quinta-feira, julho 15, 2004

UM PERIGO

Aflito, depois da grande asneira que fez ao entregar o poder à Direita, indo claramente contra a vontade popular expressa nas urnas, nas eleições europeias - vontade popular que nem o senhor Barroso, na hora da derrota eleitoral, escamoteou -, Sampaio acaba de vetar a Lei de Bases da Educação, como quem diz: «viram, eu dei-lhes o poder mas comigo não vão brincar».

Isto não passa de um pífio tirinho de pólvora seca que mais não visa senão espantar pardais fingindo que atira contra caça grossa.

De contrário não se entenderia por que razão Sampaio haveria de vetar uma lei que a mesma maioria que a aprovara antes voltará, certamente, a reaprovar com a maior das facilidades. Para satisfazer, até, uma das exigências que Sampaio fez a Santana Lopes: «dar continuidade à política do Governo cessante». Nem mais.

Até parece brincadeira!

De agora em diante vamos ter dois protagonistas maiores na cena política portuguesa:

de um lado estará Santana Lopes com os seus números de circo a distrair o pagode enquanto à pala disso ratões encartados, com cargos ministeriais, irão tirando dividendos para os grupos a favor dos quais governam;

de outro lado estará o Presidente Sampaio de pistolinha em punho a dar tirinhos para o ar qual destemido caçador em plena floresta virgem.

E o pagode, incrédulo, assistirá a tudo isso sem nada poder fazer porque só lhe darão voz daqui a dois anos.

Não há dúvidas: o País está a ficar perigoso.