A TOTAL DESVERGONHA
Ontem os crânios da comissão encarregada de fazer o inquérito à queda da ponte pedonal do IC19 vieram apresentar ao público o relatório final de dito inquérito.
Para concluir que:
a) Só depois de a estrutura ter caído é que foi possível detectar as suas fragilidades.
b) Só depois da queda de outras estruturas semelhantes (ainda de pé) é que saberemos se são frágeis ou não.
É o mesmo que um médico dizer a um doente – você sente-se doente? olhe, meu amigo, deixe-se estar porque só depois da sua morte, depois da sua autópsia, é que saberemos o que é que o senhor tem e concluiremos que tratamento deveríamos fazer-lhe agora –.
É a demissão total dos técnicos no que diz respeito à sua capacidade diagnóstica. Que devem ter. Que são obrigados a ter. Que têm certamente. Mas que recusam usar para não apontarem QUEM são os responsáveis pela tragédia.
Até parece que quando são nomeados os inquiridores a primeira coisa que lhes dizem é – vejam lá como é que fazem isso de forma a que não hajam culpados –.
Este é mais um inquérito à portuguesa
que descredibiliza os engenheiros civis portugueses, envergonha a nação e nos garante, preto no branco, que estamos na república das bananas onde uma minoria de gestores (certamente não laranjas e competentíssimos), escolhida a dedo, põe e dispõe do poder que lhe confere o governo num regabofe de gestão intolerável quão obsceno, impune e achincalhador da inteligência dos cidadãos.
Infelizmente este ainda não deve ser o grau mais baixo da responsabilização em Portugal.
Estejamos atentos.
É que há mais vinte e tal estruturas semelhantes espalhadas pelo país fora.