domingo, março 21, 2004

A “TAREIA” JÁ COMEÇOU

António Barreto assina hoje mais uma crónica cassândrica e de puro "desancamento político", a que já nos habituou. E como Salmoura já previra, segue o caminho da direita e dá “tareia” em Soares dizendo:

«O Dr. Mário Soares é um dos políticos mais inteligentes e hábeis do nosso século XX. Deixou a sua marca indelével na história de Portugal. Por isso é desolador que, à sua excepcional obra e ao seu formidável percurso, tenha agora acrescentado este perigoso e desmoralizador contributo: "É preciso negociar com os terroristas"! Ele não disse "opositores", "adversários", "colonizados", "oprimidos" ou "resistentes". Disse "terroristas". Nunca alguém o dissera antes dele. E creio que ninguém o dirá depois. Mas ele disse!»

É isso mesmo que distingue Mário Soares de todos os outros políticos: ver mais longe que os outros; ver primeiro que os outros; e dizer primeiro que os outros.

E ao contrário do que pensa António Barreto, outros virão dizer futuramente a mesma coisa que Soares disse agora. Só que tarde e a más horas.

Veremos.

Nota: Manda a verdade que, pegando nas suas próprias palavras, se diga aqui a António Barreto: Ele não disse "negociar", "pactuar", "ceder", "capitular". Disse "dialogar". E, tal como Barreto, nós também concordamos que «Nunca alguém o dissera antes dele».

E a frase completa de Soares é esta:

«É preciso dialogar com os terroristas e conhecer as suas razões».

Quem a deturpa, como têm feito os "lapidadores" de Soares, lá tem as suas razões para isso.

Nunca é demais lembrar que mentir, hoje em dia em Portugal, é tão natural como respirar.