quinta-feira, abril 08, 2004

AINDA AS DUAS MORTES EM LAGOS

Sobre as duas mortes havidas há poucos dias no Hospital de Lagos, Salmoura escreveu na altura o seguinte:

«Sejamos pacientes. Aguardemos os inquéritos e as suas conclusões. E rezemos muito para que estes episódios nada tenham ver com as previsões pessimistas que Salmoura tem vindo a fazer no que ao futuro dos cuidados de Saúde diz (ou dizia?) respeito, devido à política de Saúde deste Governo.»

Pois hoje a Ordem dos Médicos, no decurso de um inquérito dirigido pelo presidente do Colégio de Anestesiologia da Ordem dos Médicos, vem declarar que foi apurado já que não houve má prática por parte da médica anestesista. Tudo aponta para que foi o anestésico usado, Propofol, de que se adquiriu um genérico (mais barato conforme é hoje de boa prática para não se gastar dinheiro), o causador das mortes.

Aguardemos serenamente pelo final dos inquéritos e dos processos disciplinares para ficarmos a saber de quem afinal é a responsabilidade da tragédia.

O Governo que não se ponha já de fora pois poderá muito bem ser ele o responsável indirecto e involuntário de ditas mortes ao promover, através das suas directivas de gestão, a preferência pelos produtos mais baratos.

Salmoura não gostaria, mesmo nada, de ter tido razão quando vaticinou «ainda vai morrer gente».

Pior será se não se arrepiar caminho na política em curso.

É que, com a vida das pessoas não se pode brincar.

Nota importante:
Para que se não insinue minimamente que a Ordem dos Médicos assim concluiu porque o que quer é proteger a médica anestesista, pois que há um relatório preliminar dos inspectores da Inspecção Geral de Saúde que aponta para «erro humano», é bom dizer aqui, alto e bom som, que os inspectores de saúde são burocratas que não têm qualquer formação médica.