NETMÉDICO (2)
Não se afigura minimamente ético que um médico “venda” conselhos por telefone a anónimos (não tem como identificar o interlocutor que está do outro lado) e promova assim um negócio, de que é parte interessada, a favor de uma companhia de telefone, no caso a Vodafone.
Por isso achamos que a Ordem dos Médicos deveria agir de imediato proibindo os médicos de aderirem ao sistema pois trata-se de um negócio que é promovido com a conivência de médicos e que resulta maioritariamente a favor da Nokia, da Vodafone e da empresa Netsaúde de Nuno Delerue.
E o mais triste, bizarro e incompreensível nisto tudo é que este negócio seja promovido activamente pelo Ministro da Saúde de Portugal.
O que é que o Ministério da Saúde de Portugal e o senhor Ministro da Saúde estão a fazer metidos nisto tudo?
É que o negócio, a merecer existir como coisa boa (não se vê como), poderia muito bem realizar-se entre as empresas envolvidas e os médicos, sem a necessidade da presença de tão “ilustres” promotores.
É uma vergonha para a classe médica e para o Governo de Portugal que este negócio terceiro-mundista se efectue e se implante impunemente na sociedade portuguesa.
Se os médicos estão dispostos a debitar conselhos a anónimos, pelo telefone, porque acham que assim estão a contribuir para melhorar a saúde dos portugueses, então que o façam de uma destas duas maneiras, por exemplo:
1) Façam-se pagar condignamente, por quem de direito, sem obrigar os doentes a pagarem também à Vodafone – por que carga de água haviam de o fazer? – e recebam os telefonemas nos seus telefones pessoais;
2) Ou então ofereçam gratuitamente esses conselhos aos doentes que deles necessitem.
O que se não admite é que os médicos participem neste negócio com o objectivo de diminuírem um pouco o peso da sua factura mensal de telemóvel não se importando que pelo meio hajam outros interessados que à pala vão sugando os doentes calmamente.
Isto é, no mínimo, uma autêntica vergonha para a classe médica!
De perda de dignidade em perda de dignidade, se assim se for concretizando, qualquer dia não admirará que os médicos comecem a ser tratados ao bofetão. Alguns têm-no sido já… e é muito bem feita!
sexta-feira, abril 30, 2004
NETMÉDICO (1)
Imagem de Luís Branco roubada ao blogue Barnabé
Vimos ontem o senhor Ministro da Saúde a tentar justificar, de forma determinada, no Parlamento, o “Programa Netmédico” de que é um patrocinador activíssimo.
O Programa Netmédico é uma vergonha porque:
1) É um esquema que vende aos doentes chamadas da companhia Vodafone a um preço muito superior àquele que os doentes pagariam se telefonassem para um número normal para falarem com um médico.
2) É um esquema que prostitui os médicos (aqueles que aderirem) pagando-lhes uma miséria que a falta de dignidade (dos que aceitarem) lhes permitirá receber.
3) Finalmente, é um esquema que vende telefones da Nokia.
Habituado como está já o país a escândalos de muito maior dimensão (Caso das Facturas Falsas, Caso Vale e Azevedo, Caso Casa Pia, Caso Apito Dourado, Caso Euro Área e por aí fora) não é de estranhar que a opinião pública esteja a assistir impavidamente a todo este escândalo.
Cumpre agora aos órgãos de comunicação social pegar no assunto, escalpelizá-lo, analisá-lo e esclarecer a opinião pública sobre os seus contornos e sobre a sua verdadeira natureza.
Imagem de Luís Branco roubada ao blogue Barnabé
Vimos ontem o senhor Ministro da Saúde a tentar justificar, de forma determinada, no Parlamento, o “Programa Netmédico” de que é um patrocinador activíssimo.
O Programa Netmédico é uma vergonha porque:
1) É um esquema que vende aos doentes chamadas da companhia Vodafone a um preço muito superior àquele que os doentes pagariam se telefonassem para um número normal para falarem com um médico.
2) É um esquema que prostitui os médicos (aqueles que aderirem) pagando-lhes uma miséria que a falta de dignidade (dos que aceitarem) lhes permitirá receber.
3) Finalmente, é um esquema que vende telefones da Nokia.
Habituado como está já o país a escândalos de muito maior dimensão (Caso das Facturas Falsas, Caso Vale e Azevedo, Caso Casa Pia, Caso Apito Dourado, Caso Euro Área e por aí fora) não é de estranhar que a opinião pública esteja a assistir impavidamente a todo este escândalo.
Cumpre agora aos órgãos de comunicação social pegar no assunto, escalpelizá-lo, analisá-lo e esclarecer a opinião pública sobre os seus contornos e sobre a sua verdadeira natureza.
terça-feira, abril 27, 2004
O ABSURDO COMO REGRA
Forças americanas atacam a cidade de Fallujah, no Iraque.
Este ataque a que estamos a assistir agora é algo histórico nunca antes visto pela Humanidade: forças americanas estão neste momento a libertar o Iraque dos iraquianos.
É a demência pura elevada à categoria de farsa.
Valha-nos Deus, nosso Senhor. Que não há ignorância possível capaz de justificar tamanha insensatez.
Forças americanas atacam a cidade de Fallujah, no Iraque.
Este ataque a que estamos a assistir agora é algo histórico nunca antes visto pela Humanidade: forças americanas estão neste momento a libertar o Iraque dos iraquianos.
É a demência pura elevada à categoria de farsa.
Valha-nos Deus, nosso Senhor. Que não há ignorância possível capaz de justificar tamanha insensatez.
domingo, abril 25, 2004
A DERIVA IDEOLÓGICA DE OSCAR NIEMEYER
Salmoura tem a maior admiração por LAC (Lourenço Ataíde Cordeiro), do blogue ”O Projecto”. Este pormenor não está em causa. Mas Salmoura não pode deixar em claro o facto de LAC, a respeito da evocação singelíssima que Salmoura fez do arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer, na posta aqui em baixo, intitulada “Haja Arquitectura”, ter reagido achando que Salmoura enalteceu um arquitecto «ideologicamente à deriva».
Se alguma coerência há a referir relativamente à vida de Oscar Niemeyar – e há muita coerência na vida que ele tem levado ao longo dos seus já 97 anos – a de ser um homem profundamente preocupado com o presente e com o “destino” dos mais desfavorecidos, a somar à sua vida (vivida coerentemente e nada à deriva) despida de quaisquer luxos ou prebendas (luxos e prebendas que recusa mas merece e pode financeiramente propiciar-se), há a assinalar a coerência de um predestinado que renunciou e renuncia à ribalta (que indiscutivelmente merece) para se associar aos que mais sofrem e àqueles que só contam para as estatísticas da miséria à escala global.
Um dos enormes problemas que se encontra hoje quando se pretende relacionar as pessoas com uma ideologia é o de “escolher” a ideologia que se “atribui” a alguém determinado. É que, infelizmente, para além da ideologia comunista, não se conhece qualquer outro “conjunto” de ideias organizadas, suficientemente concatenadas, que se possa nomear como ideologia. Daí que, quando se fala de «ideologia», se pretenda sempre dizer «comunista». Como se ser comunista fosse uma doença infecto-contagiosa. Mas, ser comunista significa, ao menos, ter referências seguras, ter bússola e conhecer o Norte. Mesmo que esse Norte seja inóspito para outros.
Salmoura declara aqui, urbi et orbi, neste dia 25 de Abril, que não se considera comunista (não preenche todos os requisitos para o ser) mas está muito longe da direita (sem eira ideológica nem beira ética) que nos governa e nos quer transformar em autênticos autómatos e palerminhas que se deliciam e se realizam neste pântano consumista e escravizante que montaram à moda de uma ditadura moderna: a ditadura do consumismo.
Longe de defender a ortodoxia comunista, defendemos, intransigentemente, o direito pleno à cidadania democrática – o lugar onde Oscar Niemeyer, afinal ,sempre quis estar e sempre esteve.
Salmoura sabe que LAC não quis ofender ninguém quando falou em deriva ideológica. O que Salmoura está a fazer é a aproveitar esta oportunidade que LAC lhe dá para esclarecer os seu leitores (que felizmente já atingiram um número apreciável) sobre quem vive do lado de cá deste blogue despretensioso que mais não pretende senão viver em democracia veiculando os seus pontos de vista, sempre contestáveis, mas, também, sempre defendidos com a maior garra e determinação.
Se há ou não discernimento na defesa das posições de Salmoura, isso compete aos seus leitores e, claro está, também a LAC, ajuizar.
É que pode, muito bem, estar deste lado um blogueiro «ideologicamente à deriva».
Salmoura tem a maior admiração por LAC (Lourenço Ataíde Cordeiro), do blogue ”O Projecto”. Este pormenor não está em causa. Mas Salmoura não pode deixar em claro o facto de LAC, a respeito da evocação singelíssima que Salmoura fez do arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer, na posta aqui em baixo, intitulada “Haja Arquitectura”, ter reagido achando que Salmoura enalteceu um arquitecto «ideologicamente à deriva».
Se alguma coerência há a referir relativamente à vida de Oscar Niemeyar – e há muita coerência na vida que ele tem levado ao longo dos seus já 97 anos – a de ser um homem profundamente preocupado com o presente e com o “destino” dos mais desfavorecidos, a somar à sua vida (vivida coerentemente e nada à deriva) despida de quaisquer luxos ou prebendas (luxos e prebendas que recusa mas merece e pode financeiramente propiciar-se), há a assinalar a coerência de um predestinado que renunciou e renuncia à ribalta (que indiscutivelmente merece) para se associar aos que mais sofrem e àqueles que só contam para as estatísticas da miséria à escala global.
Um dos enormes problemas que se encontra hoje quando se pretende relacionar as pessoas com uma ideologia é o de “escolher” a ideologia que se “atribui” a alguém determinado. É que, infelizmente, para além da ideologia comunista, não se conhece qualquer outro “conjunto” de ideias organizadas, suficientemente concatenadas, que se possa nomear como ideologia. Daí que, quando se fala de «ideologia», se pretenda sempre dizer «comunista». Como se ser comunista fosse uma doença infecto-contagiosa. Mas, ser comunista significa, ao menos, ter referências seguras, ter bússola e conhecer o Norte. Mesmo que esse Norte seja inóspito para outros.
Salmoura declara aqui, urbi et orbi, neste dia 25 de Abril, que não se considera comunista (não preenche todos os requisitos para o ser) mas está muito longe da direita (sem eira ideológica nem beira ética) que nos governa e nos quer transformar em autênticos autómatos e palerminhas que se deliciam e se realizam neste pântano consumista e escravizante que montaram à moda de uma ditadura moderna: a ditadura do consumismo.
Longe de defender a ortodoxia comunista, defendemos, intransigentemente, o direito pleno à cidadania democrática – o lugar onde Oscar Niemeyer, afinal ,sempre quis estar e sempre esteve.
Salmoura sabe que LAC não quis ofender ninguém quando falou em deriva ideológica. O que Salmoura está a fazer é a aproveitar esta oportunidade que LAC lhe dá para esclarecer os seu leitores (que felizmente já atingiram um número apreciável) sobre quem vive do lado de cá deste blogue despretensioso que mais não pretende senão viver em democracia veiculando os seus pontos de vista, sempre contestáveis, mas, também, sempre defendidos com a maior garra e determinação.
Se há ou não discernimento na defesa das posições de Salmoura, isso compete aos seus leitores e, claro está, também a LAC, ajuizar.
É que pode, muito bem, estar deste lado um blogueiro «ideologicamente à deriva».
25 DE ABRIL SEMPRE
Entre muitas outras virtudes maiores de que todos nós somos conscientes, dentre as quais a Liberdade é a maior, o 25 de Abril teve, para mim, pessoalmente, a particular virtude de me curar de uma colite espástica (de origem nervosa) de que padecia havia quatro anos; e de alopecia do couro cabeludo (queda de cabelo) que já me afectava havia três anos.
A causa destes males crónicos que me afectavam numa altura em que eu era um jovem estudante, e que me obrigavam a tomar medicamentos diariamente e a gastar do pouco dinheiro que tinha para ver se preservava algum cabelo para cobrir a careca que já se via e que contrastava com os restantes velhotes meus ascendentes (todos portadores de fartas cabeleiras) numa clara contradição genética – essa causa – era só uma mas complexa: chamava-se Ditadura.
Essa causa consubstanciava-se, no meu caso particular, na PIDE que se passeava ostensivamente, todas as manhãs, pelos corredores do Hospital de Santa Maria intimidando os estudantes; na polícia de choque que visitava frequentemente o campus universitário e que em finais de 1973 ali assentou arraiais havendo várias carrinhas Nívea (assim chamadas porque da mesma cor que as latas de creme Nívia para as mãos) cheias deles, desde muito cedo espalhadas por pontos estratégicos do campus, e que à hora do almoço faziam sair vários polícias de viseira e bastão que se entregavam a insultar os estudantes que passavam por eles a caminho da cantina para almoçar, e que algumas vezes chegaram mesmo a entrar na cantina e se passearam por entre as mesas onde os estudantes faziam as refeições, numa atitude de provocação extrema que tinha como únicos objectivos intimidar e fazer reagir os mais afoitos que eram logo presos e levados à PIDE; e consubstanciava-se ainda na preocupação permanente e no medo esporádico de ser preso, em que eu vivia.
O 25 de Abril teve o condão de me curar dos meus dois males crónicos acima referidos, pois, passados três meses sobre o derrube da ditadura, milagrosamente eu estava curado, quer da colite, quer da queda de cabelo.
Apenas o que não desapareceu foi esta memória desse tempo das trevas, memória esta que me leva a combater militantemente a direita e todos os seus arautos, chamem-se eles Luís Delgado, José Manuel Fernandes, Paulo Portas, Durão Barroso (quem diria? tão esquerdista ele era naquele tempo!) ou qualquer outro (troglodita ou travesti arrependido) que queira inverter a marcha do relógio democrático instalado em Portugal pelo 25 de Abril da nossa liberdade.
Viva o 25 de Abril!
Nota: Pela cura milagrosa que o 25 de Abril operou em mim, talvez não fosse despiciendo propor ao Vaticano e ao Papa a santificação do acontecimento que operou o milagre. Aqui estou eu para prová-lo: gozo hoje de plena saúde e sou portador de uma cabeleira farta como os meus ascendentes, afinal.
Entre muitas outras virtudes maiores de que todos nós somos conscientes, dentre as quais a Liberdade é a maior, o 25 de Abril teve, para mim, pessoalmente, a particular virtude de me curar de uma colite espástica (de origem nervosa) de que padecia havia quatro anos; e de alopecia do couro cabeludo (queda de cabelo) que já me afectava havia três anos.
A causa destes males crónicos que me afectavam numa altura em que eu era um jovem estudante, e que me obrigavam a tomar medicamentos diariamente e a gastar do pouco dinheiro que tinha para ver se preservava algum cabelo para cobrir a careca que já se via e que contrastava com os restantes velhotes meus ascendentes (todos portadores de fartas cabeleiras) numa clara contradição genética – essa causa – era só uma mas complexa: chamava-se Ditadura.
Essa causa consubstanciava-se, no meu caso particular, na PIDE que se passeava ostensivamente, todas as manhãs, pelos corredores do Hospital de Santa Maria intimidando os estudantes; na polícia de choque que visitava frequentemente o campus universitário e que em finais de 1973 ali assentou arraiais havendo várias carrinhas Nívea (assim chamadas porque da mesma cor que as latas de creme Nívia para as mãos) cheias deles, desde muito cedo espalhadas por pontos estratégicos do campus, e que à hora do almoço faziam sair vários polícias de viseira e bastão que se entregavam a insultar os estudantes que passavam por eles a caminho da cantina para almoçar, e que algumas vezes chegaram mesmo a entrar na cantina e se passearam por entre as mesas onde os estudantes faziam as refeições, numa atitude de provocação extrema que tinha como únicos objectivos intimidar e fazer reagir os mais afoitos que eram logo presos e levados à PIDE; e consubstanciava-se ainda na preocupação permanente e no medo esporádico de ser preso, em que eu vivia.
O 25 de Abril teve o condão de me curar dos meus dois males crónicos acima referidos, pois, passados três meses sobre o derrube da ditadura, milagrosamente eu estava curado, quer da colite, quer da queda de cabelo.
Apenas o que não desapareceu foi esta memória desse tempo das trevas, memória esta que me leva a combater militantemente a direita e todos os seus arautos, chamem-se eles Luís Delgado, José Manuel Fernandes, Paulo Portas, Durão Barroso (quem diria? tão esquerdista ele era naquele tempo!) ou qualquer outro (troglodita ou travesti arrependido) que queira inverter a marcha do relógio democrático instalado em Portugal pelo 25 de Abril da nossa liberdade.
Viva o 25 de Abril!
Nota: Pela cura milagrosa que o 25 de Abril operou em mim, talvez não fosse despiciendo propor ao Vaticano e ao Papa a santificação do acontecimento que operou o milagre. Aqui estou eu para prová-lo: gozo hoje de plena saúde e sou portador de uma cabeleira farta como os meus ascendentes, afinal.
sábado, abril 24, 2004
HAJA ARQUITECTURA
Oscar Niemeyer. Genial e comunista.
Hoje deu-me para isto. De vez em quando sinto-me atraído e seduzido pela arquitectura. Isto acontece sobretudo quando o panorama social do país cai para níveis perto de cão. Como agora em que até parece que a seriedade se tornou algo fóssil que teremos que procurar em expedição paleontológica árdua e pouco promissora.
Haja Deus que nos console. Ou deuses que o façam por Ele.
Visitei hoje o acervo, disponibilizado na Internet, de Oscar Niemeyer, arquitecto brasileiro, quase centenário (fará 100 anos em 2007), criador da cidade de Brasília e de muitíssimas obras de uma beleza incomparável espalhadas por todo o mundo.
E não resisto a trazer aqui esta “declaração” picassiana de Niemeyer
Não é o ângulo recto que me atrai.
Nem a linha recta, dura, inflexível,
criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual.
A curva que encontro nas montanhas
do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas ondas do mar
nas nuvens do céu,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o Universo.
O Universo curvo de Einstein.
E ainda mais esta declaração que espelha bem a natureza espiritual e filosófica de um homem excepcional.
"Não queria, como a maioria dos meus colegas, me adaptar a essa arquitetura comercial que vemos aí. E apesar das minhas dificuldades financeiras, preferi trabalhar, gratuitamente, no escritório do Lúcio Costa e Carlos Leão, onde esperava encontrar as respostas para minhas dúvidas de estudante de arquitectura. Era um favor que eles me faziam."
Oscar Niemeyer. Genial e comunista.
Hoje deu-me para isto. De vez em quando sinto-me atraído e seduzido pela arquitectura. Isto acontece sobretudo quando o panorama social do país cai para níveis perto de cão. Como agora em que até parece que a seriedade se tornou algo fóssil que teremos que procurar em expedição paleontológica árdua e pouco promissora.
Haja Deus que nos console. Ou deuses que o façam por Ele.
Visitei hoje o acervo, disponibilizado na Internet, de Oscar Niemeyer, arquitecto brasileiro, quase centenário (fará 100 anos em 2007), criador da cidade de Brasília e de muitíssimas obras de uma beleza incomparável espalhadas por todo o mundo.
E não resisto a trazer aqui esta “declaração” picassiana de Niemeyer
Não é o ângulo recto que me atrai.
Nem a linha recta, dura, inflexível,
criada pelo homem.
O que me atrai é a curva livre e sensual.
A curva que encontro nas montanhas
do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas ondas do mar
nas nuvens do céu,
no corpo da mulher preferida.
De curvas é feito todo o Universo.
O Universo curvo de Einstein.
E ainda mais esta declaração que espelha bem a natureza espiritual e filosófica de um homem excepcional.
"Não queria, como a maioria dos meus colegas, me adaptar a essa arquitetura comercial que vemos aí. E apesar das minhas dificuldades financeiras, preferi trabalhar, gratuitamente, no escritório do Lúcio Costa e Carlos Leão, onde esperava encontrar as respostas para minhas dúvidas de estudante de arquitectura. Era um favor que eles me faziam."
sexta-feira, abril 23, 2004
NINGUÉM VAI ACREDITAR…
… Mas juro por tudo que isto é verdade. Acabei de o ouvir há pouco na “SIC Notícias”.
Estava a ser entrevistado D. Duarte de Bragança que contava ao jornalista factos passados quando ele (D. Duarte) esteve na tropa no norte de Angola, onde tinha o posto de alferes, factos exemplificadores do bom relacionamento que tinha com a população.
Contou que uma vez um avião mono-motor aterrou num aeródromo para receber um ferido: «quando o ferido estava já a bordo o motor foi-se abaixo. Então apareceram vários populares que me perguntaram: Sr. alferes, quer que a gente empurre?»
Salmoura desatou à gargalhada mas ainda ouviu o resto da história:
«Mas não foi preciso porque pouco depois o motor pegou outra vez».
… Mas juro por tudo que isto é verdade. Acabei de o ouvir há pouco na “SIC Notícias”.
Estava a ser entrevistado D. Duarte de Bragança que contava ao jornalista factos passados quando ele (D. Duarte) esteve na tropa no norte de Angola, onde tinha o posto de alferes, factos exemplificadores do bom relacionamento que tinha com a população.
Contou que uma vez um avião mono-motor aterrou num aeródromo para receber um ferido: «quando o ferido estava já a bordo o motor foi-se abaixo. Então apareceram vários populares que me perguntaram: Sr. alferes, quer que a gente empurre?»
Salmoura desatou à gargalhada mas ainda ouviu o resto da história:
«Mas não foi preciso porque pouco depois o motor pegou outra vez».
quinta-feira, abril 22, 2004
ESTÁ PARA BREVE: UM MODEM NO ESPAÇO
Tenho, há já uns anitos valentes, uma ligação à Internet via Netcabo. No outro dia uma menina de voz delicodoce telefonou para minha casa e perguntou-me se eu queria experimentar, gratuitamente, durante não sei quantos dias, uma ligação ADSL do Sapo (empresa que pertence, tanto quanto sei, ao mesmo universo da Netcabo). Expliquei à menina que o cabo faculta uma banda mais larga para comunicação e por isso tem mais vantagens que os fios telefónicos, pelo que declinava o convite pois me considerava bem servido pela Netcabo. Seguiu-se então este diálogo:
Ela – Mas não tem dificuldades no acesso à Internet?
Eu – Não, não tenho quaisquer dificuldades.
Ela – Mas olhe que as pessoas se queixam muito porque pela Netcabo são muitos clientes a aceder através de um mesmo IP, enquanto que pela ADSL cada cliente tem o seu IP próprio o que é mais rápido.
Eu – Tá bem, acredito em si (não acredito mas disse-o para a despachar) mas não pretendo mudar. Obrigado.
Ela – Obrigada nós e desculpe tê-lo incomodado.
Coincidência ou não, passados dois dias sobre esse telefonema, agora tenho uma ligação miserável à Internet via Netcabo.
Quero crer que é só coincidência, mas já estou a ficar furioso.
O que me acalma um pouco é pensar que dentro de pouco tempo teremos o acesso à Internet via rede eléctrica com uma largura de banda e uma velocidade muitíssimo superiores às ligações actuais.
Ouviram, oh senhores da Netcabo? Quando isso acontecer vão receber o meu telefonema para que venham recolher os cacos do vosso modem que lançarei à rua desde a janela do meu 13º andar.
Tenho, há já uns anitos valentes, uma ligação à Internet via Netcabo. No outro dia uma menina de voz delicodoce telefonou para minha casa e perguntou-me se eu queria experimentar, gratuitamente, durante não sei quantos dias, uma ligação ADSL do Sapo (empresa que pertence, tanto quanto sei, ao mesmo universo da Netcabo). Expliquei à menina que o cabo faculta uma banda mais larga para comunicação e por isso tem mais vantagens que os fios telefónicos, pelo que declinava o convite pois me considerava bem servido pela Netcabo. Seguiu-se então este diálogo:
Ela – Mas não tem dificuldades no acesso à Internet?
Eu – Não, não tenho quaisquer dificuldades.
Ela – Mas olhe que as pessoas se queixam muito porque pela Netcabo são muitos clientes a aceder através de um mesmo IP, enquanto que pela ADSL cada cliente tem o seu IP próprio o que é mais rápido.
Eu – Tá bem, acredito em si (não acredito mas disse-o para a despachar) mas não pretendo mudar. Obrigado.
Ela – Obrigada nós e desculpe tê-lo incomodado.
Coincidência ou não, passados dois dias sobre esse telefonema, agora tenho uma ligação miserável à Internet via Netcabo.
Quero crer que é só coincidência, mas já estou a ficar furioso.
O que me acalma um pouco é pensar que dentro de pouco tempo teremos o acesso à Internet via rede eléctrica com uma largura de banda e uma velocidade muitíssimo superiores às ligações actuais.
Ouviram, oh senhores da Netcabo? Quando isso acontecer vão receber o meu telefonema para que venham recolher os cacos do vosso modem que lançarei à rua desde a janela do meu 13º andar.
quarta-feira, abril 21, 2004
APRENDEI, OH BANDO DE IGNORANTES
O homem mais inteligente do mundo botou faladura.
O presidente norte-americano, George W. Bush, disse esta quarta-feira que o mundo deve um «obrigado» ao primeiro-ministro israelita, Ariel Sharon, pelos seus planos de pacificação para os territórios ocupados.
Este arrazoado todo que acabámos de ler fez-me lembrar de Ruzante, um personagem de um livro do escritor italiano, Angelo Beoco.
E porquê?
Porque facilmente Ruzante evolui para Zurrante.
O homem mais inteligente do mundo botou faladura.
O presidente norte-americano, George W. Bush, disse esta quarta-feira que o mundo deve um «obrigado» ao primeiro-ministro israelita, Ariel Sharon, pelos seus planos de pacificação para os territórios ocupados.
Este arrazoado todo que acabámos de ler fez-me lembrar de Ruzante, um personagem de um livro do escritor italiano, Angelo Beoco.
E porquê?
Porque facilmente Ruzante evolui para Zurrante.
terça-feira, abril 20, 2004
A CULPA DO ONOFRE
As imagens deste blogue estão off desde há um bom par de horas. A culpa de não estarem on, ou é da Netcabo, onde estão alojadas, que anda aos soluços desde esta manhã, ou então é do newblogger.com que está descompassado.
Salmoura pede desculpas pelo incómodo.
Já agora e por ter falado em estar off. Ouvi, hoje de manhã, uma canção do Zé Mário Branco em que ele diz: onofre é a palavra portuguesa que significa ON e OFF.
É isso: a culpa do onofre é de terceiros e não de Salmoura.
As imagens deste blogue estão off desde há um bom par de horas. A culpa de não estarem on, ou é da Netcabo, onde estão alojadas, que anda aos soluços desde esta manhã, ou então é do newblogger.com que está descompassado.
Salmoura pede desculpas pelo incómodo.
Já agora e por ter falado em estar off. Ouvi, hoje de manhã, uma canção do Zé Mário Branco em que ele diz: onofre é a palavra portuguesa que significa ON e OFF.
É isso: a culpa do onofre é de terceiros e não de Salmoura.
JOGADA DE ANTECIPAÇÃO
Numa jogada de alto risco Salmoura antecipa aqui o essencial das declarações que Gilberto Madaíl fará logo à noite, por volta das vinte horas, em conferência de imprensa a ser transmitida em directo para todo o planeta.
1 - Primeiro vai culpar “aqueles que todos os domingos vêm falar mal das arbitragens” de serem eles os causadores da acção da Polícia Judiciária contra os suspeitos de vários crimes no âmbito do dirigismo desportivo e autárquico, que ora estão detidos para averiguações, nos calabouços da PJ do Porto. Para Madaíl, os culpados de tudo serão os que falam mal das arbitragens; não é quem alegadamente comete crimes, nem são os crimes só por si, mesmo sem se saber quem os pratica, os “culpados” da acção policial.
2 – Depois, tentando manipular a opinião pública e a opinião publicada paga pelo “sistema”, vai chamar a atenção de todos para o facto de esta acção policial acontecer perto do “Euro 2004” e isto ser desprestigiante para Portugal – como se um acontecimento desportivo mediático, qualquer que ele seja, tivesse que merecer, por parte da Justiça, todas as cautelas para não o estragar, deixando campiar o “sistema” a seu bel-prazer, fabricando resultados e enriquecendo ilegitimamente os seus serventuários.
3 – Madaíl terminará finalmente (passe o pleonasmo) a sua conferência “desejando” que tudo se esclareça “o mais rapidamente possível”, numa tentativa clara mas vã de pressionar a investigação policial para que o caso se encerre antes mesmo de começar e tudo volte à cepa torta de onde partiu.
Ou muito nos enganamos, ou será isto mesmo que Madaíl dirá.
Numa jogada de alto risco Salmoura antecipa aqui o essencial das declarações que Gilberto Madaíl fará logo à noite, por volta das vinte horas, em conferência de imprensa a ser transmitida em directo para todo o planeta.
1 - Primeiro vai culpar “aqueles que todos os domingos vêm falar mal das arbitragens” de serem eles os causadores da acção da Polícia Judiciária contra os suspeitos de vários crimes no âmbito do dirigismo desportivo e autárquico, que ora estão detidos para averiguações, nos calabouços da PJ do Porto. Para Madaíl, os culpados de tudo serão os que falam mal das arbitragens; não é quem alegadamente comete crimes, nem são os crimes só por si, mesmo sem se saber quem os pratica, os “culpados” da acção policial.
2 – Depois, tentando manipular a opinião pública e a opinião publicada paga pelo “sistema”, vai chamar a atenção de todos para o facto de esta acção policial acontecer perto do “Euro 2004” e isto ser desprestigiante para Portugal – como se um acontecimento desportivo mediático, qualquer que ele seja, tivesse que merecer, por parte da Justiça, todas as cautelas para não o estragar, deixando campiar o “sistema” a seu bel-prazer, fabricando resultados e enriquecendo ilegitimamente os seus serventuários.
3 – Madaíl terminará finalmente (passe o pleonasmo) a sua conferência “desejando” que tudo se esclareça “o mais rapidamente possível”, numa tentativa clara mas vã de pressionar a investigação policial para que o caso se encerre antes mesmo de começar e tudo volte à cepa torta de onde partiu.
Ou muito nos enganamos, ou será isto mesmo que Madaíl dirá.
VÃO ABRIR A CAIXA DE PANDORA?
A Polícia Judiciária tem a “Caixa de Pandora” na mão: deteve Valentim Loureiro e mais quinze pessoas (dentre as quais vários árbitros de futebol) e está a efectuar buscas em cerca de 60 lugares diferentes, incluindo a sede da Federação Portuguesa de Futebol. Tudo para esclarecer algo sobre o obscuro e (até agora) intocável mundo do dirigismo futebolístico, cujos protagonistas principais se julgam inimputáveis e inamovíveis dos cargos que redistribuem periodicamente entre si, afastando, com a suas nefastas actuações, as pessoas mais esclarecidas dos campos de futebol e do próprio fenómeno desportivo tão vergonhosa e flagrantemente enlameado e adulterado esse fenómeno tem estado, por sua única e exclusiva culpa.
O inevitável Gilberto Madaíl já veio a terreiro dizer que «não está surpreendido» com as detenções.
Então perguntamos:
1- É uma confissão de conhecimento de culpa?
2- Já alinha com o Sporting Clube de Portugal e com o seu presidente, Dias da Cunha, no que à existência do “sistema” diz respeito?
Veremos se a Judiciária vai mesmo abrir essa "caixa".
A Polícia Judiciária tem a “Caixa de Pandora” na mão: deteve Valentim Loureiro e mais quinze pessoas (dentre as quais vários árbitros de futebol) e está a efectuar buscas em cerca de 60 lugares diferentes, incluindo a sede da Federação Portuguesa de Futebol. Tudo para esclarecer algo sobre o obscuro e (até agora) intocável mundo do dirigismo futebolístico, cujos protagonistas principais se julgam inimputáveis e inamovíveis dos cargos que redistribuem periodicamente entre si, afastando, com a suas nefastas actuações, as pessoas mais esclarecidas dos campos de futebol e do próprio fenómeno desportivo tão vergonhosa e flagrantemente enlameado e adulterado esse fenómeno tem estado, por sua única e exclusiva culpa.
O inevitável Gilberto Madaíl já veio a terreiro dizer que «não está surpreendido» com as detenções.
Então perguntamos:
1- É uma confissão de conhecimento de culpa?
2- Já alinha com o Sporting Clube de Portugal e com o seu presidente, Dias da Cunha, no que à existência do “sistema” diz respeito?
Veremos se a Judiciária vai mesmo abrir essa "caixa".
GESTÃO EMPRESARIALIZADA DOS HOSPITAIS (VI)
Os directores dos Serviços hospitalares ficam bem vistos pelas administrações se houver uma grande rotatividade de doentes por cama. Por outras palavras: quanto mais curto o internamento de um doente, melhor é a gestão do Serviço em causa.
Consequências: dá para perceber que quando aparece um doente crónico a necessitar de internamento talvez começe um jogo do empurra entre as várias especialidades pois ninguém quererá ficar com tamanha “fava”; o desespero poderá então tomar conta dos doentes e familiares que não compreenderão muito daquele jogo, podendo, inclusive, às vezes, chegar a haver, até, um ou outro médico menos calejado que não aguente a pedalada de dito jogo e descompense chorando.
Mas por enquanto não é isso que sucede em Portugal, pois não?
– Consta que uma médica chorou há dias quando se viu perante um caso desses.
Salmoura não acredita.
Só se tiver sido no Iraque. Ou então foi um sonho mau de quem contou a quem disse.
Os directores dos Serviços hospitalares ficam bem vistos pelas administrações se houver uma grande rotatividade de doentes por cama. Por outras palavras: quanto mais curto o internamento de um doente, melhor é a gestão do Serviço em causa.
Consequências: dá para perceber que quando aparece um doente crónico a necessitar de internamento talvez começe um jogo do empurra entre as várias especialidades pois ninguém quererá ficar com tamanha “fava”; o desespero poderá então tomar conta dos doentes e familiares que não compreenderão muito daquele jogo, podendo, inclusive, às vezes, chegar a haver, até, um ou outro médico menos calejado que não aguente a pedalada de dito jogo e descompense chorando.
Mas por enquanto não é isso que sucede em Portugal, pois não?
– Consta que uma médica chorou há dias quando se viu perante um caso desses.
Salmoura não acredita.
Só se tiver sido no Iraque. Ou então foi um sonho mau de quem contou a quem disse.
segunda-feira, abril 19, 2004
TUDO DO AVESSO
Li há dias que o Governo pretende passar a conceder bolsas a investigadores que tenham mais de 100 artigos publicados.
É minha opinião que um investigador com mais de 100 artigos publicados é alguém tão alguém na sua profissão que não necessita de bolsa coisa nenhuma. Quem precisa de bolsa são os investigadores que estão no começo, que não têm, por isso e porque os jovens não são apoiados, "pilim" suficiente sequer para uma bucha diária e se vêm em tremendíssimas dificuldades para conciliar a investigação e a publicação de artigos com os “biscates” que têm que andar a fazer aqui e ali, a toda a hora, para ganharem o sustento que lhes permita estar vivos.
Lembro-me de sempre me ter insurgido contra as prendas que os laboratórios são pródigos em dar à classe médica, pois, presenteiam quem já não precisa de prenda coisa nenhuma. Bom seria, era que os laboratórios dessem prendas aos estudantes de Medicina que, estes sim, precisam sempre de comprar um tratado, um atlas, um estetoscópio e variado outro material para o qual muitos deles não têm literalmente posses para adquirir sem um oneroso endividamento das suas famílias.
Mas em Portugal é assim: tudo do avesso!
Uma vez certo aluno do 4º ano de Medicina, sofrendo de uma amigdalite pultácea, das que quase fecham a garganta ao doente, em dificuldades financeiras para adquirir um antibiótico que lhe fora prescrito, deslocou-se pessoalmente, com a receita na mão, ao laboratório que fabricava o medicamento, pedindo que lhe dessem uma amostra do mesmo.
«Só damos amostras aos alunos do 6º ano e aos médicos», foi o que ouviu. E saiu de mãos a abanar.
Depois de se ser médico; à medida que se vai envelhecendo e obtendo um lugar ao sol no universo profissional – sabemos todos como alguns laboratórios tentam "ressarcir" os ex-estudantes dos “maus tratos” do passado. Mas felizmente em muitos encontram sempre a resposta adequada: não, muito obrigado.
Li há dias que o Governo pretende passar a conceder bolsas a investigadores que tenham mais de 100 artigos publicados.
É minha opinião que um investigador com mais de 100 artigos publicados é alguém tão alguém na sua profissão que não necessita de bolsa coisa nenhuma. Quem precisa de bolsa são os investigadores que estão no começo, que não têm, por isso e porque os jovens não são apoiados, "pilim" suficiente sequer para uma bucha diária e se vêm em tremendíssimas dificuldades para conciliar a investigação e a publicação de artigos com os “biscates” que têm que andar a fazer aqui e ali, a toda a hora, para ganharem o sustento que lhes permita estar vivos.
Lembro-me de sempre me ter insurgido contra as prendas que os laboratórios são pródigos em dar à classe médica, pois, presenteiam quem já não precisa de prenda coisa nenhuma. Bom seria, era que os laboratórios dessem prendas aos estudantes de Medicina que, estes sim, precisam sempre de comprar um tratado, um atlas, um estetoscópio e variado outro material para o qual muitos deles não têm literalmente posses para adquirir sem um oneroso endividamento das suas famílias.
Mas em Portugal é assim: tudo do avesso!
Uma vez certo aluno do 4º ano de Medicina, sofrendo de uma amigdalite pultácea, das que quase fecham a garganta ao doente, em dificuldades financeiras para adquirir um antibiótico que lhe fora prescrito, deslocou-se pessoalmente, com a receita na mão, ao laboratório que fabricava o medicamento, pedindo que lhe dessem uma amostra do mesmo.
«Só damos amostras aos alunos do 6º ano e aos médicos», foi o que ouviu. E saiu de mãos a abanar.
Depois de se ser médico; à medida que se vai envelhecendo e obtendo um lugar ao sol no universo profissional – sabemos todos como alguns laboratórios tentam "ressarcir" os ex-estudantes dos “maus tratos” do passado. Mas felizmente em muitos encontram sempre a resposta adequada: não, muito obrigado.
domingo, abril 18, 2004
A PALAVRA AO LEITOR
Este blogue, sendo de esquerda, não desdenharia ser uma caixa de ressonância contra a direita. Houvesse tempo para publicar todos os textos dos seus leitores, cumpriria essa missão. Mas Salmoura não ficaria de bem com a sua consciência se, hoje, em pleno Abril, próximo já do mítico dia 25 da nossa libertação do fascismo, não desse a palavra a um leitor que expressamente lha pede para dizer o que pensa do “R” que tão leviana e pateticamente a coligação no poder pretende roubar à Revolução.
Salmoura, que no passado se sentiu na necessidade de publicar opinião noutro blogue, no caso o Bolg de Esquerda, sabe como é importante termos um espaço de opinião onde possamos exprimir o nosso pensamento.
Eis, pois, (sem editing ou corte) o texto integral do nosso leitor:
«Foi um Erre que lhe deram e tiraram...
Era uma vez um Erre com letra grande. Um Erre que lhe deram e que ainda hoje faz eco nas imensas pracetas da memória portuguesa. Já sem este Erre que lhe tiraram tudo transpira a uma limpeza linguística. Evolutiva, por certo! O sentido é o de um outro tempo. O que lhe damos, não há outro. Como não haverá um outro Abril. Desta vez será talvez um novo Maio ou porventura um Agosto ainda mais quente! A revolução vista à luz desta sucessão natural dos acontecimentos é agora marcadamente global. O marco virou marca. Uma audaz marca que um dedo mais direitinho transformou num simples produto já pronto a consumir numa qualquer outra história deste povo. Não passa de um erre disfarçado de um moderno simulacro semântico? A evolução da realidade mostra-nos o efeito das mensagens destes génios da criatividade. Carregam-se como armas perfeitas. Leves e letais nas mãos de uns quantos tubarões assinalados prontos para assassinar o conceito de uma revolução ocorrida no que resta desta ocidental praia lusitana . Ou o que sobra desta fraca memória de um par(t)-ido Abril. A revolta não vem da evolução da gramática política. Sabemos que a economia de hoje se estende também às palavras. São as marcas escondidas debaixo das saias do espectáculo mediático. Até um determinado dia em que o cír-cu-lo político faz magicamente cair a revolução recorrendo a uma espécie de espiral estilística. Sempre pronta a inovar e reformar. A resposta não tardará! A liberdade ainda é nossa! Saem da escola de uma média política, sempre prontos para liquidar contas com um passado que lhes está atravessado há trinta anos na garganta.
O 25 de Abril é e será sempre a marca de uma Revolução!
Por mais que lhe tentem apagar o Erre!
A história deste erre (foi um ar...) que lhe deu começa com um unido compromisso. Prometeram jurar e jurar sempre pela sua honra que tal coligação política seria sempre oportuna e totalmente desinteressada. Nas intermináveis gavetas de um raro modo de persuasão, procuravam-se alguns célebres exemplos em tom de uma dita tempestade cerebral.
Um florista olha para os seus cravos murchos! Fica corado! Será plausível poder ouvi-lo gritar bem alto a cor de tamanha vergonha em todas as ruas? Já não há cravos vermelhos plantados neste jardim! É isso que temos de lhes mostrar. Tudo evolui. Até nós!!!
“Só neste país!”
A vida deve ser enfrentada sem ter medo de quaisquer erres e outros erros. A verdade e a mentira são amásias siamesas que nos aliciam até ao rubro. Foi um erre que lhe deu e pronto... Temos de fazer render o fruto não derramado por este pequeno esforço e que nem mancha uma pinga de sangue. Começaremos por anunciar a nossa marca: “25 de Abril é evolução” Uns quantos meses antes para que aquelas cabecinhas se habituem. A fraca contestação será travada logo à nascença. Por alturas de –abrir- lança-se o slogan às massas. É preciso –Abril- estas mentalidades. Só uma perspectiva aberta como a nossa é que permite abortar com toda a seriedade as campanhas desta nossa longa história de domínio secular.
Bravo, bravo Doutor!
Chama-se evolução! A evolução também nasce com a revolução. A revolução é precisa, mas feita pelos outros produz efeitos imprevisíveis. Livremo-nos dessa maldita revolução! O povo deste país não está à espera que haja uma D-evolução!
Perdi o sinal, Doutor! Agora é global! A operação foi bem sucedida! Foi socialmente apagada! Isso quer dizer que a revolução está morta!? Sim, doutor! Tal como havíamos combinado. É a economia democrática da vida. A evolução natural da história. Este facto não pode nunca ser contestado!
Isto "só neste país” é que o degrau de uma tal cultura permite uma pura operação de retoque com uma estratégia assente no signo da extrema emoção.
Isto "só neste país” é que um pequeno défice rectangular se pode traduzir numa forma geometricamente evoluída, porque esta política é que é quadrada.
Isto "só neste país” é que é possível investir os rios da fortuna pública numa camuflada manobra política.
Este reescrever natural da história ficará nos cadernos riscados desta jovem democracia. A seu bel prazer a artilharia que nos pesa esconde-se sem dar a cara. Mas todos os conhecemos bem. Dominam na perfeição esta eficaz máquina que dita a falência de um Estado já sem graça ocidentalmente instituído.
Podemos procurar entender o lado publicitário da coisa em si. Mas não queremos, obrigado! Temos um produto que não só não vende directamente, como joga levianamente com uma certa razão. Ou não. Mas se uma força ou partido político, ou pior ainda, se forem logo a dobrar, não só se entrega à lógica deste mercado, como cegamente se gabará de tamanho feito entre nobres corredores e escuros gabinetes, para depois chegar ao cúmulo de nos impingir um produto que não vem identificado e que muito menos tem voz num espaço de direito de antena assim devidamente assinalado, então este gesto da mais fina propaganda só pode ter um outro nome: foi um Erre que lhe deram e tiraram.
JBV (João Bruno Videira)»
Este blogue, sendo de esquerda, não desdenharia ser uma caixa de ressonância contra a direita. Houvesse tempo para publicar todos os textos dos seus leitores, cumpriria essa missão. Mas Salmoura não ficaria de bem com a sua consciência se, hoje, em pleno Abril, próximo já do mítico dia 25 da nossa libertação do fascismo, não desse a palavra a um leitor que expressamente lha pede para dizer o que pensa do “R” que tão leviana e pateticamente a coligação no poder pretende roubar à Revolução.
Salmoura, que no passado se sentiu na necessidade de publicar opinião noutro blogue, no caso o Bolg de Esquerda, sabe como é importante termos um espaço de opinião onde possamos exprimir o nosso pensamento.
Eis, pois, (sem editing ou corte) o texto integral do nosso leitor:
«Foi um Erre que lhe deram e tiraram...
Era uma vez um Erre com letra grande. Um Erre que lhe deram e que ainda hoje faz eco nas imensas pracetas da memória portuguesa. Já sem este Erre que lhe tiraram tudo transpira a uma limpeza linguística. Evolutiva, por certo! O sentido é o de um outro tempo. O que lhe damos, não há outro. Como não haverá um outro Abril. Desta vez será talvez um novo Maio ou porventura um Agosto ainda mais quente! A revolução vista à luz desta sucessão natural dos acontecimentos é agora marcadamente global. O marco virou marca. Uma audaz marca que um dedo mais direitinho transformou num simples produto já pronto a consumir numa qualquer outra história deste povo. Não passa de um erre disfarçado de um moderno simulacro semântico? A evolução da realidade mostra-nos o efeito das mensagens destes génios da criatividade. Carregam-se como armas perfeitas. Leves e letais nas mãos de uns quantos tubarões assinalados prontos para assassinar o conceito de uma revolução ocorrida no que resta desta ocidental praia lusitana . Ou o que sobra desta fraca memória de um par(t)-ido Abril. A revolta não vem da evolução da gramática política. Sabemos que a economia de hoje se estende também às palavras. São as marcas escondidas debaixo das saias do espectáculo mediático. Até um determinado dia em que o cír-cu-lo político faz magicamente cair a revolução recorrendo a uma espécie de espiral estilística. Sempre pronta a inovar e reformar. A resposta não tardará! A liberdade ainda é nossa! Saem da escola de uma média política, sempre prontos para liquidar contas com um passado que lhes está atravessado há trinta anos na garganta.
O 25 de Abril é e será sempre a marca de uma Revolução!
Por mais que lhe tentem apagar o Erre!
A história deste erre (foi um ar...) que lhe deu começa com um unido compromisso. Prometeram jurar e jurar sempre pela sua honra que tal coligação política seria sempre oportuna e totalmente desinteressada. Nas intermináveis gavetas de um raro modo de persuasão, procuravam-se alguns célebres exemplos em tom de uma dita tempestade cerebral.
Um florista olha para os seus cravos murchos! Fica corado! Será plausível poder ouvi-lo gritar bem alto a cor de tamanha vergonha em todas as ruas? Já não há cravos vermelhos plantados neste jardim! É isso que temos de lhes mostrar. Tudo evolui. Até nós!!!
“Só neste país!”
A vida deve ser enfrentada sem ter medo de quaisquer erres e outros erros. A verdade e a mentira são amásias siamesas que nos aliciam até ao rubro. Foi um erre que lhe deu e pronto... Temos de fazer render o fruto não derramado por este pequeno esforço e que nem mancha uma pinga de sangue. Começaremos por anunciar a nossa marca: “25 de Abril é evolução” Uns quantos meses antes para que aquelas cabecinhas se habituem. A fraca contestação será travada logo à nascença. Por alturas de –abrir- lança-se o slogan às massas. É preciso –Abril- estas mentalidades. Só uma perspectiva aberta como a nossa é que permite abortar com toda a seriedade as campanhas desta nossa longa história de domínio secular.
Bravo, bravo Doutor!
Chama-se evolução! A evolução também nasce com a revolução. A revolução é precisa, mas feita pelos outros produz efeitos imprevisíveis. Livremo-nos dessa maldita revolução! O povo deste país não está à espera que haja uma D-evolução!
Perdi o sinal, Doutor! Agora é global! A operação foi bem sucedida! Foi socialmente apagada! Isso quer dizer que a revolução está morta!? Sim, doutor! Tal como havíamos combinado. É a economia democrática da vida. A evolução natural da história. Este facto não pode nunca ser contestado!
Isto "só neste país” é que o degrau de uma tal cultura permite uma pura operação de retoque com uma estratégia assente no signo da extrema emoção.
Isto "só neste país” é que um pequeno défice rectangular se pode traduzir numa forma geometricamente evoluída, porque esta política é que é quadrada.
Isto "só neste país” é que é possível investir os rios da fortuna pública numa camuflada manobra política.
Este reescrever natural da história ficará nos cadernos riscados desta jovem democracia. A seu bel prazer a artilharia que nos pesa esconde-se sem dar a cara. Mas todos os conhecemos bem. Dominam na perfeição esta eficaz máquina que dita a falência de um Estado já sem graça ocidentalmente instituído.
Podemos procurar entender o lado publicitário da coisa em si. Mas não queremos, obrigado! Temos um produto que não só não vende directamente, como joga levianamente com uma certa razão. Ou não. Mas se uma força ou partido político, ou pior ainda, se forem logo a dobrar, não só se entrega à lógica deste mercado, como cegamente se gabará de tamanho feito entre nobres corredores e escuros gabinetes, para depois chegar ao cúmulo de nos impingir um produto que não vem identificado e que muito menos tem voz num espaço de direito de antena assim devidamente assinalado, então este gesto da mais fina propaganda só pode ter um outro nome: foi um Erre que lhe deram e tiraram.
JBV (João Bruno Videira)»
JABOR REINCIDENTE COMPULSIVO
Leio sempre, semanalmente, a crónica de Arnaldo Jabor no “Jornal O Globo”, do Rio de Janeiro.
A crónica de 13 de Abril, sobre Osama Bin Ladem e Bush, uma dupla de morte, ainda lá está e termina magistralmente com esta frase:
«Achávamos também que Osama amava a morte e o Bush amava a vida. Engano. Bush também ama a morte. A única diferença é que Osama é inteligente e Bush é burro.»
Leia toda a crónica aqui.
Leio sempre, semanalmente, a crónica de Arnaldo Jabor no “Jornal O Globo”, do Rio de Janeiro.
A crónica de 13 de Abril, sobre Osama Bin Ladem e Bush, uma dupla de morte, ainda lá está e termina magistralmente com esta frase:
«Achávamos também que Osama amava a morte e o Bush amava a vida. Engano. Bush também ama a morte. A única diferença é que Osama é inteligente e Bush é burro.»
Leia toda a crónica aqui.
quarta-feira, abril 14, 2004
JPP ACORDOU PARA BATER NUM CEGUINHO
Acordou para bater em Domingos Lopes, um ortodoxo do PCP e, portanto, um alvo fácil de atingir.
Encontrou neste artigo de Domingos Lopes, publicado ontem, 13 de Abril, no Público, vasta matéria para desenferrujar a língua sobre o Iraque, coisa que não fazia há um bom par de dias em que esteve caladinho que nem um rato tendo entregue o Abrupto aos “seus leitores” e limitando-se a colocar poesia e pintura na página enquanto no Iraque os ocupantes iam “instaurando a democracia”, à bomba, sobre um mar de cadáveres de civis.
Já que JPP nos mostra aqui um imenso gosto pela análise histórica e um perfeito domínio da verdade sobre o que (e o porquê do que) tem acontecido no Iraque, permitimo-nos colocar-lhe o seguinte desafio:
Faça uma analisezinha a este texto de Vital Moreira, sobre o mesmo assunto, publicado no mesmo jornal e no mesmo dia que o texto de Domingos Lopes o foi, para vermos se passa na prova. Para vermos se (V. JPP, e não Vital Moreira – nada de confusões) passa na prova.
Um reparozito só: MÁ FÉ (como escreveu no título da sua posta) não é a mesma coisa que MÁ-FÉ; é coisa bem diferente, até. A não ser que quisesse mesmo dizer “má fé” – do que duvidamos, e nesse caso pedimos desculpas pela má interpretação que, pode crer, não enfermou de má-fé da nossa parte – talvez quisesse corrigir a coisa não vá Domingos Lopes descrer da sua (dele) fé ideológica.
Acordou para bater em Domingos Lopes, um ortodoxo do PCP e, portanto, um alvo fácil de atingir.
Encontrou neste artigo de Domingos Lopes, publicado ontem, 13 de Abril, no Público, vasta matéria para desenferrujar a língua sobre o Iraque, coisa que não fazia há um bom par de dias em que esteve caladinho que nem um rato tendo entregue o Abrupto aos “seus leitores” e limitando-se a colocar poesia e pintura na página enquanto no Iraque os ocupantes iam “instaurando a democracia”, à bomba, sobre um mar de cadáveres de civis.
Já que JPP nos mostra aqui um imenso gosto pela análise histórica e um perfeito domínio da verdade sobre o que (e o porquê do que) tem acontecido no Iraque, permitimo-nos colocar-lhe o seguinte desafio:
Faça uma analisezinha a este texto de Vital Moreira, sobre o mesmo assunto, publicado no mesmo jornal e no mesmo dia que o texto de Domingos Lopes o foi, para vermos se passa na prova. Para vermos se (V. JPP, e não Vital Moreira – nada de confusões) passa na prova.
Um reparozito só: MÁ FÉ (como escreveu no título da sua posta) não é a mesma coisa que MÁ-FÉ; é coisa bem diferente, até. A não ser que quisesse mesmo dizer “má fé” – do que duvidamos, e nesse caso pedimos desculpas pela má interpretação que, pode crer, não enfermou de má-fé da nossa parte – talvez quisesse corrigir a coisa não vá Domingos Lopes descrer da sua (dele) fé ideológica.
PICASSO POR UM INSTANTE...
...genial, mulherengo e comunista.
Ah! Quem dera a José Manuel Fernandes ser Picasso por um instante só que fosse: abandonar a casota de onde escreve com os olhos vidrados fixando Bush; ter o conhecimento da vida e senti-la humanamente; desprezar os poderosos e viver a liberdade individualmente como uma borboleta; não escrever editoriais idiotas e dar voz a outros que acreditam que do lado de cá, do lado dos leitores, há uma coisa que se chama inteligência.
...genial, mulherengo e comunista.
Ah! Quem dera a José Manuel Fernandes ser Picasso por um instante só que fosse: abandonar a casota de onde escreve com os olhos vidrados fixando Bush; ter o conhecimento da vida e senti-la humanamente; desprezar os poderosos e viver a liberdade individualmente como uma borboleta; não escrever editoriais idiotas e dar voz a outros que acreditam que do lado de cá, do lado dos leitores, há uma coisa que se chama inteligência.
domingo, abril 11, 2004
MÁRIO SOARES E O RESTO
A 18 de Março passado, sobre a tese de Mário Soares de que “era preciso dialogar com as organizações terroristas”, Salmoura escreveu numa posta aqui em baixo, intitulada “Sempre Lúcido”, o seguinte:
«Mário Soares é, assim, a primeira personalidade política de envergadura internacional a defender a tese do diálogo com as organizações terroristas.
Tenho razões para pensar que mais uma vez tem razão antes de tempo.
Primeiro vai apanhar “tareias” valentes de todos os “bombistas ideológicos” da direita (da direita troglodita à direita civilizada – aquela que Freitas do Amaral apelidou de pouco inteligente) e de alguns “equilibristas” da esquerda envergonhada (situados quer à esquerda, quer à direita).
No fim ver-se-ão forçados a dar razão a Soares. Tal como já aconteceu várias vezes no passado.»
E não foi preciso esperar muito tempo para termos a prova disso.
Com efeito, a coligação invasora e ocupadora do Iraque (Estados Unidos e Grã Bretanha) acaba de negociar com os "terroristas" de Falluja (agora interesseira e oportunisticamente apelidados de "guerrilha" de Falluja) um acordo de cessar-fogo pois, estavam a fazer mossa nas tropas invasoras.
É a realidade a sobrepor-se à ficção do poderio militar "total" que a coligação invasora pensava deter.
Vem nos jornais:
«A coligação dirigida pelos Estados Unidos e a guerrilha de Falluja chegaram hoje (10/04/04) a acordo sobre um cessar-fogo de doze horas, a começar amanhã às 06h00».
Perante isto perguntamos: e agora senhores trogloditas da direita; e agora senhores frouxos da esquerda envergonhada; o que é que vão fazer depois de terem batido tanto em Mário Soares?
Pedem desculpas ao velhote ou vão assobiar para o lado?
A 18 de Março passado, sobre a tese de Mário Soares de que “era preciso dialogar com as organizações terroristas”, Salmoura escreveu numa posta aqui em baixo, intitulada “Sempre Lúcido”, o seguinte:
«Mário Soares é, assim, a primeira personalidade política de envergadura internacional a defender a tese do diálogo com as organizações terroristas.
Tenho razões para pensar que mais uma vez tem razão antes de tempo.
Primeiro vai apanhar “tareias” valentes de todos os “bombistas ideológicos” da direita (da direita troglodita à direita civilizada – aquela que Freitas do Amaral apelidou de pouco inteligente) e de alguns “equilibristas” da esquerda envergonhada (situados quer à esquerda, quer à direita).
No fim ver-se-ão forçados a dar razão a Soares. Tal como já aconteceu várias vezes no passado.»
E não foi preciso esperar muito tempo para termos a prova disso.
Com efeito, a coligação invasora e ocupadora do Iraque (Estados Unidos e Grã Bretanha) acaba de negociar com os "terroristas" de Falluja (agora interesseira e oportunisticamente apelidados de "guerrilha" de Falluja) um acordo de cessar-fogo pois, estavam a fazer mossa nas tropas invasoras.
É a realidade a sobrepor-se à ficção do poderio militar "total" que a coligação invasora pensava deter.
Vem nos jornais:
«A coligação dirigida pelos Estados Unidos e a guerrilha de Falluja chegaram hoje (10/04/04) a acordo sobre um cessar-fogo de doze horas, a começar amanhã às 06h00».
Perante isto perguntamos: e agora senhores trogloditas da direita; e agora senhores frouxos da esquerda envergonhada; o que é que vão fazer depois de terem batido tanto em Mário Soares?
Pedem desculpas ao velhote ou vão assobiar para o lado?
quinta-feira, abril 08, 2004
MAS QUE GRANDE SARILHO!
A Al-Qaeda acaba de engrossar as suas fileiras com um terrorista de alto coturno e indiscutível peso à escala planetária: nada mais nada menos que o Papa, João Paulo II, lui memme.
Pois o Vaticano acabou, hoje mesmo, de condenar oficialmente a invasão e ocupação do Iraque pelas tropas americanas e britânicas.
Como Bush tinha declarado que «quem não está connosco está com os terroristas», não há volta a dar a esta situação;
O Papa está com os terroristas!
Agora, no terreno e a favor da guerra ficam só: Bush e Blair; Aznar (o fantasma) e Durão Barroso; Pacheco Pereira e José Manuel Fernandes; Vasco Rato e Luís Delgado. Um octeto deveras interessante. Imaginem lá os oito numa foto de família.
A Al-Qaeda acaba de engrossar as suas fileiras com um terrorista de alto coturno e indiscutível peso à escala planetária: nada mais nada menos que o Papa, João Paulo II, lui memme.
Pois o Vaticano acabou, hoje mesmo, de condenar oficialmente a invasão e ocupação do Iraque pelas tropas americanas e britânicas.
Como Bush tinha declarado que «quem não está connosco está com os terroristas», não há volta a dar a esta situação;
O Papa está com os terroristas!
Agora, no terreno e a favor da guerra ficam só: Bush e Blair; Aznar (o fantasma) e Durão Barroso; Pacheco Pereira e José Manuel Fernandes; Vasco Rato e Luís Delgado. Um octeto deveras interessante. Imaginem lá os oito numa foto de família.
AINDA AS DUAS MORTES EM LAGOS
Sobre as duas mortes havidas há poucos dias no Hospital de Lagos, Salmoura escreveu na altura o seguinte:
«Sejamos pacientes. Aguardemos os inquéritos e as suas conclusões. E rezemos muito para que estes episódios nada tenham ver com as previsões pessimistas que Salmoura tem vindo a fazer no que ao futuro dos cuidados de Saúde diz (ou dizia?) respeito, devido à política de Saúde deste Governo.»
Pois hoje a Ordem dos Médicos, no decurso de um inquérito dirigido pelo presidente do Colégio de Anestesiologia da Ordem dos Médicos, vem declarar que foi apurado já que não houve má prática por parte da médica anestesista. Tudo aponta para que foi o anestésico usado, Propofol, de que se adquiriu um genérico (mais barato conforme é hoje de boa prática para não se gastar dinheiro), o causador das mortes.
Aguardemos serenamente pelo final dos inquéritos e dos processos disciplinares para ficarmos a saber de quem afinal é a responsabilidade da tragédia.
O Governo que não se ponha já de fora pois poderá muito bem ser ele o responsável indirecto e involuntário de ditas mortes ao promover, através das suas directivas de gestão, a preferência pelos produtos mais baratos.
Salmoura não gostaria, mesmo nada, de ter tido razão quando vaticinou «ainda vai morrer gente».
Pior será se não se arrepiar caminho na política em curso.
É que, com a vida das pessoas não se pode brincar.
Nota importante:
Para que se não insinue minimamente que a Ordem dos Médicos assim concluiu porque o que quer é proteger a médica anestesista, pois que há um relatório preliminar dos inspectores da Inspecção Geral de Saúde que aponta para «erro humano», é bom dizer aqui, alto e bom som, que os inspectores de saúde são burocratas que não têm qualquer formação médica.
Sobre as duas mortes havidas há poucos dias no Hospital de Lagos, Salmoura escreveu na altura o seguinte:
«Sejamos pacientes. Aguardemos os inquéritos e as suas conclusões. E rezemos muito para que estes episódios nada tenham ver com as previsões pessimistas que Salmoura tem vindo a fazer no que ao futuro dos cuidados de Saúde diz (ou dizia?) respeito, devido à política de Saúde deste Governo.»
Pois hoje a Ordem dos Médicos, no decurso de um inquérito dirigido pelo presidente do Colégio de Anestesiologia da Ordem dos Médicos, vem declarar que foi apurado já que não houve má prática por parte da médica anestesista. Tudo aponta para que foi o anestésico usado, Propofol, de que se adquiriu um genérico (mais barato conforme é hoje de boa prática para não se gastar dinheiro), o causador das mortes.
Aguardemos serenamente pelo final dos inquéritos e dos processos disciplinares para ficarmos a saber de quem afinal é a responsabilidade da tragédia.
O Governo que não se ponha já de fora pois poderá muito bem ser ele o responsável indirecto e involuntário de ditas mortes ao promover, através das suas directivas de gestão, a preferência pelos produtos mais baratos.
Salmoura não gostaria, mesmo nada, de ter tido razão quando vaticinou «ainda vai morrer gente».
Pior será se não se arrepiar caminho na política em curso.
É que, com a vida das pessoas não se pode brincar.
Nota importante:
Para que se não insinue minimamente que a Ordem dos Médicos assim concluiu porque o que quer é proteger a médica anestesista, pois que há um relatório preliminar dos inspectores da Inspecção Geral de Saúde que aponta para «erro humano», é bom dizer aqui, alto e bom som, que os inspectores de saúde são burocratas que não têm qualquer formação médica.
terça-feira, abril 06, 2004
DIGNIDADE, APENAS DIGNIDADE
(2829 metros de altitide)
Um guia cabo-verdiano contou a Salmoura o seguinte episódio passado com uma foto-repórter etnográfica americana, lá nos confins da ilha do Fogo, em Cabo Verde.
A repórter estava nesse dia a fotografar as habitações isoladas dos camponeses e pastores da serra. Deslocou-se a Chã das Caldeiras, localidade já várias vezes queimada por lavas incandescentes do vulcão que lhe fica mesmo ali à ilharga, onde divisou uma casa feita de pedra basáltica e telhado de colmo, com uma única porta (aberta) a servir o único compartimento da mesma. Aproximou-se e constatou que uma mulher de idade indefinida, de carnes secas e tez acobreada, estava nas imediações entregue à tarefa da ordenha de uma das três cabras que tinha. Feitos os conhecimentos através do guia, com algum custo convenceu a pastora a permitir-lhe fotografar o interior da habitação com chão de terra batida onde havia um estrado com uma enxerga coberta por uma colcha colorida, uma mesa e dois mochos em madeira (nos quais a pastora insistira muito para que se sentassem e descansassem), um pote de barro com água e uma arca de madeira tosca a um dos cantos.
Feitas as fotografias e obtidas as informações necessárias, a repórter ficou a saber que a mulher era habitante solitária (o marido morrera e os filhos, adultos, «foram à vida deles») e vivia das cabras e de algumas galinhas, dos produtos de uma pequena horta, comprando açucar, petróleo para a lamparina, banha de porco e feijões com os parcos escudos que de vez em quando um dos filhos lhe mandava.
Fazendo contas de cabeça a repórter concluiu que estava perante «a miracle» pois não era possível viver com tão pouco. Com quase nada.
Impressionada e perturbada, a repórter agradeceu a hospitalidade, despediu-se e, acompanhada pelo guia meteram-se a caminho. Mal tinham andado umas dezenas de metros ouviram chamar e viram que a mulher vinha em sua direcção; trazia na mão uma toalhinha branca atada pelas quatro pontas e contendo qualquer coisa dentro. Desatados os nós verificaram que eram presenteados com quatro maçãs mirradas. «É para matarem a fome pelo caminho», disse-lhes a mulher.
(2829 metros de altitide)
Um guia cabo-verdiano contou a Salmoura o seguinte episódio passado com uma foto-repórter etnográfica americana, lá nos confins da ilha do Fogo, em Cabo Verde.
A repórter estava nesse dia a fotografar as habitações isoladas dos camponeses e pastores da serra. Deslocou-se a Chã das Caldeiras, localidade já várias vezes queimada por lavas incandescentes do vulcão que lhe fica mesmo ali à ilharga, onde divisou uma casa feita de pedra basáltica e telhado de colmo, com uma única porta (aberta) a servir o único compartimento da mesma. Aproximou-se e constatou que uma mulher de idade indefinida, de carnes secas e tez acobreada, estava nas imediações entregue à tarefa da ordenha de uma das três cabras que tinha. Feitos os conhecimentos através do guia, com algum custo convenceu a pastora a permitir-lhe fotografar o interior da habitação com chão de terra batida onde havia um estrado com uma enxerga coberta por uma colcha colorida, uma mesa e dois mochos em madeira (nos quais a pastora insistira muito para que se sentassem e descansassem), um pote de barro com água e uma arca de madeira tosca a um dos cantos.
Feitas as fotografias e obtidas as informações necessárias, a repórter ficou a saber que a mulher era habitante solitária (o marido morrera e os filhos, adultos, «foram à vida deles») e vivia das cabras e de algumas galinhas, dos produtos de uma pequena horta, comprando açucar, petróleo para a lamparina, banha de porco e feijões com os parcos escudos que de vez em quando um dos filhos lhe mandava.
Fazendo contas de cabeça a repórter concluiu que estava perante «a miracle» pois não era possível viver com tão pouco. Com quase nada.
Impressionada e perturbada, a repórter agradeceu a hospitalidade, despediu-se e, acompanhada pelo guia meteram-se a caminho. Mal tinham andado umas dezenas de metros ouviram chamar e viram que a mulher vinha em sua direcção; trazia na mão uma toalhinha branca atada pelas quatro pontas e contendo qualquer coisa dentro. Desatados os nós verificaram que eram presenteados com quatro maçãs mirradas. «É para matarem a fome pelo caminho», disse-lhes a mulher.
domingo, abril 04, 2004
AI QUE SAUDADES DOS CABO-VERDIANOS, AI, AI…
Na Guiné-Bissau prossegue a demolição do pouco que por lá ainda existe como resquício do país que foi no tempo em que os cabo-verdianos lá estavam.
Com efeito, a TSF noticia hoje:
«GUINÉ-BISSAU
Conselho de Segurança analisa crise política
O Conselho de Segurança da ONU vai analisar a crise política na Guiné-Bissau, na terça-feira. Este sábado, em conferência de imprensa, o presidente da Comissão Nacional de Eleições revelou que está a ser ameaçado de morte.»
Na Guiné-Bissau prossegue a demolição do pouco que por lá ainda existe como resquício do país que foi no tempo em que os cabo-verdianos lá estavam.
Com efeito, a TSF noticia hoje:
«GUINÉ-BISSAU
Conselho de Segurança analisa crise política
O Conselho de Segurança da ONU vai analisar a crise política na Guiné-Bissau, na terça-feira. Este sábado, em conferência de imprensa, o presidente da Comissão Nacional de Eleições revelou que está a ser ameaçado de morte.»
O REI VAI NU… E MENTE E GOZA CONNOSCO
Para quem tem conhecimento de como as coisas se estão a processar nos hospitais SA, o canto de "vitória" do Ministro da Saúde, no que à gestão desses hospitais diz respeito, é motivo para uma grande gargalhada.
Assim como quando há eleições e os partidos todos aparecem a cantar vitória (não aparecendo nunca um só dentre eles que assuma a derrota eleitoral) assim também o governo canta "vitória" na gestão dos hospitais SA.
Seria preciso conhecer todos os malabarismos estatísticos que estão na base desta "vitória" do Governo para se concluir, como aqui se tem dito já, que o rei vai nu. E que mente.
Apenas um exemplo comezinho mas esclarecedor:
Quando um doente que foi operado tem alta, e vai para casa, tendo ainda alguns pontos que vão ter que ser tirados dois ou três dias depois – ao regressar ao hospital, apenas para que alguém (enfermeiro, aluno, médico estagiário ou outro) lhe tire os restantes pontos, sabem o que acontece?
Esse acto é tratado estatística e contabilisticamente como UMA CONSULTA MÉDICA.
Antigamente o doente ia ao Centro de Saúde tirar pontos (o que era feito por um enfermeiro) e voltava para casa sem que o acto de tirar os pontos tivesse quaisquer consequências na estatística das consultas e nas receitas da unidade de saúde.
Acreditem: estão mas é a gozar connosco.
Nota:
1) Salmoura lembrou-se de escrever sobre isto depois de ter lido há pouco este artigo de António Barreto.
2) Felizmente que actualmente o tema "Saúde" é já quase dominante nos média portugueses: só o "Expresso" de ontem traz quase meio caderno sobre este assunto. Salmoura congratula-se com a desinibição dos jornalistas na abordagem do tema. Ou será que foi a realidade que os obrigou a pegarem nele, tão forte se tornou e tão prementemente se impôs!?
3) Entretanto, apesar das "vitórias", o Senhor Presidente da República manifestou mais uma vez, ontem no Minho, preocupações relativamente à Saude em Portugal.
Para quem tem conhecimento de como as coisas se estão a processar nos hospitais SA, o canto de "vitória" do Ministro da Saúde, no que à gestão desses hospitais diz respeito, é motivo para uma grande gargalhada.
Assim como quando há eleições e os partidos todos aparecem a cantar vitória (não aparecendo nunca um só dentre eles que assuma a derrota eleitoral) assim também o governo canta "vitória" na gestão dos hospitais SA.
Seria preciso conhecer todos os malabarismos estatísticos que estão na base desta "vitória" do Governo para se concluir, como aqui se tem dito já, que o rei vai nu. E que mente.
Apenas um exemplo comezinho mas esclarecedor:
Quando um doente que foi operado tem alta, e vai para casa, tendo ainda alguns pontos que vão ter que ser tirados dois ou três dias depois – ao regressar ao hospital, apenas para que alguém (enfermeiro, aluno, médico estagiário ou outro) lhe tire os restantes pontos, sabem o que acontece?
Esse acto é tratado estatística e contabilisticamente como UMA CONSULTA MÉDICA.
Antigamente o doente ia ao Centro de Saúde tirar pontos (o que era feito por um enfermeiro) e voltava para casa sem que o acto de tirar os pontos tivesse quaisquer consequências na estatística das consultas e nas receitas da unidade de saúde.
Acreditem: estão mas é a gozar connosco.
Nota:
1) Salmoura lembrou-se de escrever sobre isto depois de ter lido há pouco este artigo de António Barreto.
2) Felizmente que actualmente o tema "Saúde" é já quase dominante nos média portugueses: só o "Expresso" de ontem traz quase meio caderno sobre este assunto. Salmoura congratula-se com a desinibição dos jornalistas na abordagem do tema. Ou será que foi a realidade que os obrigou a pegarem nele, tão forte se tornou e tão prementemente se impôs!?
3) Entretanto, apesar das "vitórias", o Senhor Presidente da República manifestou mais uma vez, ontem no Minho, preocupações relativamente à Saude em Portugal.
sexta-feira, abril 02, 2004
DUAS MORTES EM LAGOS
Dois doentes de cirurgia morreram esta semana no hospital de Lagos, no Algarve. O Senhor Ministro da Saúde mandou encerrar o bloco operatório de dito hospital até novas ordens.
Para isto ser notícia é porque essas mortes não se inserem no normal funcionamento do hospital. Senão tudo continuaria na mesma e o bloco operatório continuaria a funcionar.
Sejamos pacientes. Aguardemos os inquéritos e as suas conclusões. E rezemos muito para que estes episódios nada tenham ver com as previsões pessimistas que Salmoura tem vindo a fazer no que ao futuro dos cuidados de Saúde diz (ou dizia?) respeito, devido à política de Saúde deste Governo.
Há uma posta antiga neste blogue em que se vaticinava: «ainda vai morrer gente». Esperemos que tenha sido (e seja) uma posta cassândrica totalmente improvável.
Dois doentes de cirurgia morreram esta semana no hospital de Lagos, no Algarve. O Senhor Ministro da Saúde mandou encerrar o bloco operatório de dito hospital até novas ordens.
Para isto ser notícia é porque essas mortes não se inserem no normal funcionamento do hospital. Senão tudo continuaria na mesma e o bloco operatório continuaria a funcionar.
Sejamos pacientes. Aguardemos os inquéritos e as suas conclusões. E rezemos muito para que estes episódios nada tenham ver com as previsões pessimistas que Salmoura tem vindo a fazer no que ao futuro dos cuidados de Saúde diz (ou dizia?) respeito, devido à política de Saúde deste Governo.
Há uma posta antiga neste blogue em que se vaticinava: «ainda vai morrer gente». Esperemos que tenha sido (e seja) uma posta cassândrica totalmente improvável.
quinta-feira, abril 01, 2004
TRISTEZAS NA GUINÉ ALEGRIAS EM CABO VERDE
Na Guiné-Bussau houve eleições na semana passada. Os perdedores afirmam que não aceitarão os resultados eleitorais (ainda não divulgados mas, ao que parece, conhecidos) alegando «irregularidades várias e fraude». O Comité Militar (um grupo formado por 25 oficiais do exército que com as suas famílias devem ser as únicas pessoas que vivem razoavelmente na Guiné) reuniu-se e mandou calar a Comissão Eleitoral (autoridade máxima para o processo eleitoral) obrigando-a, assim, a não divulgar os resultados eleitorais.
O impasse na marcha da Guiné-Bissau (hoje não mais que um território pobre habitado) à procura de ser um esboço de país é mais uma machadada dos seus próprios filhos (cegos, insensíveis e irresponsáveis) num corpo que deixou de ter saúde logo que um golpe de Estado, dado por Nino Vieira, nos anos oitenta, «para entregar a Guiné aos guineenses» correu com os cabo-verdianos que os ajudavam a governar o país (que então existia) tendo transformado em pouco mais de vinte anos o então país num corpo moribundo em vias de morte e putrefacção.
É em casos como este que se prova inequivocamente que sem instrução e educação não há maneira de os povos progredirem, se governarem em paz e encontrarem o rumo do progresso.
Entretanto o Senhor Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, com uma comitiva que integra empresários de várias áreas, está de visita a Cabo Verde (onde a oposição acabou de ganhar as eleições autárquicas e onde os indicadores económicos e sociais já permitem que o país seja considerado “país de desenvolvimento médio” abandonando assim a classificação de “país subdesenvolvido”) para, entre outras coisas, assinar acordos de cooperação nos domínios do turismo e dos transportes aéreos tornando assim as viagens 50% mais baratas (é o que se fala) e ajudar Cabo Verde a desenvolver-se.
Na Guiné-Bussau houve eleições na semana passada. Os perdedores afirmam que não aceitarão os resultados eleitorais (ainda não divulgados mas, ao que parece, conhecidos) alegando «irregularidades várias e fraude». O Comité Militar (um grupo formado por 25 oficiais do exército que com as suas famílias devem ser as únicas pessoas que vivem razoavelmente na Guiné) reuniu-se e mandou calar a Comissão Eleitoral (autoridade máxima para o processo eleitoral) obrigando-a, assim, a não divulgar os resultados eleitorais.
O impasse na marcha da Guiné-Bissau (hoje não mais que um território pobre habitado) à procura de ser um esboço de país é mais uma machadada dos seus próprios filhos (cegos, insensíveis e irresponsáveis) num corpo que deixou de ter saúde logo que um golpe de Estado, dado por Nino Vieira, nos anos oitenta, «para entregar a Guiné aos guineenses» correu com os cabo-verdianos que os ajudavam a governar o país (que então existia) tendo transformado em pouco mais de vinte anos o então país num corpo moribundo em vias de morte e putrefacção.
É em casos como este que se prova inequivocamente que sem instrução e educação não há maneira de os povos progredirem, se governarem em paz e encontrarem o rumo do progresso.
Entretanto o Senhor Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, com uma comitiva que integra empresários de várias áreas, está de visita a Cabo Verde (onde a oposição acabou de ganhar as eleições autárquicas e onde os indicadores económicos e sociais já permitem que o país seja considerado “país de desenvolvimento médio” abandonando assim a classificação de “país subdesenvolvido”) para, entre outras coisas, assinar acordos de cooperação nos domínios do turismo e dos transportes aéreos tornando assim as viagens 50% mais baratas (é o que se fala) e ajudar Cabo Verde a desenvolver-se.
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