ELOGIO DA MODERNIDADE
Faço hoje anos e o computador do meu banco mandou-me um e-mail de parabéns. É reconfortante sentirmos que à medida que os anos passam e algumas pessoas se afastam ou desaparecem - e não me digam que convosco é ao contrário - o vazio por elas deixado vai sendo preenchido pelas novas tecnologias.
Eu até nem me importo de um dia vir a não ter família. O que é isso se quando vou para a rua já saio acompanhado pelo meu telemóvel Nókia, a minha máquina fotográfica digital pro-profissional Nikon D70, o meu belíssimo relógio suíço automático (de maquinaria) Oris, o meu PDA Palm, a minha caneta Momblanc, sabendo ainda que deixo em casa, a esperar avidamente o meu regresso, o meu computador de última geração, os meus scanners e impressoras (dedicados uns só à fotografia, e outros apenas a texto e gráficos), a minha aparelhagem Hi-Fi topo de gama, os meus livros preferidos (sim, tenho livros preferidos, que releio várias vezes).
E ainda... os meus três gatos (um himalaia e dois persas azuis), o Alex, o Picasso e o Gauguin.
Com tudo isso acham que ainda é preciso haver alguma pessoa na nossa vida?
Francamente! Não percebo.