domingo, maio 30, 2004

ZERO DE POLÍTICA

Durante a campanha eleitoral que ora começa, para as eleições europeias, Salmoura vai deixar de tratar temas políticos aqui no blogue.

A não ser que aconteça algo de muito especial, o silêncio vai ser total.

Não sem antes aqui ficar expressa a opção de voto de Salmoura:

o Bloco de Esquerda

Pois então!
O DIREITO À INDISPOSIÇÃO

O Diário de Notícias inaugurou agora uma nova fórmula para vender mais jornais: coloca na Internet as fotografias e os títulos das crónicas dos seus colaboradores, mas esconde o conteúdo das mesmas da curiosidade dos leitores on-line na esperança de que estes saiam de casa e vão comprar o jornal ao sábado e ao domingo.

O mais engraçado é que só escondem as crónicas que sabem (porque é fácil saber quantos lêem o quê na Internet) serem mais procuradas pelos leitores - as de Vasco Pulido Valente e as de Umberto Eco, por exemplo, - deixando o restante "milho" para os pardais.

Conclusão: indisposto com esta prepotência, aqui o Salmoura que não precisa de muito para se indispor, deixará de comprar nos restantes dias o jornal em papel, como ainda vinha fazendo. É tão simples como isso. Assim como assim o DN não traz nenhuma notícia que não se saiba facilmente por outros meios, e quanto a colaboradores, parece que não valerá muito a pena pagar o preço de sete jornais para ler umas breves linhazinhas dos dois citados, uma ou duas vezes por semana.

Já o Expresso, quando passou a cobrar taxa para ser lido na Internet, perdera o Salmoura como leitor; Salmoura que o lia então on-line mas depois ia sempre comprá-lo às bancas para poder ter a Revista e o Guia Semanal. Agora chegou a vez do DN.

Não escreveria isto se estivesse convencido de que só eu (pigmeu insignificante de Lineu) é que reajo desta maneira. Faço-o porque estou convencido que também há outros com igual sentir e igual atitude.

E, grão a grão, vai o DN desenchendo o papo.

quinta-feira, maio 27, 2004

CAIU UM ANJO PARA A DIREITA
(ou mais uma vítima da invasão do Iraque)

Pacheco Pereira, de há quase um ano para cá, tem estado a adornar para a direita (não direi que tem estado à deriva visto que a sua rota é firme, decidida e certa). Basta ler as postas dele de há um ano para cá para se chegar a esta conclusão.

Eu até cheguei a escrever um dia que não o considerava um homem de direita. Por coincidência, poucos dias depois de eu ter escrito isso, ele próprio veio à blogosfera dizer-nos: «não sou de direita».

Pois bem, agora, depois do que ele escreveu na edição de hoje do Público - que teve, aliás, uma resposta jocosa mas incisiva e demolidora do Barnebé - Pacheco Pereira posicionou-se definitivamente à direita. Não há volta a dar-lhe. É a sina dos maoístas: acabam todos na direita e na extrema direita.

Convenhamos que o artigo de Pacheco Pereira é de uma infelicidade extrema. E então quando ele diz que «Os falsos ingénuos, que aceitam todas as racionalidades menos a económica, sabem bem que o equilíbrio mundial passa também pelo acesso aos mercados de matérias-primas estratégicas, e que tal é do interesse nacional americano e ocidental, no sentido largo, sem ser hostil aos interesses das populações mais desfavorecidas dos países produtores, que estão longe de beneficiar da sua riqueza.» é precisamente aqui que ele se enterra completamente e perde em definitivo a aura de intelectual independente, de um partido da direita palamentar, aura que ele granjeara, ao longo da vários anos, através de corajosas tomadas de posição e de demarcação política em relação à direita do seu próprio partido, demarcação que foi fazendo, por exemplo: contra as ideias e práticas do troglodita da Madeira; contra o populismo boçal do major de Gondomar; contra as trapalhadas "Modernas" de Paulo Portas; etc., etc.

O artigo de hoje, no Público, citado pelo Barnabé, é um epitáfio involuntariamente escrito por JPP e creio que a partir de agora o cadáver que habita a tumba política em que este epitáfio está inscrito, em vez de se decompor se vai mumificar e adoptar a postura rígida dos empalhados.

Esperemos pois as próximas revelações deste candidato a zombie político da blogosfera.

Tanto prometeu Pacheco... e afinal acaba por cair com estrépito tão inesperado (pelo menos para mim) quão deselegante.

Até coro de vergonha quando constato que escrevi um dia que lhe augurava um lugar de senador na política portuguesa.

Tanta ingenuidade minha, meu Deus! Mas quando é que eu tomo juízo e me faço um homenzinho?
GOVERNAR PARA NEGOCIAR

Com a devida vénia transcrevo na íntegra o artigo de Francisco Sarsfield Cabral, no Diário e Notícias de hoje.

«Passo a passo, a política vai desaparecendo do nosso espaço público. A integração europeia, tema entre todos político, quase não é abordada pelos partidos (falta agravada pelos entraves colocados à participação de Manuel Monteiro em debates, calando um eurocéptico de direita com quem seria útil discutir). O governo retrai-se de promover ideologicamente as reformas que lança, limitando-se a posições defensivas. E os partidos da oposição, com excepção do Bloco de Esquerda (que pode dizer o que lhe apetece), evitam também o debate político, que parece ser-lhes incómodo. Ficam, assim, as querelas em torno de pessoas - daí a obsessão com as eleições presidenciais ou fascínio da comunicação social pelas remodelações governamentais. E ficam, sobretudo, os negócios.

A curiosa forma como saiu o ministro Theias deixou entrever o peso dos interesses económicos na condução dos assuntos de Estado. Nada de novo, com certeza: sempre existiram governantes a encarar o poder como meio de enriquecerem. Mas a importância do Estado para os negócios privados é hoje enorme, bem maior do que há cinquenta ou cem anos. Mesmo depois das privatizações, o Estado ainda gasta quase metade da riqueza nacional. E pode impedir ou autorizar muita coisa.

Os interesses económicos dividem transversalmente os partidos e ligam personalidades de diferentes quadrantes. A vítima é a transparência. A vida pública torna-se opaca, afastando o cidadão comum, que suspeita dos governantes. Daí a interrogação que paira: será que a maior parte da energia e do tempo dos governantes é gasta em avançar ou travar o negócio A ou B? Esta suspeita combate-se com política - mas da autêntica, não com cortinas de fumo para disfarçar interesses.»


LEIA QUE VALE A PENA

Acabei de ler ontem o romance de Dan Brown, O Código Da Vinci. Só posso aconselhar a todos os que gostam do género a lê-lo logo que possam. Trata-se de uma obra-prima no que à arte do suspense diz respeito, está bem traduzido para o Português e levanta interessantes questões sobre a ligação entre a Opus Dei e o Vaticano (a Igreja Católica).

domingo, maio 23, 2004

JMF PARA INGLATERRA, JÁ!

Há na política internacional um caso interessantíssimo e muito importante que tem passado um pouco despercebido aqui na parvónia mas ao qual se deveria dar mais atenção.

Trata-se do facto de o mais canino aliado de Bush na sua perigosa aventura no Iraque, Tony Blair de seu nome, ser - nada mais nada menos do que - um homem teoricamente situado à esquerda no Reino Unido.

E de ter hoje, paradoxalmente, na mais conservadora direita democrática do planeta o adversário mais forte contra esse seu seguidismo acrítico, cego e canino a Jorge W. Bush.

Com efeito assistiu-se hoje ao impensável naquele país: o líder dos conservadores, Michael Howard, apareceu numa manifestação de condenação das torturas dos prisioneiros no Iraque e em que se pedia a imediata retirada dos soldados britânicos do teatro de guerra.

Entrevistado pela cadeia de televisão Sky News, Michael Howard declarou (cito de cor traduzindo): é preciso vermos que o que se passa hoje no Iraque leva ao total decrédito a imagem do Ocidente e dos valores ocidentais que sempre defendemos perante o mundo árabe. Onde já não acreditam em nós. E também noutras partes do mundo onde hoje se riem descaradamente quando falamos desses valores. É por isso que eu defendo que seja repensado o apoio que o Reino Unido tem dado a Jorge Bush.

Repare-se que é a direita conservadora britânica, na figura do seu representante máximo, que discorda do apoio do Governo de Blair a Jorge Bush e à sua aventura bélica no Iraque.

Leia esta pequena notícia do diário escocês, The Scotsman On-line, para se certificar desta evidência.

Perante isto perguntamos nós:

Não se poderia mandar José Manuel Fernandes para Inglaterra durante uns tempos para ele ir lá escrever alguns editoriais idiotas a ver se consegue convencer o líder conservador a mudar de ideias?

Ou então um qualquer hospital inglês a oferecer-lhe estadia por uns tempos!?
DOIDO VARRIDO

O Sr. José Manuel Fernandes, director do Jornal Público, não é nenhum menino do coro como às vezes somos levados a pensar face à incomensurável insanidade (parecendo ingenuidade) que revela permanentemente nos editoriais que escreve no jornal que lhe paga o sustento.

O Sr. José Manuel Fernandes é um doente que sofre de um tipo raro de encefalopatia. Não, não se trata de B.S.E.: trata-se de esteatose encefálica - a gordura dos hamburgers dos McDonald's subiu-lhe à cabeça tornando-o mais papista que o papa (mais americano que os próprios americanos genuínos).

Ontem, dando asas às suas ideias gordurosas, apareceu num programa da SIC Notícias a dizer-nos quão boa e justa é a América do Sr. Bush. Veio dizer-nos para atentarmo-nos a essa prova irrefutável da superioridade da democracia americana que terá consistido no facto de já estar julgado e condenado a um ano de prisão o soldado americano que andou a tentar fazer hamburgers com carne e almas vivas de civis iraquianos encarcerados e seviciados no presídio de Abu Ghraib.

Só o cérebro lipidificado de José Manuel Fernandes seria capaz de transformar em exemplar o escândalo, a farsa descarada e indigna em que consistiu o chamado julgamento desse soldado americano - em que se assiste no final à condenação a uma "pena" de um ano de férias ao pé de casa a cumprir serviços cívicos no café da esquina.

O Sr. José Manuel Fernandes destaca-se, assim, não só por ser o único director de um jornal ocidental (incluindo os directores dos maiores jornais americanos) que ainda suporta o Sr. Bush, mas ainda por ser o único director de jornal ocidental que mantém o cargo a despeito de uma doença cerebral séria e grave à vista de todos.

Para não nos deixar mentir, esse doente volta hoje à carga e assina mais um editorial gorduroso a favor do Sr. Bush e a favor da ocupação do Iraque e da humilhação do povo iraquiano.

A insanidade do homem é já tanta que chega ao desplante de escrever isto:

«Esta mensagem vai directa para as opiniões públicas que, até nos Estados Unidos, começa a fraquejar».

Na frase transcrita acima o verbo começar não concorda com o sujeito mas desculpamos isso pois o domínio da gramática portuguesa não é para todos. Muito menos para um doente com E.E.Mc. (esteatose encefálica de McDonald's).

Como se vê, o nosso director (nosso, salvo seja) não se limita a fazer doutrina para a opinião pública da "piolheira": fala também do alto (de onde às vezes se fazem coisas feias) para a opinião pública americana.

Digam lá se este homem não está completamente doido?!

sexta-feira, maio 21, 2004

UM "CÓDIGO" MUITO ESPECIAL

Deixei a leitura do Ensaio sobre a Lucidez, de José Saramago, no exacto ponto em que os membros de uma mesa de voto, perante a ausência de eleitores para votar, telefonavam, aflitos, aos seus familiares para os convencerem a ir votar. Deixei a leitura por aí porque me pareceu que o que se estava a passar era desinteressante e, pior, muito pouco promissor em termos de desenvolvimento da intriga. Posso ter errado até agora não lendo o resto do romance, mas a verdade é que se um leitor não é agarrado logo no começo torna-se difícil mantê-lo interessado no resto da história.

Comprei ontem o Código Da Vinci, de Dan Brown. Um best seller; um livro para as grandes massas; um dos livros, em princípio, a detestar pelos intelectuais que não lêem "romances comerciais". Ainda só vou no capítulo nove (o romance tem, para além do prólogo, 105 capítulos e um epílogo, e tem ainda a particularidade de estar bem traduzido para o Português), mas estou muitíssimo interessado em devorá-lo rapidamente para saber que segredo guardava o senhor Saunière, conservador do Museu do Louvre, em Paris, assassinado por quem lhe queria extrair esse mesmo segredo, em nome e a mando da Opus Dei. A acção começa com esse assassinato e o mistério a ele ligado consubstanciado nesse importantíssimo e secretíssimo segredo (passe o pleonasmo) que o senhor Saunière guardava, conjuntamente com mais dois outros companheiros, também eles acabados de serem assassinados pelo mesmo motivo: obter o segredo e eleiminar a sua fonte. Somos assim agarrados, logo nas primeiras três páginas do prólogo (mesmo antes, portanto, do primeiro capítulo), pelo narrador que nos promete levar ao conhecimento do desfecho da história.

Como se vê este romance começa com a velha e estafadíssima fórmula deste género literário que consiste numa abertura forte capaz de prender o leitor para o resto da história, fórmula essa que, ao que parece, não tem sucedâneo: ou se usa, ou não há interesse do leitor.

Saramago, no meu entender, não a usou no último livro dele já citado. Dan Brown usou-a. Por isso, e mesmo antes de acabar o livro, aconselho-vos a lerem o Código Da Vinci. Pressinto que serão umas horas bem passadas. Longe da depressão nacional, da pinderiquice politiqueira e deste blogueiro fastidioso.

Passar bem e ter bom fim de semana. Deseja-vos Salmoura.

P.S. E Marylin Monroe continua, deslumbrante e sedutora, a embelezar este blogue horroroso.

domingo, maio 16, 2004

A VIZINHANÇA DOS EXTREMOS

«Tenhamos fé em que o que está certo tem muita força, e em que essa fé nos guiará no cumprimento do novo dever tal como o entendemos».

Esta é uma frase do ex-presidente americano Abraham Lincoln de que o director do jornal Público, José Manuel Fernandes, se socorre para manter a sua fé inquebrantável na justeza da "missão celestial" que os americanos estarão a cumprir no Iraque.

É uma frase interessantíssima porque engloba em si, harmoniosamente, uma contradição (uma como que impossibilidade possível): é ao mesmo tempo uma frase fundamentalista e universalista; tão universalista que com apenas a substituição da palavra nova pela palavra nossa se transforma na frase que guia os islamistas na sua luta contra Israel e os Estados Unidos.

Fazendo essa substituição a frase passa a ser esta:

"Tenhamos fé em que o que está certo tem muita força, e em que essa fé nos guiará no cumprimento do nosso dever tal como o entendemos".

Bin Laden não diria melhor.

sábado, maio 15, 2004

"CAUSA NOSSA" EM CAUSA

Quando não é Vital Moreira a escrever, o Causa Nossa é um blogue de uma vulgaridade natural habitual (tal como o Salmoura, por exemplo). Basta lá ir para constatar isso.

Sei que é uma deselegância dizer isso, mas a finalidade não é essa. Sendo o Causa Nossa e o Barnabé os blogues que mais leio (o Abrupto já foi - esgotado que está o baú filosófico-político de Pacheco Pereira que agora deu em editor de pintura e poesia e titilador dos "seus leitores") parece-me compreensível exigir mais dos restantes colaboradores do Causa Nossa.

Não se compreende que aqueles colaboradores escrevam tão superficialmente numa altura tão importante para o confronto democrático: eleições europeia à vista; candidaturas presidenciais em perspectiva; o caldeirão iraquiano em ebulição ameaçando o equilíbrio do Ocidente; o Governo da "piolheira" em apodrecimento acelerado; os portugueses em tremendas dificuldades económicas e financeiras; e tudo o mais que vivemos no dia-a-dia sem esperança deste país rumando ao descalabro.

Ao menos Vicente Jorge Silva e Luís Nazaré poderiam ser mais activos e imitar Vital Moreira no seu profícuo afã de blogueiro interventor, pedagogo, lutador e inteligente.

Para escrever larachas estamos cá todos nós - com Salmoura na linha da frente acompanhando o Abrupto e todo o resto.

quinta-feira, maio 13, 2004

DE QUE É FEITA ESSA GENTE?

É uma cena de uma barbaridade extrema. Deu-me a volta ao estômago ver o vídeo; eu que não sou nenhuma criança e já lidei algumas vezes com a morte de pessoas.

Estou a falar da cena de decapitação do civil americano, Nick Berg, no Iraque.

Apesar do tremendo pesadelo que é ver o vídeo, penso que ele deve ser visto por quem o queira fazer. Por uma razão que se me afigura fundamental: sendo uma cena brutal que choca profundamente qualquer um - tenha ele a ideologia que tiver; defenda ele os princípios que defender; seja ele da esquerda ou da direita; seja ele contra ou a favor da invasão do Iraque; esteja ele de que lado estiver no conflito israelo-palestino - esse vídeo tem a faculdade (não sei se esta é uma palavra certa) de nos amansar a todos na nossa fúria guerreira e justiceira convocando-nos, a todos, a um momento de profundo pesar e a uma paragem para repensarmos a vida e o mundo em que vivemos e perguntarmo-nos se alguma coisa (ou mesmo Deus) vale a vida de uma pessoa.

Muitos vomitarão depois de verem a cena.

Pergunto-me o que terão sentido os poderosos deste mundo quando lhes foi dado ver esse acto bárbaro inqualificável. E não especulo com nenhum nome em particular, da América ao Afeganistão, apenas penso neles e pergunto-me: de que é feita essa gente?

Eis o "link" para o vídeo.

domingo, maio 09, 2004

"QUADRATURA DO CÍRCULO"

Após "telespectar" mais um programa da SIC, “Quadratura do Círculo”, Salmoura decidiu enviar ao apresentador do programa, Carlos Andrade, o seguinte e-mail:

«Independentemente da minha posição política (à esquerda, confesso), tento aqui fazer uma apreciação imparcial da composição da equipa de "residentes" por si moderada nos debates semanais que a SIC nos oferece, para produzir uma conclusão isenta (penso e desejo que o seja) que me diz o seguinte: trata-se de uma equipa residente que beneficiaria em ser equilibrada politicamente mas se apresenta algo desequilibrada por uma razão que a mim me parece fundamental:

1. Há dois representantes da direita, Pacheco Pereira e Lobo Xavier, para um representante da esquerda, José Magalhães; como se isso não bastasse para tornar esse desequilíbrio pouco compreensível, acontece que um dos representante da direita, no caso, Lobo Xavier, pertence ao CDS, partido cujo peso no universo eleitoral português está hoje entre parêntesis por razões mais que conhecidas e que me abstenho de explanar. Apenas pergunto: quanto vale hoje este CDS, escondido no PSD, liderado pelo Paulo Portas da Moderna? Ninguém sabe. E é legítimo admitir que vale menos que o Bloco de Esquerda e do que o PCP, se tivermos em conta os resultados apurados em várias sondagens de intenção de voto feitas nestes últimos dois anos.

Parece-me, por isso, que conviria aos telespectadores e aos ouvintes do programa beneficiarem de um painel em que a esquerda estivesse mais bem representada.

Sendo o Bloco de Esquerda o partido mais visível e mais mediático, à esquerda, no panorama político português, sugiro aos produtores e ao apresentador da "Quadratura do Círculo" que seja equacionado futuramente convidar para o programa um representante do Bloco de Esquerda. Ganharia o programa, ganhariam os telespectadores e ouvintes e ganharia a Democracia.

Não sei se, caso esta singelíssima sugestão fosse encarada, a previsível oposição à presença de um representante do Bloco de Esquerda no programa não viesse mais do representante da esquerda do que dos representantes da direita. É que me parece que, apesar de a esquerda estar representada por apenas um elemento do PS (José Magalhães), talvez convenha a este representante do PS ficar apenas sob o fogo inócuo e conhecido dos velhos da direita do que do fogo imprevisível e incómodo do Bloco de Esquerda que, óbviamente não pouparia também a direita.

Caso a minha sugestão fosse aceite, não haveria uma "santa aliança" contra a presença do representante do Bloco?

Duvido muito que sim»
.
JABOR INCORRIGÍVEL

Para começar bem disposto a manhã deste domingo friorento, nada melhor que ler este bocado de prosa de Arnaldo Jabor:

«Uma noite de sexo mudou o Ocidente»

«Bill Clinton estava ansioso no salão oval da Casa Branca. O que o excitava era justamente o absurdo da situação. O homem mais poderoso do mundo esperava a chegada de Mónica Lewinsky com seus lábios deslumbrados. Mónica saiu do edifício Watergate (!) onde vivia com a mãe republicana e passou pela vigilância do palácio com seu cartão de estagiária. Na penumbra do gabinete, Bill, sentado em sua mesa de despachos, viu a porta se abrir e, numa fresta de luz, Mónica surgiu ofegante da aventura e do perigo. Clinton sentia um intenso prazer em pensar: “Se me vissem aqui...” Ela se arrojou no carpete com as armas da república e, no silêncio da noite, iniciou suas carícias no presidente amado. Bill estava tenso, pois não conseguia parar de pensar em Sharon e Arafat, o que lhe cortava a onda para aproveitar o “relax” que a moça lhe proporcionava. Para esquecer o Oriente Médio, ele se imaginava como um grande globo poderoso, inflando à medida que Mónica se esmerava a seus pés. Ela amava o senhor do mundo e sonhava com o que diria para as amigas, especialmente Linda Tripp, sua confidente. Quando o orgasmo se anunciou, vindo de longe, talvez dos bosques da Pensilvânia, ele se excitou mais ainda pensando que a moça era republicana e que aquilo vingava-o contra a gangue da direita cristã. Finalmente, Clinton se entregou com um grande gemido de prazer, pairando como a Águia Americana sobre os olhos súplices da gorduchinha devota. E, nesse momento, o mundo mudou.»

Partindo deste texto jocoso e bem-disposto, Jabor, à sua maneira (inteligente, sarcástico e demolidor), entra na parte mais séria do tema para analisar essa realidade obscena que se chama Bush. E termina assim:


«Não foi Osama quem feriu o Ocidente. Foi Bush. O gravíssimo fato não é a presença de Bush no poder, apenas. É que, mesmo quando ele se for, é que ele deixou o mundo estragado para sempre, é que ele despertou a barbárie que ele tinha dentro de si, de sua gangue de fascistas e dos árabes doentes. Bush criou uma guerra santa no Oriente todo e sujou todas as conquistas civilizadas que tínhamos conseguido. E essa guerra não vai acabar nunca, seja eleito o Kerry ou qualquer outro. Quando Hitler foi vencido, acabou um inimigo. Agora, nasceu um inimigo parido por Bush que jamais será extinto».


Mas leia o resto aqui que vale bem a pena.

sábado, maio 08, 2004

"MAR SALGADO" CONTRA A ESQUERDA

O blogue Mar Salgado, na sua posta “Hipótese de redenção” aponta o que lhe parece ser uma contradição embaraçante para a «esquerda blogosférica». Qual seja: a subida galopante do preço do petróleo mostra claramente que não há qualquer conspiração entre sauditas e a Administração Bush pois de contrário o preço do crude não subiria, pois que, subindo compromete a reeleição de Bush. A esquerda ter-se-ia, portanto, precipitado ao apontar a hipótese de tal conspiração. Está aí o preço alto do barril de petróleo para a desmentir.

Mas Mar Salgado merece esta resposta:

Segundo vários analistas de mercado, estando as bolsas mundiais em voo rasante e rasteiro, sem perspectivas de subidas substanciais a curto prazo, a aposta mais consistente para especulação financeira passou a ser o petróleo: um “bem” seguro com presente e futuro garantidos. Toca então de especular com o petróleo, comprando e vendendo milhões de barris por segundo numa agitação que, sabem os especuladores, acabaria por inflacionar os preços do produto.

Ora «todo o mundo sabe» (agora esta é a máxima de Rumsfeld) que a Administração americana está enxameada (por dentro e por fora) de gente interessada na comercialização do petróleo. Se não o podem ir buscar ao Iraque a pataco, para ganharem dinheiro vendendo-o a baixo preço, já agora vão para o mercado ganhar dinheiro com a especulação do seu preço.

Isso é mau para a reeleição de Bush? Claro que é. Mas ao menos salva-se a possibilidade de ganharem dinheiro rapidamente ficando com lindos anéis e não arriscando em vender os dedos mesmo que isso custe a reeleição de Bush.

De que valerá aos “petroleiros” amigos de Bush que este ganhe as próximas eleições se o Iraque e os restantes países árabes, por razões diferentes, não lhes entregarem o petróleo para eles comercializarem? Mais valerá ganharem dinheiro com a especulação dos preços, mesmo que isso leve Bush ao tapete. O que interessa é o “pilim”. Se Bush não tem “ciência” para lhes oferecer terreno propício a que o ganhem (entregando-lhes um Iraque “pacificado” ou mesmo despovoado mas com os poços de petróleo intactos), então dão-lhe a volta e vão buscar o dinheiro por outro lado.

Difícil de entender? Não nos parece.
SALMOURA JÁ NÃO ESTÁ SOZINHO

Segundo o Causa Nossa «em entrevista publicada no Jornal de Negócios de ontem, o primeiro candidato da lista do PS às eleições europeias, Sousa Franco, no plano da política interna pronuncia-se pelo desrespeito do limite do défice, para estimular o investimento público, e contra o corte dos impostos directos.»

Mas considera «o desmantelamento do sistema de saúde como o aspecto mais negativo dos últimos dois anos».

Quem tem lido as postas de Salmoura intituladas "Gestão Empresarializada dos Hospitais" sabe do que fala Sousa Franco.

Não acordem não que ainda vão de esquife.

sexta-feira, maio 07, 2004

NO CAMINHO CERTO

Donald Rumsfeld testemunhou hoje perante o Senado americano e declarou:

«We are in the right track on Iraq».



---------------- Como se pode ver não é mentira nenhuma.
SATISFAÇÃO AOS LEITORES

Período laboral mais intenso impede Salmoura de postar.
Amanhã, sábado, aqui estaremos para dizer algo sobre esta piolheira.

segunda-feira, maio 03, 2004

HÁ DIVAS QUE SÃO ETERNAS

É regra eu mudar com certa frequência as imagens e fotografias que coloco aqui na barra da direita. Mas desde que coloquei a de Marylin não me apetece substitui-la. Parece que o lugar lhe pertence por graça divina. E não sei por quanto tempo.

domingo, maio 02, 2004

Descontraia-se

Ligue o som do seu computador
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