sexta-feira, maio 21, 2004

UM "CÓDIGO" MUITO ESPECIAL

Deixei a leitura do Ensaio sobre a Lucidez, de José Saramago, no exacto ponto em que os membros de uma mesa de voto, perante a ausência de eleitores para votar, telefonavam, aflitos, aos seus familiares para os convencerem a ir votar. Deixei a leitura por aí porque me pareceu que o que se estava a passar era desinteressante e, pior, muito pouco promissor em termos de desenvolvimento da intriga. Posso ter errado até agora não lendo o resto do romance, mas a verdade é que se um leitor não é agarrado logo no começo torna-se difícil mantê-lo interessado no resto da história.

Comprei ontem o Código Da Vinci, de Dan Brown. Um best seller; um livro para as grandes massas; um dos livros, em princípio, a detestar pelos intelectuais que não lêem "romances comerciais". Ainda só vou no capítulo nove (o romance tem, para além do prólogo, 105 capítulos e um epílogo, e tem ainda a particularidade de estar bem traduzido para o Português), mas estou muitíssimo interessado em devorá-lo rapidamente para saber que segredo guardava o senhor Saunière, conservador do Museu do Louvre, em Paris, assassinado por quem lhe queria extrair esse mesmo segredo, em nome e a mando da Opus Dei. A acção começa com esse assassinato e o mistério a ele ligado consubstanciado nesse importantíssimo e secretíssimo segredo (passe o pleonasmo) que o senhor Saunière guardava, conjuntamente com mais dois outros companheiros, também eles acabados de serem assassinados pelo mesmo motivo: obter o segredo e eleiminar a sua fonte. Somos assim agarrados, logo nas primeiras três páginas do prólogo (mesmo antes, portanto, do primeiro capítulo), pelo narrador que nos promete levar ao conhecimento do desfecho da história.

Como se vê este romance começa com a velha e estafadíssima fórmula deste género literário que consiste numa abertura forte capaz de prender o leitor para o resto da história, fórmula essa que, ao que parece, não tem sucedâneo: ou se usa, ou não há interesse do leitor.

Saramago, no meu entender, não a usou no último livro dele já citado. Dan Brown usou-a. Por isso, e mesmo antes de acabar o livro, aconselho-vos a lerem o Código Da Vinci. Pressinto que serão umas horas bem passadas. Longe da depressão nacional, da pinderiquice politiqueira e deste blogueiro fastidioso.

Passar bem e ter bom fim de semana. Deseja-vos Salmoura.

P.S. E Marylin Monroe continua, deslumbrante e sedutora, a embelezar este blogue horroroso.