A DERIVA IDEOLÓGICA DE OSCAR NIEMEYER
Salmoura tem a maior admiração por LAC (Lourenço Ataíde Cordeiro), do blogue ”O Projecto”. Este pormenor não está em causa. Mas Salmoura não pode deixar em claro o facto de LAC, a respeito da evocação singelíssima que Salmoura fez do arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer, na posta aqui em baixo, intitulada “Haja Arquitectura”, ter reagido achando que Salmoura enalteceu um arquitecto «ideologicamente à deriva».
Se alguma coerência há a referir relativamente à vida de Oscar Niemeyar – e há muita coerência na vida que ele tem levado ao longo dos seus já 97 anos – a de ser um homem profundamente preocupado com o presente e com o “destino” dos mais desfavorecidos, a somar à sua vida (vivida coerentemente e nada à deriva) despida de quaisquer luxos ou prebendas (luxos e prebendas que recusa mas merece e pode financeiramente propiciar-se), há a assinalar a coerência de um predestinado que renunciou e renuncia à ribalta (que indiscutivelmente merece) para se associar aos que mais sofrem e àqueles que só contam para as estatísticas da miséria à escala global.
Um dos enormes problemas que se encontra hoje quando se pretende relacionar as pessoas com uma ideologia é o de “escolher” a ideologia que se “atribui” a alguém determinado. É que, infelizmente, para além da ideologia comunista, não se conhece qualquer outro “conjunto” de ideias organizadas, suficientemente concatenadas, que se possa nomear como ideologia. Daí que, quando se fala de «ideologia», se pretenda sempre dizer «comunista». Como se ser comunista fosse uma doença infecto-contagiosa. Mas, ser comunista significa, ao menos, ter referências seguras, ter bússola e conhecer o Norte. Mesmo que esse Norte seja inóspito para outros.
Salmoura declara aqui, urbi et orbi, neste dia 25 de Abril, que não se considera comunista (não preenche todos os requisitos para o ser) mas está muito longe da direita (sem eira ideológica nem beira ética) que nos governa e nos quer transformar em autênticos autómatos e palerminhas que se deliciam e se realizam neste pântano consumista e escravizante que montaram à moda de uma ditadura moderna: a ditadura do consumismo.
Longe de defender a ortodoxia comunista, defendemos, intransigentemente, o direito pleno à cidadania democrática – o lugar onde Oscar Niemeyer, afinal ,sempre quis estar e sempre esteve.
Salmoura sabe que LAC não quis ofender ninguém quando falou em deriva ideológica. O que Salmoura está a fazer é a aproveitar esta oportunidade que LAC lhe dá para esclarecer os seu leitores (que felizmente já atingiram um número apreciável) sobre quem vive do lado de cá deste blogue despretensioso que mais não pretende senão viver em democracia veiculando os seus pontos de vista, sempre contestáveis, mas, também, sempre defendidos com a maior garra e determinação.
Se há ou não discernimento na defesa das posições de Salmoura, isso compete aos seus leitores e, claro está, também a LAC, ajuizar.
É que pode, muito bem, estar deste lado um blogueiro «ideologicamente à deriva».