terça-feira, agosto 10, 2004

ENTENDAMO-NOS

Falar bem exige, como é óbvio, que as palavras empregues transmitam o mais exactamente possível a ideia do que se quer significar, isto é, exige que o significante (a palavra) se adeqúe exactamente ao significado (objecto, estado, acção, etc.) a que se refere.

Sobre o caso das cassetes furtadas ao jornalista Octávio Lobo, todo o mundo diz e escreve que as mesmas cassetes foram "roubadas" - não foram roubadas coisa nenhuma -. As cassetes foram, como disse já, furtadas.

É que roubar não é a mesma coisa que furtar.

Furtar é apossar-se indevidamente de algo que não pertence a quem assume essa posse.

E roubar é furtar empregando violência ao praticar o acto.

Se, por exemplo, alguém se introduz em nossa casa e se apossa, sem empregar violência, da nossa carteira - isso é furto.

Mas se, em alternativa, esse alguém nos agride com violência para se apossar da nossa carteira - isso então é que já é roubo.

Ficou claro?

Quanto a este assunto não há como não dar razão a Vasco Pulido Valente quando sobre a generalizada má preparação escolar dos portugueses escreveu há três dias no Diário de Notícias:

o país que «estudou» desceu a uma geral iliteracia: estultificante, grosseira e muito contente de si mesma. Os jornalistas não sabem escrever. Na televisão, não se fala português ou qualquer outra língua reconhecível. A «classe dirigente» (da política à economia e da ciência ao futebol) precisava, sem excepção, de voltar ao «básico».

Nem mais!