sábado, março 13, 2004

UMA QUESTÃO DE FÉ

É de um descaramento inqualificável o Abrupto (ele próprio, ou através da publicação de cartas dos "seus leitores") verberar a esquerda que, no seu dizer, distorce intencionalmente a verdade sobre a autoria do atentado de Madrid no sentido de responsabilizar a Al-Qaeda e assim estigmatizar o PP espanhol, Aznar e o seu governo desejando por isso que sejam penalizados domingo próximo nas urnas; quando afinal o Abrupto e os "seus leitores" não fazem senão o mesmo de que acusam a esquerda de estar a fazer, só que invertendo o sinal: «não foi, não senhor, a Al-Qaeda. Foi, sim senhor, a ETA e por isso os eleitores espanhóis vão prendar o PP espanhol com uma grande votação e partir assim os dentes à esquerda ideologicamente terrorista» – pensam e dizem por meias palavras.

O Abrupto está em vias de cometer em relação ao atentado de Madrid o mesmo erro colossal que cometeu em relação à invasão do Iraque: no Iraque não teve dúvidas de que havia toneladas de Armas de Destruição Massiva (foi o que se viu); em Espanha, não tem dúvidas de que foi a ETA a autora do atentado (depois se verá).

É uma questão de fé? será uma posição “clubística”? ou estamos perante uma toleima incompreensível (mais uma) praticada por JPP nesta sua crescente cruzada contra a esquerda?