Independentemente de se ter dedicado ao jornalismo e ao cinema, Arnaldo Jabor é essencialmente um cronista incontornável da realidade brasileira que ele escalpeliza com especial acidez e argúcia numa escrita cheia de adjectivos, que faz lembrar o nosso Eça, mas um pouco mais ousada – chamando os bois pelos nomes e usando muitas vezes nomes bem feios para eles –. Não nutre especial admiração pelos intelectuais brasileiros e apelida frequentemente Bush de “babaca”.
Quem ler semanalmente a página cultural do Jornal O Globo, do Rio de Janeiro, só pode ficar a ganhar com a leitura das crónicas de Jabor; e terá oportunidade de o comparar (sobretudo quanto à forma de abordagem dos problemas contemporâneos) aos cronistas da nossa praça e daí tirar conclusões bem interessantes. Erudito às vezes (muitas vezes), não desdenha achavascar a escrita quando a mostarda lhe sobe ao nariz.
A última crónica dele conta um telefonema do céu que lhe fez Nelson Rodrigues, romancista e dramaturgo falecido em 1980, com quem Jabor compartilhou durante muitos anos a arte e o gozo de xingar a classe média brasileira. Uma vez Nelson Rodrigues escreveu:
da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci
menino, hei de morrer menino. E o buraco
da fechadura é, realmente, a minha ótica
de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo
pornográfico."
A coluna de Jabor sai semanalmente e é sempre “imperdível”, acreditem. Faça um clique aqui que jamais vai deixar de ler Arnaldo Jabor.