sábado, dezembro 18, 2004

CURTO-CIRCUITO

Custa muito, ou talvez seja mesmo impossível, perceber a existência desse canudo estreitíssimo por que Pacheco Pereira divisa a (para ele) única solução governativa capaz para Portugal - o regresso de Cavaco Silva ao cargo de Primeiro-Ministro.

Aflige aceitar que um intelectual da craveira de Pacheco Pereira admita não existir, para além de Cavaco Silva - dentre centenas de cidadãos portugueses, politica, intelectual e profissionalmente válidos, pertencentes às elites nacionais - mais ninguém com preparação e tino suficientes para conduzir o Governo de Portugal.

Admitindo por absurdo que Pacheco Pereira tem inteira razão no que diz, sendo nisso acompanhado pelos dez milhões de portugueses, e sendo eu o único que não vê essa razão, é, no entanto, forçoso admitir, por outro lado - e nisso sou agora eu que reclamo a companhia dos dez milhões de portugueses - que qualquer coisa não vai bem na cabeça de Pacheco Pereira para ele afirmar sem rebuço (fê-lo na última "Quadratura do Círculo" da TSF) que votará em Santana Lopes nas próximas eleições legislativas de 20 de Fevereiro.

Quando Pacheco Pereira diz que escolherá com o seu voto, para Primeiro-Ministro, precisamente o político que visivelmente ele mais combateu e contribuiu para desacreditar publicamente (contribuindo com isso para a sua queda), escrevendo e clamando diariamente contra o "Pobre País" em que Portugal se tornara com Santana Lopes ao leme... isso é, no mínimo, totalmente incompreensível.


Ou será apenas o resultado de um curto-circuito momentâneo?