FINALMENTE JPP ACORDOU
O longo sono iraquiano, de cerca de pelo menos três meses, que Pacheco Pereira vinha dormindo, parece que acabou. JPP acordou hoje e postou sobre a presença do invasor americano no Iraque.
Nada mau. Antes tarde do que nunca.
Mas postou com desalento e uma certa dose de amargura.
Ainda não deu verdadeiramente a mão à palmatória sobre a razão suprema por ele invocada para defender a invasão do Iraque: as tais famosíssimas armas de destruição massiva de Saddam. Mas dizer, como ele disse hoje no Abrupto, que «o descrédito que caiu sobre as administrações americana e inglesa por causa das armas de destruição massiva (e por contágio, sobre todos os que, como eu, lhe atribuíram um papel fundamental na legitimação da intervenção)» - dizer isto - já é um passo na direcção da palmatória. Embora antes de o dizer tenha dito isto: «Não se vêem os resultados esperados». Eu traduzo. O que ele queria dizer é: "nunca mais se descobre o raio das armas, caramba! E com isso lá vou caindo em descrédito, na companhia e por culpa das administrações americana e inglesa".
Todos estávamos a ver que JPP tinha sido enganado (é mais um não-assumido, pelo menos por ora) e foi isso que determinou que tivesse ficado entupido esse tempo todo no que ao Iraque diz respeito.
Implícito na análise que Pacheco Pereira agora fez sobre a situação no Iraque está o vaticínio de que o pior é o que vai acontecer a curto-médio prazo: o futuro abandono do Iraque por parte dos amigos americanos (mandando às urtigas todas as doutrinas e todas as teorias que elevavam a "sua" democracia à condição de coisa divina) para quem agora o que é mais importante é preparar a reeleição de Bush do que continuar em coboiadas tentando endireitar o mundo à bomba.
Isto é de derrear o mais intrépido defensor das teorias de um senhor desaparecido em combate, de seu nome Donald Rumsfeld. Lembram-se deste senhor? Parece que existiu há milhares de anos como os dinossauros. Não se sabe onde está metido agora.
E Pacheco Pereira está derreado. E dá sinais de estar a ficar um pouco religioso. Começa a acreditar, a crer, a ter fé. Por isso disse (quando digo que disse quero dizer que escreveu) «Há caminhos políticos, militares e diplomáticos que, com firmeza, podem inverter a situação e corrigir os erros». Só ele vê esses caminhos. Através da sua fé.
Diz quem assistiu, que Mário Soares e Freitas do Amaral, depois de lerem hoje o Abrupto, deram gargalhadas monumentais que chegaram à Marmeleira sob a forma de forte vendaval provocando frequentes interrupções de electricidade na aldeia de Pacheco.