de um aspirador «fantástico», com um poder tal que é capaz até de aspirar não só os tapetes cá de casa mas também os dos vizinhos dos andares de baixo, inclusive os móveis e os próprios vizinhos, quiçá até a crusta terrestre. Custo: € 1.830 (por pouco também este preço acabava em 29).

Não contando com as habituais prendas para os familiares e amigos; com o abastecimento do bar; da garrafeira (disso já se encarregou a Enoteca Unibanco que me enche a casa de garrafas de bom vinho e boas aguardentes, diga-se a verdade); e não contando com as despesas da festa do fim-de-ano,

o orçamento destas pequenas manigâncias já vai em € 4.117 (Quatro mil cento e dezassete euros).

Depois de pensar um bom bocado cheguei à conclusão que a minha vida continuaria a ter a mesmíssima qualidade que tem hoje caso eu decidisse gastar esse dinheiro todo na compra das superfluidades acima descritas.

É que não preciso de nenhuma delas.

Basta-me comprar um processador Pentium II da Intel (por menos de € 100) para resolver o único verdadeiro problema que me surgiu por aqui. Ponho o computador avariado a funcionar e continuo a ter a casa de perfeita saúde e bem agradável de ser habitada.

Ela há cada tentação que se a gente não tem cuidado ainda terá que roubar para comprar comida.

P.S. No ano passado o meu banco mandou-me um cheque à ordem no valor de € 12.250 (dois mil e quinhentos contos antigos) para eu gastar como bem entendesse pelo Natal.

Depois teria que pagar o empréstimo. Com juros, claro!