ONDE ESTÁ O PRESIDENTE?
O conhecidíssimo e ilustríssimo advogado, José António Barreiros, despediu-se do esfrangalhado Diário de Notícias com um autêntico murro no estômago de Mário Bettencourt Resendes e seus patrões da Lusomundo. Mas também no estômago do Governo e do próprio Presidente Jorge Sampaio.
O Governo apanha porque é parte interessada no que acontece, e da forma como tem acontecido, na comunicação social; e o Presidente da República apanha, porque deixa tudo acontecer nas mais calmas águas-de-bacalhau de que não há memória até hoje.
José António Barreiros escreveu um texto de despedida que é um duríssimo libelo acusatório contra todos aqueles que resolveram criar uma gigantesca Albânia no território nacional chamado Portugal. Desde logo contra os capitalistas e seus homens de mão na comunicação social (os mal chamados administradores); contra os grupos de serventuários políticos ligados ao capital controlador da comunicação social, hoje largamente colocados em altas funções no aparelho de Estado; contra os políticos que deviam gerir o Estado e servir a Democracia e hoje mais não fazem do que gerir os seus interesses pessoais e os interesses dos grupos que encapotada ou descaradamente representam, numa acção de vilipêndio da Democracia.
Atentemos só neste pequeno parágrafo escrito por José António Barreiros:
«Primeiro, em Portugal está a instalar-se um clima de medo; não o medo antigo de se ser preso por um delito de opinião, mas um medo moderno, nascido na zona dos interesses, do que se ganha e do que se perde. A hipocrisia, em Portugal, passou a ser a forma de os fracos sobreviverem, a velhacaria um modo de os fortes dominarem».
E tudo isso acontece na mais chocante impunidade.