ELEIÇÕES ANTECIPADAS JÁ!
Ninguém sabe o que é que o Senhor Presidente da República vai decidir agora que se consuma a vergonhosa e cobarde «fuga» de Durão Barroso para Bruxelas.
Lendo os jornais, ouvindo a rádio e as televisões, fica-nos essa certeza, mesmo no que aos partidos políticos e aos analistas políticos diz respeito: de facto ninguém sabe o que vai acontecer, agora que Durão Barroso, baseando-se nos votos que o legitimaram no poder como primeiro-ministro de Portugal, resolve que vai abandonar esta piolheira borrifando-se do alto da sua irresponsabilidade e indiferença para os compromissos que assumiu em campanha eleitoral mentirosa e deixando o país financeiramente de tanga, com o Serviço Nacional de Saúde de pantanas e com o maior nível de desemprego dos últimos 15 anos.
Mas também deixando o seu próprio partido, o PSD, numa convulsão interna indescritível, em que chispam facas por todo o lado e se tenta abater hoje, com o maior cinismo e sangue frio, o amigo indefectível de ontem.
A vítima maior em perspectiva dentro do PSD é Manuela Ferreira Leite, «a dama de ferro» - lembram-se?, foi até há poucos dias bajulada e enaltecida por todas as tendências internas do PSD - a quem o troglodita da Madeira não hesitou um só segundo em chamar, ontem, «essa senhora».
Lá do norte tem-se pronunciado, com aquela voz de embalador de bebés e aquela boquinha de sopra-velas, Luís Filipe Meneses, que não vê a hora de tramar Rui Rio, apoiando o inculto e incompetente Santana na sua tentativa de aquecer a almofada da cadeira de primeiro-ministro.
Ninguém parece ligar peva ao Presidente da República que continua como que incógnito tendo emitido apenas, até agora, um pequeno bocejo de admiração por estarem a ignorá-lo de forma tão ostensiva.
O PS, o maior partido da oposição, a quem competiria vir à liça fustigar severamente este fujão da Silva que se chama Durão Barroso, também se remeteu ao silêncio mais anémico que se poderia imaginar tendo emitido apenas uma curta declaração, lida sem qualquer convicção por um porta-voz secundário e sem carisma, com vozinha de quem pede desculpas por estar a incomodar, em que se fala sem qualquer entusiasmo em eleições antecipadas.
Entretanto, na rua a contestação vai crescendo exigindo eleições antecipadas e tentando impedir qualquer solução palaciana que passe ao lado da vontade polpular.
Se por um lado deve-se impedir a todo o custo que qualquer camarilha do PSD cozinhe à sua vontade uma solução governativa para esta crise, por outro lado deve-se fazer tudo para acordar o PS e dizer-lhe que não estamos aqui para pactuar com "timings" que convenham a esta ou àquela tendência interna desse partido, a este ou àquele barão que viu as contas saírem-lhe furadas pela fuga precipitada de Barrsoso, e que é hora de agir com determinação e visibilidade nacional congregando vontades para que a esquerda tome conta do Governo do país em eleições antecipadas em que este povo, enganado e vilipendiado pela coligação de direita PP/PSD, escolherá livremente quem quer para primeiro-ministro.
Manifeste hoje, às 19 horas, frente ao palácio de Belém, em Lisboa, exigindo eleições antecipadas.
Seja um cidadão activo pois que disso depende muito o rumo da política neste Portugal que temos.