"QUADRATURA DO CÍRCULO"
Após "telespectar" mais um programa da SIC, “Quadratura do Círculo”, Salmoura decidiu enviar ao apresentador do programa, Carlos Andrade, o seguinte e-mail:
«Independentemente da minha posição política (à esquerda, confesso), tento aqui fazer uma apreciação imparcial da composição da equipa de "residentes" por si moderada nos debates semanais que a SIC nos oferece, para produzir uma conclusão isenta (penso e desejo que o seja) que me diz o seguinte: trata-se de uma equipa residente que beneficiaria em ser equilibrada politicamente mas se apresenta algo desequilibrada por uma razão que a mim me parece fundamental:
1. Há dois representantes da direita, Pacheco Pereira e Lobo Xavier, para um representante da esquerda, José Magalhães; como se isso não bastasse para tornar esse desequilíbrio pouco compreensível, acontece que um dos representante da direita, no caso, Lobo Xavier, pertence ao CDS, partido cujo peso no universo eleitoral português está hoje entre parêntesis por razões mais que conhecidas e que me abstenho de explanar. Apenas pergunto: quanto vale hoje este CDS, escondido no PSD, liderado pelo Paulo Portas da Moderna? Ninguém sabe. E é legítimo admitir que vale menos que o Bloco de Esquerda e do que o PCP, se tivermos em conta os resultados apurados em várias sondagens de intenção de voto feitas nestes últimos dois anos.
Parece-me, por isso, que conviria aos telespectadores e aos ouvintes do programa beneficiarem de um painel em que a esquerda estivesse mais bem representada.
Sendo o Bloco de Esquerda o partido mais visível e mais mediático, à esquerda, no panorama político português, sugiro aos produtores e ao apresentador da "Quadratura do Círculo" que seja equacionado futuramente convidar para o programa um representante do Bloco de Esquerda. Ganharia o programa, ganhariam os telespectadores e ouvintes e ganharia a Democracia.
Não sei se, caso esta singelíssima sugestão fosse encarada, a previsível oposição à presença de um representante do Bloco de Esquerda no programa não viesse mais do representante da esquerda do que dos representantes da direita. É que me parece que, apesar de a esquerda estar representada por apenas um elemento do PS (José Magalhães), talvez convenha a este representante do PS ficar apenas sob o fogo inócuo e conhecido dos velhos da direita do que do fogo imprevisível e incómodo do Bloco de Esquerda que, óbviamente não pouparia também a direita.
Caso a minha sugestão fosse aceite, não haveria uma "santa aliança" contra a presença do representante do Bloco?
Duvido muito que sim».