UMA CHAPELADA
Arnaldo Jabor escreve hoje no jornal "O Globo" do Rio de Janeiro:
«Não há tempo para os bichos. Se quisermos manhã, dia e noite, temos de ir morar no mato.»
«Nosso atraso cria a utopia de que, um dia, chegaremos a algo definitivo. Mas ser subdesenvolvido não é "não ter futuro"; é nunca estar no presente.»
Leia o artigo todo aqui, Vale bem a pena. Vai ver.
terça-feira, setembro 30, 2003
DIZ-ME O QUE VESTES...
Eduardo Pardo coelho escreve hoje no ”Público” «De que lado estás? - pergunta-se. Do lado do juiz Rui Teixeira, que todas as manhãs faz ginástica antes de ir trabalhar, e que tem um perfil de "Taxi Driver", ou do lado dos que acham que juízes como estes são um perigo para os direitos democráticos?»
Eu sou dos que acham que «o hábito não faz o monge». Mas sou obrigado a achar que os monges devem usar o hábito.
E já que usei um aforismo recorro a este outro que diz que «não se deve cuspir na sopa» para mostrar a minha perplexidade por a prisão de Carlos Cruz ter sido levada a cabo no dia 1 de Fevereiro de 2003, isto é, no “Um, Dois, Três”. Um acto, no mínimo, de puro mau-gosto; uma autêntica cuspidela na sopa.
Eduardo Pardo coelho escreve hoje no ”Público” «De que lado estás? - pergunta-se. Do lado do juiz Rui Teixeira, que todas as manhãs faz ginástica antes de ir trabalhar, e que tem um perfil de "Taxi Driver", ou do lado dos que acham que juízes como estes são um perigo para os direitos democráticos?»
Eu sou dos que acham que «o hábito não faz o monge». Mas sou obrigado a achar que os monges devem usar o hábito.
E já que usei um aforismo recorro a este outro que diz que «não se deve cuspir na sopa» para mostrar a minha perplexidade por a prisão de Carlos Cruz ter sido levada a cabo no dia 1 de Fevereiro de 2003, isto é, no “Um, Dois, Três”. Um acto, no mínimo, de puro mau-gosto; uma autêntica cuspidela na sopa.
OU HÁ MORALIDADE...
José Manuel Fernandes, director do jornal "Público", referindo-se ao Irão, pergunta hoje em editorial desse jornal: «Por que é que um país que é dos maiores produtores mundiais de petróleo quer construir uma central nuclear para produzir electricidade?»
Na sequência da pergunta de JMF, podemos também fazer esta pergunta:
Por que é que a um país tão belicista como é Israel, e que comete, sistematicamente, todos os dias, terrorismo de Estado, é permitido ter armas nucleares?
A proibição das armas de destruição massiva, nomeadamente de armas nucleares, deve ser observada por todos os países. Enquanto assim não for torna-se legítimo cada um pensar em ter a sua própria bomba atómica.
Não há nenhuma razão para um dirigente político muçulmano, por exemplo, ser obrigado a admitir que ele próprio é perigoso para a humanidade e que Bush, por exemplo, o não é.
José Manuel Fernandes, director do jornal "Público", referindo-se ao Irão, pergunta hoje em editorial desse jornal: «Por que é que um país que é dos maiores produtores mundiais de petróleo quer construir uma central nuclear para produzir electricidade?»
Na sequência da pergunta de JMF, podemos também fazer esta pergunta:
Por que é que a um país tão belicista como é Israel, e que comete, sistematicamente, todos os dias, terrorismo de Estado, é permitido ter armas nucleares?
A proibição das armas de destruição massiva, nomeadamente de armas nucleares, deve ser observada por todos os países. Enquanto assim não for torna-se legítimo cada um pensar em ter a sua própria bomba atómica.
Não há nenhuma razão para um dirigente político muçulmano, por exemplo, ser obrigado a admitir que ele próprio é perigoso para a humanidade e que Bush, por exemplo, o não é.
LEVANTA-TE E ANDA!, CHE GUEVARA
Nos anos sessenta a PIDE proibira em Cabo Verde a formação de grupos de mais de duas pessoas em locais públicos (jardins, passeios, etc.).
A PSP "fiscalizava" os cidadãos e sempre que via três ou mais pessoas a conversar aproximava-se delas e dava a ordem «dispersar, dispersar». Se um grupo, mesmo constituído por apenas duas pessoas, estivesse parado a conversar havia outra ordem «toca a andar, toca a andar».
Quem viveu, durante anos a fio, esses tempos de humilhação e conheceu bem na pele o que era a restrição da liberdade do cidadão e as perseguições policiais àqueles que eram considerados "subversivos" apenas porque exprimiam as suas ideias – quem viveu esses tempos –, não pode hesitar um segundo sequer em condenar veementemente o regime cubano de Fidel Castro.
Quando se chega ao cúmulo do absurdo de se exigir aos cidadãos uma licença especial para terem na sua posse e usarem uma simples máquina de escrever, é chegada a altura de haver uma nova "Sierra Maestra"; é chegada a altura de ressuscitar Che Guevara para o guerrilheiro pegar em armas e libertar de novo o povo cubano.
Levanta-te, Che! porque a prisão de Fidel é hoje incomensuravelmente maior que a prisão de Fulgêncio Batista. A prisão hoje é toda a ilha de Cuba.
Nos anos sessenta a PIDE proibira em Cabo Verde a formação de grupos de mais de duas pessoas em locais públicos (jardins, passeios, etc.).
A PSP "fiscalizava" os cidadãos e sempre que via três ou mais pessoas a conversar aproximava-se delas e dava a ordem «dispersar, dispersar». Se um grupo, mesmo constituído por apenas duas pessoas, estivesse parado a conversar havia outra ordem «toca a andar, toca a andar».
Quem viveu, durante anos a fio, esses tempos de humilhação e conheceu bem na pele o que era a restrição da liberdade do cidadão e as perseguições policiais àqueles que eram considerados "subversivos" apenas porque exprimiam as suas ideias – quem viveu esses tempos –, não pode hesitar um segundo sequer em condenar veementemente o regime cubano de Fidel Castro.
Quando se chega ao cúmulo do absurdo de se exigir aos cidadãos uma licença especial para terem na sua posse e usarem uma simples máquina de escrever, é chegada a altura de haver uma nova "Sierra Maestra"; é chegada a altura de ressuscitar Che Guevara para o guerrilheiro pegar em armas e libertar de novo o povo cubano.
Levanta-te, Che! porque a prisão de Fidel é hoje incomensuravelmente maior que a prisão de Fulgêncio Batista. A prisão hoje é toda a ilha de Cuba.
domingo, setembro 28, 2003
RIP PARA O ESCALA ESTANTES
Eu não sabia mas o Escala Estantes morreu. O Vincent cansou-se de ser livreiro e criou outro blogue com características diferentes daquele.
Quem, como eu, teve prazer em lê-lo no Escala Estantes pode continuar a fazê-lo aqui no Bengelsdorff
Eu não sabia mas o Escala Estantes morreu. O Vincent cansou-se de ser livreiro e criou outro blogue com características diferentes daquele.
Quem, como eu, teve prazer em lê-lo no Escala Estantes pode continuar a fazê-lo aqui no Bengelsdorff
sábado, setembro 27, 2003
EXPLICAÇÃO PARA ANENCÉFALO PERCEBER
Alguém, confundindo opinião com princípios, achou por aí que na posta aqui em baixo defendo a teoria de que devemos todos usar uma cassete que repetiremos a vida toda não mudando nada na nossa maneira de pensar: nem sequer admitir o progresso da ciência seria permitido. Esta afirmação produzida sobre o que eu disse é que provém certamente de uma cassete que manda o seu executante achar que quando se defendem princípios se está a ser retrógrado, ortodoxo, aplicador de injecções atrás da orelha dos velhos e comedor de criancinhas ao pequeno almoço.
Falei em “matriz definidora do ser”. Vou ser mais comezinho para ver se sou entendido por quem tem neurónios com cutos-circuitos sinápticos e por anencéfalos: falei de princípios e de tudo o que associado a eles forma a identidade do ser. Se alguém acha que isso são apenas ideias que cabem em cassetes e que se podem mudar a cada minuto é lá com ele; se acha que a identidade pode ser mudada como quem muda de camisa (ou que não tem importância sermos amanhã quem não somos hoje) é lá com ele.
Eu já disse aqui mais abaixo quantos neurónios são precisos para fazer funcionar determinadas cabeças. Não vou repetir-me. E com isto dou por encerrado este assunto.
Alguém, confundindo opinião com princípios, achou por aí que na posta aqui em baixo defendo a teoria de que devemos todos usar uma cassete que repetiremos a vida toda não mudando nada na nossa maneira de pensar: nem sequer admitir o progresso da ciência seria permitido. Esta afirmação produzida sobre o que eu disse é que provém certamente de uma cassete que manda o seu executante achar que quando se defendem princípios se está a ser retrógrado, ortodoxo, aplicador de injecções atrás da orelha dos velhos e comedor de criancinhas ao pequeno almoço.
Falei em “matriz definidora do ser”. Vou ser mais comezinho para ver se sou entendido por quem tem neurónios com cutos-circuitos sinápticos e por anencéfalos: falei de princípios e de tudo o que associado a eles forma a identidade do ser. Se alguém acha que isso são apenas ideias que cabem em cassetes e que se podem mudar a cada minuto é lá com ele; se acha que a identidade pode ser mudada como quem muda de camisa (ou que não tem importância sermos amanhã quem não somos hoje) é lá com ele.
Eu já disse aqui mais abaixo quantos neurónios são precisos para fazer funcionar determinadas cabeças. Não vou repetir-me. E com isto dou por encerrado este assunto.
OS CUSTOS DO VIRAR DA CASACA (Actualizado)
A identidade política e cultural de uma pessoa é das coisas mais difíceis de construir. Leva muito tempo e dentre vários factores resulta de uma evolução contínua e da sedimentação de várias ideias, princípios e dados definidores de uma matriz complexa sobre que assentam o pensamento e a praxis do indivíduo, pelo menos.
Adquirida essa matriz o ser define-se em comunidade e (supõe-se) respeita-se e faz-se respeitar tal como é: fascista, comunista, anarquista, seja o que for.
É sabido que a inscrição da matriz de que falamos se faz de forma definitiva nas proteínas constitutivas do sistema nervoso central destinadas a fixar (memorizar) vitaliciamente as impressões cognitivas e os resultados relevantes de operações conscientes da mente do indivíduo (entre elas as conclusões das operações da mente com base nas ideias e nos dados sensoriais colhidos do ambiente) mas sobretudo aqueles resultados que, depois de vários processos de aferição, são conscientemente escolhidos, dentre todos, e "arrumados" com todo o cuidado como parte indestrutível da identidade do ser.
Ora bem, isto quer dizer que uma vez definida, entre outras, a identidade política e cultural do ser, este fica, para o mal e para o bem, com a inscrição matricial efectuada e na impossibilidade de a mudar sem que seja por um processo de reinscrição que nunca apagará totalmente o registo inicial. Este registo inicial é como que o sinal que fazemos quando vincamos, por exemplo, uma folha de papel couché; por mais que a tentemos alisar depois não conseguiremos fazer desaparecer esse sinal para dar lugar a apenas um outro vinco feito noutra direcção – nem sempre o vinco é feito noutra direcção: às vezes é paralelo ou ligeiramente divergente.
Os seres que se submetem a reinscrições matriciais (Durão Barroso, Zita Seabra, Paulo Portas – são meros exemplos conhecidos, pois há mais, muitos mais) enfrentam pela vida fora problemas de desadaptação que se manifestam, por exemplo, em tiques de linguagem, vícios de raciocínio, falta de naturalidade comportamental (rigidez de pose, sorrisos desapropriados ao momento, etc.,) que os transformam, às vezes, em autênticos bonecos (manipulados ou não pelos consultores de imagem ou por si próprios). Em certos casos perdem o equilíbrio emocional, adoecem e necessitam de tratamento. Verdade, verdadinha!
Quando a reinscrição matricial se faz paralelamente ou é ligeiramente divergente em relação à inscrição inicial resultam daí indivíduos com comportamentos, ideias, e praxis aparentemente genuínos mas que, quando bem analisados, revelam sinais de ambivalência, falta de caracterização evidente de certos actos mais responsabilizadores da pessoa, e outros pequenos tiques (sempre muito pequenos) que permitem identificar a perturbação matricial de base. Em certas alturas (quando é preciso vincar inequivocamente a personalidade, por exemplo) deixam mesmo vir ao de cimo, às vezes com uma certa ostentação até, os traços matriciais primitivos. Esta "operação" faz com que obtenham nessas alturas o seu pleno reequilíbrio emocional ao serem momentâneamente "transportados" à matriz-berço. Muitas vezes com o prejuízo de alguma coerência.
A mudança matricial de que falamos é, portanto, um factor de perturbação para qualquer um, e de doença para alguns, embora esse fenómeno possa trazer alguns benefícios (momentâneos ou duradouros) para certos indivíduos.
É por isso que vemos por aí tanto comportamento que consideramos inexplicável às vezes, e que outras vezes nos surpreende pelo inesperado e pela aparente bizarria da sua natureza.
Tudo isso não passa, afinal, de particularidades da natureza humana. Somos seres muito fracos e seria bom para a nossa saúde que ponderássemos muito bem, na hora que se nos oferecer uma nova casaca, se devemos mesmo vsti-la ou não. A escolha é livre e ainda bem que assim é. Mas muitas vezes o melhor mesmo é abstermo-nos de grandes "viagens" ideológicas e evitarmos mutações culturais profundas pois, como costuma dizer o vulgo, «o homem não é de pau» e mais tarde ou mais cedo há-de pagá-las.
É vê-los e ouvi-los por aí (aos mutantes). Às vezes até mete dó.
A identidade política e cultural de uma pessoa é das coisas mais difíceis de construir. Leva muito tempo e dentre vários factores resulta de uma evolução contínua e da sedimentação de várias ideias, princípios e dados definidores de uma matriz complexa sobre que assentam o pensamento e a praxis do indivíduo, pelo menos.
Adquirida essa matriz o ser define-se em comunidade e (supõe-se) respeita-se e faz-se respeitar tal como é: fascista, comunista, anarquista, seja o que for.
É sabido que a inscrição da matriz de que falamos se faz de forma definitiva nas proteínas constitutivas do sistema nervoso central destinadas a fixar (memorizar) vitaliciamente as impressões cognitivas e os resultados relevantes de operações conscientes da mente do indivíduo (entre elas as conclusões das operações da mente com base nas ideias e nos dados sensoriais colhidos do ambiente) mas sobretudo aqueles resultados que, depois de vários processos de aferição, são conscientemente escolhidos, dentre todos, e "arrumados" com todo o cuidado como parte indestrutível da identidade do ser.
Ora bem, isto quer dizer que uma vez definida, entre outras, a identidade política e cultural do ser, este fica, para o mal e para o bem, com a inscrição matricial efectuada e na impossibilidade de a mudar sem que seja por um processo de reinscrição que nunca apagará totalmente o registo inicial. Este registo inicial é como que o sinal que fazemos quando vincamos, por exemplo, uma folha de papel couché; por mais que a tentemos alisar depois não conseguiremos fazer desaparecer esse sinal para dar lugar a apenas um outro vinco feito noutra direcção – nem sempre o vinco é feito noutra direcção: às vezes é paralelo ou ligeiramente divergente.
Os seres que se submetem a reinscrições matriciais (Durão Barroso, Zita Seabra, Paulo Portas – são meros exemplos conhecidos, pois há mais, muitos mais) enfrentam pela vida fora problemas de desadaptação que se manifestam, por exemplo, em tiques de linguagem, vícios de raciocínio, falta de naturalidade comportamental (rigidez de pose, sorrisos desapropriados ao momento, etc.,) que os transformam, às vezes, em autênticos bonecos (manipulados ou não pelos consultores de imagem ou por si próprios). Em certos casos perdem o equilíbrio emocional, adoecem e necessitam de tratamento. Verdade, verdadinha!
Quando a reinscrição matricial se faz paralelamente ou é ligeiramente divergente em relação à inscrição inicial resultam daí indivíduos com comportamentos, ideias, e praxis aparentemente genuínos mas que, quando bem analisados, revelam sinais de ambivalência, falta de caracterização evidente de certos actos mais responsabilizadores da pessoa, e outros pequenos tiques (sempre muito pequenos) que permitem identificar a perturbação matricial de base. Em certas alturas (quando é preciso vincar inequivocamente a personalidade, por exemplo) deixam mesmo vir ao de cimo, às vezes com uma certa ostentação até, os traços matriciais primitivos. Esta "operação" faz com que obtenham nessas alturas o seu pleno reequilíbrio emocional ao serem momentâneamente "transportados" à matriz-berço. Muitas vezes com o prejuízo de alguma coerência.
A mudança matricial de que falamos é, portanto, um factor de perturbação para qualquer um, e de doença para alguns, embora esse fenómeno possa trazer alguns benefícios (momentâneos ou duradouros) para certos indivíduos.
É por isso que vemos por aí tanto comportamento que consideramos inexplicável às vezes, e que outras vezes nos surpreende pelo inesperado e pela aparente bizarria da sua natureza.
Tudo isso não passa, afinal, de particularidades da natureza humana. Somos seres muito fracos e seria bom para a nossa saúde que ponderássemos muito bem, na hora que se nos oferecer uma nova casaca, se devemos mesmo vsti-la ou não. A escolha é livre e ainda bem que assim é. Mas muitas vezes o melhor mesmo é abstermo-nos de grandes "viagens" ideológicas e evitarmos mutações culturais profundas pois, como costuma dizer o vulgo, «o homem não é de pau» e mais tarde ou mais cedo há-de pagá-las.
É vê-los e ouvi-los por aí (aos mutantes). Às vezes até mete dó.
sexta-feira, setembro 26, 2003
TELEJORNAL-CAMARADA?
Salmoura rejubila. É que Salmoura começou a fazer escola. Senão vejamos:
Ontem a TVi noticiou, no seu telejornal, o escândalo que é a nomeação ilegal, feita pelo ministro dos negócios estrangeiros, de Maria Elisa Domingues para conselheira cultural em Londres sem que esta tenha as habilitações exigidas por lei para o cargo.
Pedro Pinto, pivot do telejornal da TVi, quando leu a notícia rematou-a com este comentário à la Salmoura: «Enfim, uma autêntica pouca-vergonha e um grande tacho é o que é!».
Quem não ficaria radiante ao ser tão bem imitado?
Salmoura rejubila. É que Salmoura começou a fazer escola. Senão vejamos:
Ontem a TVi noticiou, no seu telejornal, o escândalo que é a nomeação ilegal, feita pelo ministro dos negócios estrangeiros, de Maria Elisa Domingues para conselheira cultural em Londres sem que esta tenha as habilitações exigidas por lei para o cargo.
Pedro Pinto, pivot do telejornal da TVi, quando leu a notícia rematou-a com este comentário à la Salmoura: «Enfim, uma autêntica pouca-vergonha e um grande tacho é o que é!».
Quem não ficaria radiante ao ser tão bem imitado?
quinta-feira, setembro 25, 2003
PORQUÊ, SENHOR MINISTRO?
A Tibolona
o melhor medicamento para a menopausa;
aquele que é larga e consensualmente considerado pela maioria das autoridades internacionais na matéria como sendo de longe o melhor medicamento para o efeito:
o melhor medicamento para prevenir os efeitos e tratar a menopausa na mulher;
o medicamento mais seguro dentre todos os outros destinados ao mesmo fim;
não é comparticipado por qualquer regime público de assistência na doença.
Claro que, a par de autênticos placebos (que felizmente não são comparticipados), há muitos outros medicamentos também bons e seguros para a menopausa. Que são comparticipados.
Mas porque é que o melhor não o é?
O porquê disto é para mim um perfeito mistério que dura há longos anos.
Pode algum deputado perguntar isso um dia ao senhor ministro da saúde?
Eu gostaria de saber a resposta.
Até hoje a capacidade financeira de cada uma é que tem determinado quem tem o direito de usar o melhor.
A Tibolona
o melhor medicamento para a menopausa;
aquele que é larga e consensualmente considerado pela maioria das autoridades internacionais na matéria como sendo de longe o melhor medicamento para o efeito:
o melhor medicamento para prevenir os efeitos e tratar a menopausa na mulher;
o medicamento mais seguro dentre todos os outros destinados ao mesmo fim;
não é comparticipado por qualquer regime público de assistência na doença.
Claro que, a par de autênticos placebos (que felizmente não são comparticipados), há muitos outros medicamentos também bons e seguros para a menopausa. Que são comparticipados.
Mas porque é que o melhor não o é?
O porquê disto é para mim um perfeito mistério que dura há longos anos.
Pode algum deputado perguntar isso um dia ao senhor ministro da saúde?
Eu gostaria de saber a resposta.
Até hoje a capacidade financeira de cada uma é que tem determinado quem tem o direito de usar o melhor.
segunda-feira, setembro 22, 2003
MUITO OBRIGADO, BLOG DE ESQUERDA
Este malandro vai trabalhar toda a noite pelo que hoje não há postas (ainda bem, dirão alguns, seria bom que trabalhasses o ano todo).
Mas não saio de casa sem primeiro
deixar aqui expresso o meu reconhecimento ao Blog de Esquerda, na pessoa do José Mário, por terem-me permitido postar naquele espaço onde me sinto muitíssimo bem.
Este malandro vai trabalhar toda a noite pelo que hoje não há postas (ainda bem, dirão alguns, seria bom que trabalhasses o ano todo).
Mas não saio de casa sem primeiro
deixar aqui expresso o meu reconhecimento ao Blog de Esquerda, na pessoa do José Mário, por terem-me permitido postar naquele espaço onde me sinto muitíssimo bem.
domingo, setembro 21, 2003
OPINIÃO DE TELESPECTADOR
Não me coíbo de dar a minha opinião sobre a prestação de Pacheco Pereira hoje à noite no "Jornal" da SIC.
Começou pelo "Muito Mentiroso", passou para a sonda Galileu, pelo D. Quixote, de Cervantes, opinou sobre os cartazes de Santana e abordou ainda mais um tema que não retive.
No fundo, embrulhado em acontecimentos menores do quotidiano, introduziu dois temas que podemos chamar de eruditos e a que o grande público em princípio não liga porque acha chato e próprio de magazines culturais que não lhe dizem respeito.
Fez muito bem Pacheco Pereira (quem sou eu para dizer isto?).
Trouxe alguma substância a uma televisão medíocre e chafurdadora (estou a pensar nos três canais generalistas) e arrisca a ajudar a mudar para melhor, a longo prazo, qualquer coisa no telespectador popular.
Pôs em acção aquela ideia que Umberto Eco exprimiu no Apocalípticos e Integrados segundo a qual é um erro pensar-se que se deve dar ao grande público apenas cultura popular porque esta é aquela que ele compreende e quer.
Eco defende que não se deve ter receio de dar cultura erudita ao grande público porque esta é a única forma de o cultivarmos. Durante os primeiros tempos ele pode nada perceber, mas aos poucos vai descobrindo o que se lhe quer transmitir e começa aí a dar os primeiros passos que o podem conduzir a algo mais interessante e compensador e a adquirir ferramentas que lhe permitam formar o sentido crítico e olhar de outra forma o mundo que o cerca e a compreender a sua complexidade.
Mas o tempo dado a Pacheco Pereira foi muito curto. É preciso alargá-lo um pouco mais para que a mensagem não seja tão telegráfica. Deve permanecer um pouco mais em cada tema. Oxalá a SIC chegue à mesma conclusão.
Nota: Pacheco ignorou por completo as acções do Governo. Se isso é um princípio que faz parte do seu acordo com a SIC sobre o formato das suas intervenções só nos resta admitir isso e mais nada.
Não me coíbo de dar a minha opinião sobre a prestação de Pacheco Pereira hoje à noite no "Jornal" da SIC.
Começou pelo "Muito Mentiroso", passou para a sonda Galileu, pelo D. Quixote, de Cervantes, opinou sobre os cartazes de Santana e abordou ainda mais um tema que não retive.
No fundo, embrulhado em acontecimentos menores do quotidiano, introduziu dois temas que podemos chamar de eruditos e a que o grande público em princípio não liga porque acha chato e próprio de magazines culturais que não lhe dizem respeito.
Fez muito bem Pacheco Pereira (quem sou eu para dizer isto?).
Trouxe alguma substância a uma televisão medíocre e chafurdadora (estou a pensar nos três canais generalistas) e arrisca a ajudar a mudar para melhor, a longo prazo, qualquer coisa no telespectador popular.
Pôs em acção aquela ideia que Umberto Eco exprimiu no Apocalípticos e Integrados segundo a qual é um erro pensar-se que se deve dar ao grande público apenas cultura popular porque esta é aquela que ele compreende e quer.
Eco defende que não se deve ter receio de dar cultura erudita ao grande público porque esta é a única forma de o cultivarmos. Durante os primeiros tempos ele pode nada perceber, mas aos poucos vai descobrindo o que se lhe quer transmitir e começa aí a dar os primeiros passos que o podem conduzir a algo mais interessante e compensador e a adquirir ferramentas que lhe permitam formar o sentido crítico e olhar de outra forma o mundo que o cerca e a compreender a sua complexidade.
Mas o tempo dado a Pacheco Pereira foi muito curto. É preciso alargá-lo um pouco mais para que a mensagem não seja tão telegráfica. Deve permanecer um pouco mais em cada tema. Oxalá a SIC chegue à mesma conclusão.
Nota: Pacheco ignorou por completo as acções do Governo. Se isso é um princípio que faz parte do seu acordo com a SIC sobre o formato das suas intervenções só nos resta admitir isso e mais nada.
MARCELO, PACHECO E SANTANA. UM TRIO OU NADA DISSO?
Hoje vou ver e ouvir Pacheco Pereira na SIC.
Li com atenção as explicações prévias que postou no Abrupto pelo que sei que o combate aguardado não vai acontecer e por isso devo manter baixas as expectativas. Não que lhe não reconheça qualidades de comunicador, honestidade intelectual e capacidade de argumentação capazes de o tornarem temível para os outros dois quanto à conquista de audiência. A Pacheco conhecemos bem as teses sobejamente explanadas, especialmente ao longo desta última década, pelo que dele o que esperamos, para já, são pelo menos explicações que nos levem a perceber porque é que defende a política deste Governo sem ministros (uma grande parte deles não existe ou existe muito atabalhoadamente) e incumpridor (ou mesmo fautor do contrário) das mais elementares promessas eleitorais e de grandíssima parte do seu programa.
De Marcelo há muito que estava farto e deixei de o escutar. Aquela fórmula cansa rapidamente o telespectador porque essencialmente não passa de uma ficção com pretensão a futurologia. Por outro lado as tentativas de manipulação da realidade e do telespectador são por vezes grosseiras e nada fáceis de aturar.
A Santana Lopes vou dar tempo para emitir a minha opinião sem valor. A primeira amostra deu-nos a ver um Santana como peixe fora de água. Isso de estar sozinho, sem contraponto (como estava habituado), é um pouco duro e exige que o comentador seja um homem de trabalho (se informe muito e bem ao longo da semana) e tenha já uma cultura geral muito sólida (coisa que não se adquire em dois ou três anos sequer, quanto mais à última da hora). Não é problema que se resolva apenas com telegenia, coisa que por sinal já vai faltando ao homem, pois a idade pesa, altera, destrói, penaliza e dá cabo das pessoas quanto mais de um galã.
Eu que o diga. Mas ainda tenho uma cabeleira farta que faria um vistaço na televisão, a qual não me importo de doar a Santana. Havendo histocompatibilidade porque ideocompatibilidade não há de certezinha absoluta.
Hoje vou ver e ouvir Pacheco Pereira na SIC.
Li com atenção as explicações prévias que postou no Abrupto pelo que sei que o combate aguardado não vai acontecer e por isso devo manter baixas as expectativas. Não que lhe não reconheça qualidades de comunicador, honestidade intelectual e capacidade de argumentação capazes de o tornarem temível para os outros dois quanto à conquista de audiência. A Pacheco conhecemos bem as teses sobejamente explanadas, especialmente ao longo desta última década, pelo que dele o que esperamos, para já, são pelo menos explicações que nos levem a perceber porque é que defende a política deste Governo sem ministros (uma grande parte deles não existe ou existe muito atabalhoadamente) e incumpridor (ou mesmo fautor do contrário) das mais elementares promessas eleitorais e de grandíssima parte do seu programa.
De Marcelo há muito que estava farto e deixei de o escutar. Aquela fórmula cansa rapidamente o telespectador porque essencialmente não passa de uma ficção com pretensão a futurologia. Por outro lado as tentativas de manipulação da realidade e do telespectador são por vezes grosseiras e nada fáceis de aturar.
A Santana Lopes vou dar tempo para emitir a minha opinião sem valor. A primeira amostra deu-nos a ver um Santana como peixe fora de água. Isso de estar sozinho, sem contraponto (como estava habituado), é um pouco duro e exige que o comentador seja um homem de trabalho (se informe muito e bem ao longo da semana) e tenha já uma cultura geral muito sólida (coisa que não se adquire em dois ou três anos sequer, quanto mais à última da hora). Não é problema que se resolva apenas com telegenia, coisa que por sinal já vai faltando ao homem, pois a idade pesa, altera, destrói, penaliza e dá cabo das pessoas quanto mais de um galã.
Eu que o diga. Mas ainda tenho uma cabeleira farta que faria um vistaço na televisão, a qual não me importo de doar a Santana. Havendo histocompatibilidade porque ideocompatibilidade não há de certezinha absoluta.
DE MAL A PIOR
Não escapa ao observador minimamente atento que Portugal é hoje um país em profunda crise onde ao desmoronar (mor das vezes programado) das instituições mais emblemáticas e necessárias ao bom funcionamento da sociedade, não se sucede a criação de outras instituições alternativas àquelas, já não digo melhores em substância, funcionamento e resultados, mas tão somente susceptíveis de ao menos manterem os mesmos padrões mínimos de eficácia, credibilidade, seriedade, e perseguir pelo menos os mesmos objectivos e resultados.
Desde os hospitais às escolas, da justiça às polícias, da agricultura à indústria e ao comércio, da comunicação social ao desporto, das autarquias à tutela da cultura, verifica-se uma crescente demissão dos responsáveis que agem como se de comissões liquidatárias se tratassem, liquidando o Estado em favor dos privados, desresponsabilizando-se de promover o bem comum, deixando essa tarefa ao sabor do acaso e da iniciativa privada (esta sem fiscalização e controlo efectivo).
Pior que não ser capaz de cobrar impostos é abandonar o cidadão a si próprio nesta imensa selva urbana onde a cada esquina se esconde um rapinador (banco, instituição de crédito, vendedores de sonhos) do pouco que cada um ainda tem de seu, da pequena parte que ainda resta do salário de quem ainda não se sobreendividou; rapinadores que vão acabar por sequestrar a sociedade escravizando os seus membros e construindo uma imensa fazenda onde todos trabalham e produzem para pagar dívidas e obter apenas o sustento próprio. Porque os que governam se demitem das suas funções.
Frei Bento Domingues, um homem lúcido e comprometido com os que sofrem, aborda hoje no Público, em parte, a desventura que é viver actualmente em Portugal e ser governado como temos sido ao longo destes últimos anos: com passes de mágica, malabarismos de circo e desprezo quase total pelo cidadão.
Leia, está aqui
Não escapa ao observador minimamente atento que Portugal é hoje um país em profunda crise onde ao desmoronar (mor das vezes programado) das instituições mais emblemáticas e necessárias ao bom funcionamento da sociedade, não se sucede a criação de outras instituições alternativas àquelas, já não digo melhores em substância, funcionamento e resultados, mas tão somente susceptíveis de ao menos manterem os mesmos padrões mínimos de eficácia, credibilidade, seriedade, e perseguir pelo menos os mesmos objectivos e resultados.
Desde os hospitais às escolas, da justiça às polícias, da agricultura à indústria e ao comércio, da comunicação social ao desporto, das autarquias à tutela da cultura, verifica-se uma crescente demissão dos responsáveis que agem como se de comissões liquidatárias se tratassem, liquidando o Estado em favor dos privados, desresponsabilizando-se de promover o bem comum, deixando essa tarefa ao sabor do acaso e da iniciativa privada (esta sem fiscalização e controlo efectivo).
Pior que não ser capaz de cobrar impostos é abandonar o cidadão a si próprio nesta imensa selva urbana onde a cada esquina se esconde um rapinador (banco, instituição de crédito, vendedores de sonhos) do pouco que cada um ainda tem de seu, da pequena parte que ainda resta do salário de quem ainda não se sobreendividou; rapinadores que vão acabar por sequestrar a sociedade escravizando os seus membros e construindo uma imensa fazenda onde todos trabalham e produzem para pagar dívidas e obter apenas o sustento próprio. Porque os que governam se demitem das suas funções.
Frei Bento Domingues, um homem lúcido e comprometido com os que sofrem, aborda hoje no Público, em parte, a desventura que é viver actualmente em Portugal e ser governado como temos sido ao longo destes últimos anos: com passes de mágica, malabarismos de circo e desprezo quase total pelo cidadão.
Leia, está aqui
quinta-feira, setembro 18, 2003
O REFÚGIO DOS DEUSES
O espaçoso estúdio que Frédéric Bazille tinha em Batignolles, Paris, era ponto de encontro de pintores impressionistas e amigos. Bazille, que desempenhou um papel importante no apoio dado a Monet e Renoir no início das suas carreiras, fixou neste quadro (1870) um desses encontros podendo ver-se, da esquerda para a direita, Renoir, o jornalista e crítico Émile Zola (nas escadas), Monet, Édouard Manet, Bazille, e Edmond Maitre (este ao piano).
Bazille's Studio
Frédéric_Bazille (1870)
O espaçoso estúdio que Frédéric Bazille tinha em Batignolles, Paris, era ponto de encontro de pintores impressionistas e amigos. Bazille, que desempenhou um papel importante no apoio dado a Monet e Renoir no início das suas carreiras, fixou neste quadro (1870) um desses encontros podendo ver-se, da esquerda para a direita, Renoir, o jornalista e crítico Émile Zola (nas escadas), Monet, Édouard Manet, Bazille, e Edmond Maitre (este ao piano).
Bazille's Studio
Frédéric_Bazille (1870)
MEA CULPA
Em 10 (dez) dias de existência o blogue Muito Mentiroso já suplantou em número total de visitas o mais visitado dos blogues portugueses, a saber, o Abrupto, este com cerca de 90 (noventa) dias de existência.
O que isto quer dizer compete aos sociólogos, aos psicólogos e a outros “ólogos” que não eu.
Mas lá que dá que pensar, lá isso dá.
Eu já contribuí com 3 (três) visitas.
Não voltarei lá, juro!
Sei que não somos só nós, blogueiros habitués de todas as horas, que lá fomos essas vezes todas.
Mas que lá temos ido… temos, temos.
Em 10 (dez) dias de existência o blogue Muito Mentiroso já suplantou em número total de visitas o mais visitado dos blogues portugueses, a saber, o Abrupto, este com cerca de 90 (noventa) dias de existência.
O que isto quer dizer compete aos sociólogos, aos psicólogos e a outros “ólogos” que não eu.
Mas lá que dá que pensar, lá isso dá.
Eu já contribuí com 3 (três) visitas.
Não voltarei lá, juro!
Sei que não somos só nós, blogueiros habitués de todas as horas, que lá fomos essas vezes todas.
Mas que lá temos ido… temos, temos.
APENAS UMA QUESTÃO DE NEURÓNIOS?
Hoje fiz uma visita à minha antiga residência de estudante e de debutante profissional, a qual se mantém em minha posse e se encontra mobilada e recheada tal como a deixei há pouco mais de uma década. Está lá tudo do pouco que então tinha (roupa incluída).
Nela mantenho intactas e arrumadas duas estantes com centenas de livros – lidos à séria e não à marcelada – com muitos sublinhados e notas à margem, que já possuía há trinta anos. Numa secção dessas estantes contei hoje setenta e seis livros e brochuras (algumas edições clandestinas) de formatação esquerdista do leitor. Do e sobre o maoísmo confesso que contei apenas nove: devo ter feito muito mal em ter-me afastado dessas leituras por não ter acreditado então muito naquela de "a América ser um tigre de papel"; "a revolução estar no cano de uma espingarda" ou "a guerra não ser bem um convite para um jantar". Ou talvez a culpa desse abandono precoce tenha sido do André Malraux esse francês achinesado que resolveu abrir-nos os olhos mais cedo do que devia.
Revi, aqui e ali, algumas passagens soltas dos "mestres políticos" consagrados da época; rememorei as minhas convicções de então, as minhas acções (sim, fui recrutado, fui militante político de base – tenho também história dos tempos da clandestinidade dos outros – embora eu fosse pequenininho e a PIDE não me quisesse para nada) e dei lustro aos meus galões (que os tenho, ah pois!).
E depois dessa pequena rebobinagem da fita memorial fiz-me esta pergunta singelíssima para a qual gostaria de ter uma resposta por mais esfarrapada que fosse. Mas que não seja do género «só os burros é que não mudam de opinião» porque neste caso não se trata de opinião mas de algo muito mais sério: formação ideológica; no mínimo, formação política.
E a pergunta é esta:
Que circuitos neuronais precisamos fintar, bypassar, avariar, substituir, renovar, criar, reordenar e/ou destruir
Para fazermos a viagem desde esses sítios extremos até à direita (qualquer direita) e continuarmos a exibir uma carinha laroca com um sorrizinho infantil (de dente partido ou não) que se vê muito pelos corredores do poder.
Que fique bem claro:
Não estou a referir-me a Pacheco Pereira, pessoa por quem tenho admiração e respeito intelectual. Não considero Pacheco Pereira de direita.
Estou a referir-me, por exemplo, a Durão Barroso e outros que tais.
Eu conheci-os.
Nota: para uma coisa eu sei a resposta: para se ser da extrema direita, desde pequenino, o único requisito é:
Não ter neurónios. Um só que seja. Tal como acontece aos porta-vozes. E aos Portas vozes.
Hoje fiz uma visita à minha antiga residência de estudante e de debutante profissional, a qual se mantém em minha posse e se encontra mobilada e recheada tal como a deixei há pouco mais de uma década. Está lá tudo do pouco que então tinha (roupa incluída).
Nela mantenho intactas e arrumadas duas estantes com centenas de livros – lidos à séria e não à marcelada – com muitos sublinhados e notas à margem, que já possuía há trinta anos. Numa secção dessas estantes contei hoje setenta e seis livros e brochuras (algumas edições clandestinas) de formatação esquerdista do leitor. Do e sobre o maoísmo confesso que contei apenas nove: devo ter feito muito mal em ter-me afastado dessas leituras por não ter acreditado então muito naquela de "a América ser um tigre de papel"; "a revolução estar no cano de uma espingarda" ou "a guerra não ser bem um convite para um jantar". Ou talvez a culpa desse abandono precoce tenha sido do André Malraux esse francês achinesado que resolveu abrir-nos os olhos mais cedo do que devia.
Revi, aqui e ali, algumas passagens soltas dos "mestres políticos" consagrados da época; rememorei as minhas convicções de então, as minhas acções (sim, fui recrutado, fui militante político de base – tenho também história dos tempos da clandestinidade dos outros – embora eu fosse pequenininho e a PIDE não me quisesse para nada) e dei lustro aos meus galões (que os tenho, ah pois!).
E depois dessa pequena rebobinagem da fita memorial fiz-me esta pergunta singelíssima para a qual gostaria de ter uma resposta por mais esfarrapada que fosse. Mas que não seja do género «só os burros é que não mudam de opinião» porque neste caso não se trata de opinião mas de algo muito mais sério: formação ideológica; no mínimo, formação política.
E a pergunta é esta:
Que circuitos neuronais precisamos fintar, bypassar, avariar, substituir, renovar, criar, reordenar e/ou destruir
Para fazermos a viagem desde esses sítios extremos até à direita (qualquer direita) e continuarmos a exibir uma carinha laroca com um sorrizinho infantil (de dente partido ou não) que se vê muito pelos corredores do poder.
Que fique bem claro:
Não estou a referir-me a Pacheco Pereira, pessoa por quem tenho admiração e respeito intelectual. Não considero Pacheco Pereira de direita.
Estou a referir-me, por exemplo, a Durão Barroso e outros que tais.
Eu conheci-os.
Nota: para uma coisa eu sei a resposta: para se ser da extrema direita, desde pequenino, o único requisito é:
Não ter neurónios. Um só que seja. Tal como acontece aos porta-vozes. E aos Portas vozes.
terça-feira, setembro 16, 2003
PRESO EM CASA
Admito que esteja certo, mas nunca percebi bem porque é que chamam retroescavadora a uma máquina que escava pela frente e à frente (quer da dita, quer do operador); só se for porque a pá arrasta a terra na direcção da máquina. Mesmo assim não me convenço.
Um desses bichos provocou esta manhã uma rotura de uma conduta de água que abastece o meu prédio. Resultado:
a) gente presa em casa sem poder fazer a higiene mínima que lhe permita ir trabalhar e atender outras pessoas sem que estas tenham que pôr os dedos no nariz para se aproximarem de nós;
b) muito dinheiro desperdiçado ingloriamente pelos cofres do Estado e por privados, privados do trabalho dos seus trabalhadores (presos).
Aposto que os donos da obra se estão nas tintas pelas consequências deste tipo de acidentes, e… pior ainda:
Não se accionam mecanismos, legais ou contratuais (existirão?) que permitam ressarcir os lesados (Estado e privados) dos prejuízos que lhes são assim causados.
E muito menos os operadores dessas máquinas são penalizados por forma a que tenham mais cuidado quando as operam.
Imaginem que um cirurgião, ao fazer um desbridamento intraabdominal provocava a rotura da artéria aorta do doente!
Era ver-se as televisões todas em correria louca para ver quem entregaria em primeiro lugar o madeiro para a crucificação do facultativo.
Com toda a razão deste mundo. Diga-se.
Admito que esteja certo, mas nunca percebi bem porque é que chamam retroescavadora a uma máquina que escava pela frente e à frente (quer da dita, quer do operador); só se for porque a pá arrasta a terra na direcção da máquina. Mesmo assim não me convenço.
Um desses bichos provocou esta manhã uma rotura de uma conduta de água que abastece o meu prédio. Resultado:
a) gente presa em casa sem poder fazer a higiene mínima que lhe permita ir trabalhar e atender outras pessoas sem que estas tenham que pôr os dedos no nariz para se aproximarem de nós;
b) muito dinheiro desperdiçado ingloriamente pelos cofres do Estado e por privados, privados do trabalho dos seus trabalhadores (presos).
Aposto que os donos da obra se estão nas tintas pelas consequências deste tipo de acidentes, e… pior ainda:
Não se accionam mecanismos, legais ou contratuais (existirão?) que permitam ressarcir os lesados (Estado e privados) dos prejuízos que lhes são assim causados.
E muito menos os operadores dessas máquinas são penalizados por forma a que tenham mais cuidado quando as operam.
Imaginem que um cirurgião, ao fazer um desbridamento intraabdominal provocava a rotura da artéria aorta do doente!
Era ver-se as televisões todas em correria louca para ver quem entregaria em primeiro lugar o madeiro para a crucificação do facultativo.
Com toda a razão deste mundo. Diga-se.
segunda-feira, setembro 15, 2003
LEITOR–CAMARADA, SIM SENHOR
Pessoa amiga alertou-me para o facto de o Escala Estantes me ter chamado "leitor-camarada", o que considera uma provocação descarada.
Eu já tinha reparado e pensado na coisa.
Lendo as minhas postas (soa muito mal e sabe a pescada) não tive como não dar razão ao Vincent: eu também me caracterizaria como leitor-camarada. Portanto não houve provocação nenhuma.
Ao chamar-me exigente também acertou.
Onde bate o ponto é quando ele diz que sou inteligente. Aqui é que está a gozação do Vincent.
Mas como pode um epicurista inveterado como eu pretender recusar a outrem o direito ao desfrute de um prazer destes?
O Escala Estantes é um blogue inteligente cuja leitura nos reconforta mesmo quando goza connosco.
Pessoa amiga alertou-me para o facto de o Escala Estantes me ter chamado "leitor-camarada", o que considera uma provocação descarada.
Eu já tinha reparado e pensado na coisa.
Lendo as minhas postas (soa muito mal e sabe a pescada) não tive como não dar razão ao Vincent: eu também me caracterizaria como leitor-camarada. Portanto não houve provocação nenhuma.
Ao chamar-me exigente também acertou.
Onde bate o ponto é quando ele diz que sou inteligente. Aqui é que está a gozação do Vincent.
Mas como pode um epicurista inveterado como eu pretender recusar a outrem o direito ao desfrute de um prazer destes?
O Escala Estantes é um blogue inteligente cuja leitura nos reconforta mesmo quando goza connosco.
domingo, setembro 14, 2003
VINCENT, VOCÊ SALVOU O PORTAS DE SER CHURRASCO
Se não fosse a minha filha mais nova (mais nova mas a pessoa mais possante aqui de casa) a estas horas eu já estava engaiolado e acusado de piromania.
Mal abri o blogue Escala Estantes e vi o novo visual que saúdo vivamente, passei pela cozinha, deitei mão ao cocktail Molotov que já tinha preparado para o próximo incêndio no Largo do Caldas, e ia já disparado pela porta fora comemorar o acontecimento com um fogo monumental que iria provocar à entrada do meu prédio quando ela me agarrou e atirou para o hall provocando um pequeno incêndio que os vizinhos prontamente ajudaram a extinguir.
Obrigado, meu caro Vincent (João Leal uma ova. O primeiro nome é que fica). Agora já posso lê-lo, ensonado, à luz mortiça regulável de um candeeiro chinês que me custou quinhentos velhos escudos aqui há quatro anos em Macau, sem precisar dos óculos com persianas que chegaram anteontem pelo correio vindos de uma remota aldeia cantonense das margens do rio das pérolas onde um artesão engenhoso nunca deixa por muito tempo uma encomenda por satisfazer por mais estapafúrdio que pareça ser o objecto pedido.
– Ó filha, guarda-me estes óculos, por favor! É que o Vincent já me ouviu.
Se não fosse a minha filha mais nova (mais nova mas a pessoa mais possante aqui de casa) a estas horas eu já estava engaiolado e acusado de piromania.
Mal abri o blogue Escala Estantes e vi o novo visual que saúdo vivamente, passei pela cozinha, deitei mão ao cocktail Molotov que já tinha preparado para o próximo incêndio no Largo do Caldas, e ia já disparado pela porta fora comemorar o acontecimento com um fogo monumental que iria provocar à entrada do meu prédio quando ela me agarrou e atirou para o hall provocando um pequeno incêndio que os vizinhos prontamente ajudaram a extinguir.
Obrigado, meu caro Vincent (João Leal uma ova. O primeiro nome é que fica). Agora já posso lê-lo, ensonado, à luz mortiça regulável de um candeeiro chinês que me custou quinhentos velhos escudos aqui há quatro anos em Macau, sem precisar dos óculos com persianas que chegaram anteontem pelo correio vindos de uma remota aldeia cantonense das margens do rio das pérolas onde um artesão engenhoso nunca deixa por muito tempo uma encomenda por satisfazer por mais estapafúrdio que pareça ser o objecto pedido.
– Ó filha, guarda-me estes óculos, por favor! É que o Vincent já me ouviu.
ATÉ SEMPRE VÍTOR DAMAS
Morreu Vítor Damas, ex-guarda-redes do Sporting.
Pelo muito que eu gostava dele como pessoa e como desportista, espelho aqui a minha simplicíssima homenagem que foi dedicar-lhe um minuto de silêncio enquanto recordava imagens das mais belas defesas que lhe vi e me foi dado ver em campos de futebol.
Até sempre grande leão.
Morreu Vítor Damas, ex-guarda-redes do Sporting.
Pelo muito que eu gostava dele como pessoa e como desportista, espelho aqui a minha simplicíssima homenagem que foi dedicar-lhe um minuto de silêncio enquanto recordava imagens das mais belas defesas que lhe vi e me foi dado ver em campos de futebol.
Até sempre grande leão.
BLOGUESSE OBLIGE
Uma análise mesmo superficial é-me suficiente para concluir que este blogue é o espelho bastante fiel dos meus defeitos mais visíveis.
Por outro lado constato que não há nele sinais de qualquer virtude que se me atribua.
Mas encontro nele uma virtude (que creio ser do próprio blogue): ele, pelo menos até hoje, não esboçou o mínimo gesto tendente a explicar, impor ou ditar aos outros a forma e o conteúdo que devem assumir os seus blogues. Apenas ao Escala Estantes foi enviado um mail sugerindo que alterasse o fundo branco do seu blogue pois achava eu que o mesmo era um pouco agressivo para os leitores noctívagos portadores de algum cansaço visual. Como não fui secundado por mais quatro leitores sugerindo o mesmo (o Vincent estabeleceu 5 como número cabalístico para determinar a mudança), cá continuo eu a cerrar um pouco os olhos, à noite, para ler os interessantes posts deste autor.
Respondo assim aos mails que me têm criticado pedindo, sugerido ou exigindo que eu seja menos generalista e superficial, e mais substancial nos assuntos que abordo.
Pensei já em escrever sobre a caracterização espectroscópica da interacção do azide e do tiocinato com o centro binuclear do citocromo oxidase tendo em vista o estudo da acção destas substâncias na omeostase do organismo humano. Mas achei o assunto um pouco pesado pelo que o que vou mesmo é continuar a ser generalista e nada prolixo.
Banalíssimo da costa.
Uma análise mesmo superficial é-me suficiente para concluir que este blogue é o espelho bastante fiel dos meus defeitos mais visíveis.
Por outro lado constato que não há nele sinais de qualquer virtude que se me atribua.
Mas encontro nele uma virtude (que creio ser do próprio blogue): ele, pelo menos até hoje, não esboçou o mínimo gesto tendente a explicar, impor ou ditar aos outros a forma e o conteúdo que devem assumir os seus blogues. Apenas ao Escala Estantes foi enviado um mail sugerindo que alterasse o fundo branco do seu blogue pois achava eu que o mesmo era um pouco agressivo para os leitores noctívagos portadores de algum cansaço visual. Como não fui secundado por mais quatro leitores sugerindo o mesmo (o Vincent estabeleceu 5 como número cabalístico para determinar a mudança), cá continuo eu a cerrar um pouco os olhos, à noite, para ler os interessantes posts deste autor.
Respondo assim aos mails que me têm criticado pedindo, sugerido ou exigindo que eu seja menos generalista e superficial, e mais substancial nos assuntos que abordo.
Pensei já em escrever sobre a caracterização espectroscópica da interacção do azide e do tiocinato com o centro binuclear do citocromo oxidase tendo em vista o estudo da acção destas substâncias na omeostase do organismo humano. Mas achei o assunto um pouco pesado pelo que o que vou mesmo é continuar a ser generalista e nada prolixo.
Banalíssimo da costa.
sábado, setembro 13, 2003
LÊ-SE E NÃO SE ACREDITA
Até parece a coisa mais normal deste mundo.
A TSF on-line noticia hoje:
«ONU pede a Israel que não expulse Arafat»
«O Conselho de Segurança iniciou, sexta-feira, consultas sobre um projecto de resolução que exige a Israel que reconsidere na decisão de expulsar Yasser Arafat dos territórios palestinos.»
Eu repito para quem ainda não reparou bem na notícia:
A ONU pede a Israel que não expulse Arafat
DOS TERRITÓRIOS PALESTINOS
de que certamente Israel é dono e senhor com todos os direitos.
Adenda:
Hoje, dia 13 de Setembro, Mário Bettencourt Resendes escreve esta pérola no Diário de Notícias:
«Não é fácil encontrar argumentos para defender Yasser Arafat depois do comportamento ambíguo do Presidente da Autoridade Palestiniana ao longo dos últimos meses».
Já viram que as violações da Carta das Nações Unidas é coisa NORMAL quando é feita por Israel?
Até parece a coisa mais normal deste mundo.
A TSF on-line noticia hoje:
«ONU pede a Israel que não expulse Arafat»
«O Conselho de Segurança iniciou, sexta-feira, consultas sobre um projecto de resolução que exige a Israel que reconsidere na decisão de expulsar Yasser Arafat dos territórios palestinos.»
Eu repito para quem ainda não reparou bem na notícia:
A ONU pede a Israel que não expulse Arafat
DOS TERRITÓRIOS PALESTINOS
de que certamente Israel é dono e senhor com todos os direitos.
Adenda:
Hoje, dia 13 de Setembro, Mário Bettencourt Resendes escreve esta pérola no Diário de Notícias:
«Não é fácil encontrar argumentos para defender Yasser Arafat depois do comportamento ambíguo do Presidente da Autoridade Palestiniana ao longo dos últimos meses».
Já viram que as violações da Carta das Nações Unidas é coisa NORMAL quando é feita por Israel?
quinta-feira, setembro 11, 2003
A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR
Afinal sempre há alguma vergonha. Já a desvergonha não é total.
Afinal sempre é verdade que o bater das asas de uma borboleta em Pequim pode provocar uma tempestade (nesse caso uma leve brisa) em Lisboa. Nada mau.
Noticia-se que o presidente do Instituto de Estradas de Portugal (IEP), José Luís Ribeiro dos Santos, pediu a demissão, a qual foi aceite pelo ministro da tutela.
Depois da vergonha que foi aquela conferência de imprensa, ontem, para apresentação das conclusões fantásticas (ou fantasmáticas?) do inquérito à queda da ponte pedonal do IC19, ao menos aparece um (é só um, mas finalmente há alguém) que se mostra responsável por alguma coisa ter corrido mal.
Afinal sempre há alguma vergonha. Já a desvergonha não é total.
Afinal sempre é verdade que o bater das asas de uma borboleta em Pequim pode provocar uma tempestade (nesse caso uma leve brisa) em Lisboa. Nada mau.
Noticia-se que o presidente do Instituto de Estradas de Portugal (IEP), José Luís Ribeiro dos Santos, pediu a demissão, a qual foi aceite pelo ministro da tutela.
Depois da vergonha que foi aquela conferência de imprensa, ontem, para apresentação das conclusões fantásticas (ou fantasmáticas?) do inquérito à queda da ponte pedonal do IC19, ao menos aparece um (é só um, mas finalmente há alguém) que se mostra responsável por alguma coisa ter corrido mal.
MADELEINE ALBRIGHT DOIDA
A ser verdade que ninguém segurou na mão de Madeleine Albright, ex-Secretária de Estado dos Estados Unidos, para escrever o artigo cuja autoria a revista Visão lhe atribui no seu número de hoje, estamos perante um facto surrealista em si ou então demonstrador do surrealismo que se apossou de alguns crânios portugueses desde o 11 de Setembro de Bin Laden.
É que a senhora exprime nesse artigo posições muito próximas das do perigoso esquerdista Freitas do Amaral e do abominável gagá Mário Soares.
Descobri uma Madeleine Albright menos pró americana que José Manuel Fernandes, director do Público, e muitíssimo menos ainda que Luís Delgado, esse campião (é mesmo assim: com "i", à antiga trauliteira) das teses do uso do chanfalho contra tudo o que move à esquerdada da extrema direita.
Por defeito profissional fiquei a pensar que a senhora Albright só pode estar mentalmente doente. Doida, pronto! – vai assim mesmo em linguagem vulgar para ser mais penalizador para a dita senhora –.
Se ela vier a Portugal estou a vê-la conduzida ao Hospital Júlio de Matos vaiada e apupada por uma chusma de jornalistas, opinion makers, articulistas e demais "istas" que têm andado com Bush ao colo não se importando que o menino os borre se for caso disso.
A ser verdade que ninguém segurou na mão de Madeleine Albright, ex-Secretária de Estado dos Estados Unidos, para escrever o artigo cuja autoria a revista Visão lhe atribui no seu número de hoje, estamos perante um facto surrealista em si ou então demonstrador do surrealismo que se apossou de alguns crânios portugueses desde o 11 de Setembro de Bin Laden.
É que a senhora exprime nesse artigo posições muito próximas das do perigoso esquerdista Freitas do Amaral e do abominável gagá Mário Soares.
Descobri uma Madeleine Albright menos pró americana que José Manuel Fernandes, director do Público, e muitíssimo menos ainda que Luís Delgado, esse campião (é mesmo assim: com "i", à antiga trauliteira) das teses do uso do chanfalho contra tudo o que move à esquerdada da extrema direita.
Por defeito profissional fiquei a pensar que a senhora Albright só pode estar mentalmente doente. Doida, pronto! – vai assim mesmo em linguagem vulgar para ser mais penalizador para a dita senhora –.
Se ela vier a Portugal estou a vê-la conduzida ao Hospital Júlio de Matos vaiada e apupada por uma chusma de jornalistas, opinion makers, articulistas e demais "istas" que têm andado com Bush ao colo não se importando que o menino os borre se for caso disso.
A TOTAL DESVERGONHA
Ontem os crânios da comissão encarregada de fazer o inquérito à queda da ponte pedonal do IC19 vieram apresentar ao público o relatório final de dito inquérito.
Para concluir que:
a) Só depois de a estrutura ter caído é que foi possível detectar as suas fragilidades.
b) Só depois da queda de outras estruturas semelhantes (ainda de pé) é que saberemos se são frágeis ou não.
É o mesmo que um médico dizer a um doente – você sente-se doente? olhe, meu amigo, deixe-se estar porque só depois da sua morte, depois da sua autópsia, é que saberemos o que é que o senhor tem e concluiremos que tratamento deveríamos fazer-lhe agora –.
É a demissão total dos técnicos no que diz respeito à sua capacidade diagnóstica. Que devem ter. Que são obrigados a ter. Que têm certamente. Mas que recusam usar para não apontarem QUEM são os responsáveis pela tragédia.
Até parece que quando são nomeados os inquiridores a primeira coisa que lhes dizem é – vejam lá como é que fazem isso de forma a que não hajam culpados –.
Este é mais um inquérito à portuguesa
que descredibiliza os engenheiros civis portugueses, envergonha a nação e nos garante, preto no branco, que estamos na república das bananas onde uma minoria de gestores (certamente não laranjas e competentíssimos), escolhida a dedo, põe e dispõe do poder que lhe confere o governo num regabofe de gestão intolerável quão obsceno, impune e achincalhador da inteligência dos cidadãos.
Infelizmente este ainda não deve ser o grau mais baixo da responsabilização em Portugal.
Estejamos atentos.
É que há mais vinte e tal estruturas semelhantes espalhadas pelo país fora.
Ontem os crânios da comissão encarregada de fazer o inquérito à queda da ponte pedonal do IC19 vieram apresentar ao público o relatório final de dito inquérito.
Para concluir que:
a) Só depois de a estrutura ter caído é que foi possível detectar as suas fragilidades.
b) Só depois da queda de outras estruturas semelhantes (ainda de pé) é que saberemos se são frágeis ou não.
É o mesmo que um médico dizer a um doente – você sente-se doente? olhe, meu amigo, deixe-se estar porque só depois da sua morte, depois da sua autópsia, é que saberemos o que é que o senhor tem e concluiremos que tratamento deveríamos fazer-lhe agora –.
É a demissão total dos técnicos no que diz respeito à sua capacidade diagnóstica. Que devem ter. Que são obrigados a ter. Que têm certamente. Mas que recusam usar para não apontarem QUEM são os responsáveis pela tragédia.
Até parece que quando são nomeados os inquiridores a primeira coisa que lhes dizem é – vejam lá como é que fazem isso de forma a que não hajam culpados –.
Este é mais um inquérito à portuguesa
que descredibiliza os engenheiros civis portugueses, envergonha a nação e nos garante, preto no branco, que estamos na república das bananas onde uma minoria de gestores (certamente não laranjas e competentíssimos), escolhida a dedo, põe e dispõe do poder que lhe confere o governo num regabofe de gestão intolerável quão obsceno, impune e achincalhador da inteligência dos cidadãos.
Infelizmente este ainda não deve ser o grau mais baixo da responsabilização em Portugal.
Estejamos atentos.
É que há mais vinte e tal estruturas semelhantes espalhadas pelo país fora.
domingo, setembro 07, 2003
"FLASH BACK" UM TIRO PELA CULATRA
Eu devo ter sido, ao longo de mais de uma década, um dos ouvintes mais fiéis do programa "Flash Back" da TSF. E devo ter "recrutado" mais de duas dezenas de amigos para fazerem o mesmo aos domingos de manhã: ouvir atentamente o programa.
Reconheci, algumas vezes por e-mail dirigidos a Carlos Andrade, a importância nacional do programa e o seu contributo na formação política dos ouvintes. E na informação que dele sempre se pôde extrair por análise cuidada das intervenções dos seus residentes.
O Flash Back actuou em nós, seus ouvintes fiéis:
a) Fornecendo-nos informação privilegiada que (querendo) os seus residentes faziam passar algumas vezes, e, mesmo não querendo, deixavam escapar outras vezes para a opinião pública. Bastava saber ler nas entrelinhas do muito que nele era dito;
b) Permitindo-nos ter a verdadeira noção das dificuldades por que passavam os partidos – no governo umas vezes, na oposição outras – relativamente a matérias políticas de relevante interesse nacional, no que ficava-mos esclarecidos do ponto de vista de consequências futuras que poderiam atingir-nos com esta ou aquela medida ou lei;
c) Permitindo-nos ainda, através da análise de cada programa, desmontar argumentos encobridores de verdades inconfessáveis a ponto de podermos descortinar o que pretendia este ou aquele partido, esta ou aquela instituição, este ou aquele grupo de pressão ou interesses, apesar de estes nos dizerem muitas vezes o contrário.
Lembro-me, como se fosse hoje, do dia em que um dos residentes questionou Carlos Andrade sobre as consequências que teria na linha editorial futura da TSF a passagem da estação para as mãos da Lusomundo. E lembro-me que Carlos Andrade reiterou na altura a sua convicção de que nada seria alterado a bem da isenção e do pluralismo de que a emissora sempre dera mostras e lhe granjeara, por isso, o enorme prestígio que ora começa a ser abalado.
Eu penso que o fim do Flash Back é um frete tremendo que os "donos" da TSF fazem ao "lóbi" anti Cavaco, que não é mais que o "lóbi" pró Santana Lopes.
Eu penso que a TSF sacrifica a sua audiência e os seus interesses comerciais em prol de uma campanha tendente a levar Santana Lopes à Presidência da República.
Bem vistas as coisas nem José Magalhães (o que é mais que óbvio), Pacheco Pereira ou Lobo Xavier (qualquer deles claramente não entusiastas da ideia) nutrem qualquer simpatia, e, muito menos, são capazes de apoiar uma eventual candidatura de Santana Lopes às presidenciais.
Foi este o pecado que determinou a morte do programa.
É este o pecado original que colca a TSF na calha do descrédito quanto à sua isenção editorial.
Eu devo ter sido, ao longo de mais de uma década, um dos ouvintes mais fiéis do programa "Flash Back" da TSF. E devo ter "recrutado" mais de duas dezenas de amigos para fazerem o mesmo aos domingos de manhã: ouvir atentamente o programa.
Reconheci, algumas vezes por e-mail dirigidos a Carlos Andrade, a importância nacional do programa e o seu contributo na formação política dos ouvintes. E na informação que dele sempre se pôde extrair por análise cuidada das intervenções dos seus residentes.
O Flash Back actuou em nós, seus ouvintes fiéis:
a) Fornecendo-nos informação privilegiada que (querendo) os seus residentes faziam passar algumas vezes, e, mesmo não querendo, deixavam escapar outras vezes para a opinião pública. Bastava saber ler nas entrelinhas do muito que nele era dito;
b) Permitindo-nos ter a verdadeira noção das dificuldades por que passavam os partidos – no governo umas vezes, na oposição outras – relativamente a matérias políticas de relevante interesse nacional, no que ficava-mos esclarecidos do ponto de vista de consequências futuras que poderiam atingir-nos com esta ou aquela medida ou lei;
c) Permitindo-nos ainda, através da análise de cada programa, desmontar argumentos encobridores de verdades inconfessáveis a ponto de podermos descortinar o que pretendia este ou aquele partido, esta ou aquela instituição, este ou aquele grupo de pressão ou interesses, apesar de estes nos dizerem muitas vezes o contrário.
Lembro-me, como se fosse hoje, do dia em que um dos residentes questionou Carlos Andrade sobre as consequências que teria na linha editorial futura da TSF a passagem da estação para as mãos da Lusomundo. E lembro-me que Carlos Andrade reiterou na altura a sua convicção de que nada seria alterado a bem da isenção e do pluralismo de que a emissora sempre dera mostras e lhe granjeara, por isso, o enorme prestígio que ora começa a ser abalado.
Eu penso que o fim do Flash Back é um frete tremendo que os "donos" da TSF fazem ao "lóbi" anti Cavaco, que não é mais que o "lóbi" pró Santana Lopes.
Eu penso que a TSF sacrifica a sua audiência e os seus interesses comerciais em prol de uma campanha tendente a levar Santana Lopes à Presidência da República.
Bem vistas as coisas nem José Magalhães (o que é mais que óbvio), Pacheco Pereira ou Lobo Xavier (qualquer deles claramente não entusiastas da ideia) nutrem qualquer simpatia, e, muito menos, são capazes de apoiar uma eventual candidatura de Santana Lopes às presidenciais.
Foi este o pecado que determinou a morte do programa.
É este o pecado original que colca a TSF na calha do descrédito quanto à sua isenção editorial.
“A BLOGOSFERA” DE BOSCH
A “predação” (será um neologismo? digamos então “a caça”) é um fenómeno próprio do mundo animal e manifesta-se, de uma forma ou de outra, em quase todos os animais.
Fora e dentro dos organismos vivos há fenómenos que poderíamos chamar de “fenómenos predatórios” que acontecem mesmo entre seres unicelulares e entre estes e células de defesa do organismo: fenómenos de fagocitose em que células comem células, em que células comem seres unicelulares. Porque estão geneticamente “instruídas” para o fazerem.
Quando o Abrupto vai buscar, na pintura de Bosch, “num canto do jardim das delícias terrestres” os famosos bichos que se comem entre si e nos diz que «essa é a imagem da blogosfera»…
…esperamos que o Abrupto não se esteja a excluir deste mundo pois não é por “comer” no escuro da noite da metáfora, da antítese, da perífrase e da ironia, que deixa de, também ele, ser predador como todos nós.
Mais uma figura de Bosch afinal.
A “predação” (será um neologismo? digamos então “a caça”) é um fenómeno próprio do mundo animal e manifesta-se, de uma forma ou de outra, em quase todos os animais.
Fora e dentro dos organismos vivos há fenómenos que poderíamos chamar de “fenómenos predatórios” que acontecem mesmo entre seres unicelulares e entre estes e células de defesa do organismo: fenómenos de fagocitose em que células comem células, em que células comem seres unicelulares. Porque estão geneticamente “instruídas” para o fazerem.
Quando o Abrupto vai buscar, na pintura de Bosch, “num canto do jardim das delícias terrestres” os famosos bichos que se comem entre si e nos diz que «essa é a imagem da blogosfera»…
…esperamos que o Abrupto não se esteja a excluir deste mundo pois não é por “comer” no escuro da noite da metáfora, da antítese, da perífrase e da ironia, que deixa de, também ele, ser predador como todos nós.
Mais uma figura de Bosch afinal.
terça-feira, setembro 02, 2003
SENHOR COMANDANTE DA BRIGADA DE TRÂNSITO:
E SE DESSEM, A SI E AOS SEUS, TRATAMENTO IDÊNTICO,
NUM HOSPITAL, POR EXEMPLO,
O QUE É QUE O SENHOR DIRIA?
Estacionei o carro. Saí. Fechei e tranquei a porta do mesmo. Vesti o casaco e, de mãos nos bolsos, já tinha caminhado uns bons vinte metros quando soou o apito do polícia de trânsito que, acompanhado de um colega seu, me estava "topando" de há muito. Mas só então...
...decidiu exercer a sua autoridade ditatorial fazendo-me sinal de que não podia estacionar ali.
Calmamente dirigi-me ao carro, retirei-o do local onde estava e fui estacioná-lo em outro local permitido.
Refira-se que no local onde anteriormente estacionara também era permitido fazê-lo. Só que ontem não o permitiam por qualquer motivo que desconheço (parada militar, visita de entidade estrangeira? Talvez).
Todas as manhãs, durante meia hora, costumo dar um passeio a pé no jardim perto do meu local de trabalho e sempre assim procedi sem que isso me tivesse antes acontecido.
Quem me lê sabe muito bem que os polícias costumam ter esse tipo de atitudes de achincalhamento do cidadão à espera talvez de uma discussão para melhor poderem libertar o Zé Ninguém que trazem dentro de si.
Esse comportamento teria a sua similitude, por exemplo, numa urgência hospitalar, se um médico, perante um doente (polícia?) sofrendo de fortes dores, decidisse que só passada uma hora ou mais de sofrimento lhe mandaria ministrar um analgésico ou decidiria operá-lo.
É claro que os médicos não fazem isso.
Mas seria bom que não fossem estimulados a pensar em coisas dessas.
Seria bom que a GNR, a PSP e outras corporações que costumam abusar do poder que têm não achincalhassem os cidadãos pois essa cuspidela para o ar pode muito bem vir a cair-lhes na cara.
É que assim como é fácil identificar um automobilista, também é fácil identificar um polícia.
E SE DESSEM, A SI E AOS SEUS, TRATAMENTO IDÊNTICO,
NUM HOSPITAL, POR EXEMPLO,
O QUE É QUE O SENHOR DIRIA?
Estacionei o carro. Saí. Fechei e tranquei a porta do mesmo. Vesti o casaco e, de mãos nos bolsos, já tinha caminhado uns bons vinte metros quando soou o apito do polícia de trânsito que, acompanhado de um colega seu, me estava "topando" de há muito. Mas só então...
...decidiu exercer a sua autoridade ditatorial fazendo-me sinal de que não podia estacionar ali.
Calmamente dirigi-me ao carro, retirei-o do local onde estava e fui estacioná-lo em outro local permitido.
Refira-se que no local onde anteriormente estacionara também era permitido fazê-lo. Só que ontem não o permitiam por qualquer motivo que desconheço (parada militar, visita de entidade estrangeira? Talvez).
Todas as manhãs, durante meia hora, costumo dar um passeio a pé no jardim perto do meu local de trabalho e sempre assim procedi sem que isso me tivesse antes acontecido.
Quem me lê sabe muito bem que os polícias costumam ter esse tipo de atitudes de achincalhamento do cidadão à espera talvez de uma discussão para melhor poderem libertar o Zé Ninguém que trazem dentro de si.
Esse comportamento teria a sua similitude, por exemplo, numa urgência hospitalar, se um médico, perante um doente (polícia?) sofrendo de fortes dores, decidisse que só passada uma hora ou mais de sofrimento lhe mandaria ministrar um analgésico ou decidiria operá-lo.
É claro que os médicos não fazem isso.
Mas seria bom que não fossem estimulados a pensar em coisas dessas.
Seria bom que a GNR, a PSP e outras corporações que costumam abusar do poder que têm não achincalhassem os cidadãos pois essa cuspidela para o ar pode muito bem vir a cair-lhes na cara.
É que assim como é fácil identificar um automobilista, também é fácil identificar um polícia.
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