domingo, novembro 30, 2003

VÁ DE RETRO SATANÁS

Escrevi agora este texto só para atirar com o Bush mais para baixo e assim fazer com que ele deixe de desviar as atenções dos leitores do quadro em cima à direita. Este texto não vai ser, contudo, muito extenso pois não quero atirar com o George para o fundo do poço e privar o senhor Luís Delgado do imenso prazer de continuar a contemplar a fotografia da sua querida musa inspiradora.

sábado, novembro 29, 2003

UM LUNÁTICO NA INTERNET



Este é o texto mais lunático que até hoje li em qualquer suporte (blog, jornal, livro, revista ou parede de WC público).

Felizmente que a mulher do autor é psiquiatra.
POR FAVOR SENHORES JORNALISTAS

Salmoura tem vindo a alertar a blogosfera para os malefícios evidentes da privatização da Saúde em Portugal. E tem dito que quem se vai tramar com isso tudo são os pobres (os jornalistas pobres, os professores pobres, os médicos pobres, os políticos pobres e os pobres pobres).

Salmoura tem pedido insistentemente aos jornalistas que não se acobardem e investiguem e divulguem as negociatas que vão havendo à volta da Saúde e do Serviço Nacional de Saúde, em Portugal.

O silêncio sobre esse assunto tem sido quase total, destacando-se apenas o Senhor Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, como a única entidade preocupada com as sombrias perspectivas futuras a resultar das privatizações em curso e, sobretudo, das privatizações previstas para médio/longo prazo.

Contudo, desde há duas semanas, já começaram, algo surpreendentemente, a aparecer nos média, tenuemente, pequenas notícias sobre o problema da privatização da Saúde em Portugal. O mérito disso não é, seguramente, das denúncias de Salmoura - sabemos isso - o mérito parece vir, surpreendentemente, do campo de certos grupos privados que já estão a sentir-se afastados da "panela da Saúde" e agora armam-se em patriotas defensores do interesse público, contra eventuais "panelinhas" arranjadas à pressa por certos grupos privados representados no Governo.

Assim, o semanário Expresso diz hoje:

«O Grupo Espírito Santo e a Caixa Geral de Depósitos (CGD) estão furiosos com o Governo por considerarem que o concurso para o hospital público universitário em Sintra é "feito à medida" do consórcio Mello-Católica». Por isso «Pretendem alertar o primeiro-ministro, Durão Barroso, e a ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, para o facto de "não estarem a ser garantidos os interesses do Estado" quando se faz um concurso a que provavelmente concorrerá apenas um único candidato».

Quem lê isso fica a pensar: afinal os governantes não estão no Governo para acautelarem os interesses do Estado. Os governantes estão no Governo é para acautelarem os interesses dos privados. De certos privados.

E o que acontece é que talvez os governantes estejam mesmo a acautelar apenas os interesses do certos privados, neste caso os interesses do Grupo Mello (grupo que, segundo dizem as más línguas, conta com os favores do actual ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira; grupo que, segundo também dizem as más línguas , contava com os favores do ex-ministro da Saúde do PS, Correia de Campos).

E será por isso que outros privados (Banco Espírito Santo e CGD) estão agora a gritar por socorro?

Salmoura já o disse e vai repetir: se os portugueses não acordarem já e não se opuserem firmemente a esta política de privatização da Saúde, é o direito à saúde que estará em causa daqui a algum tempo. Porque, a vingar a actual política, de futuro só quem tiver dinheiro terá bons cuidados de saúde e quem não tiver dinheiro, se tiver que morrer (porque não terá boa assitência médica) morrerá.

Salmoura volta a pedir: senhores jornalistas, investiguem o assunto e tragam-nos notícias. Vençam os vossos fantasmas e receios; sejam corajosos os que ainda não revelaram sê-lo. Vejam que agora até têm aliados de peso (grupos privados que se sentem lesados). Aproveitem a maré que a gente agradece.
TERRORISMO OU GUERRA?

O Iraque era, há um ano atrás, um país soberano.

Foi invadido e agora está ocupado por americanos e britânicos.

Hoje, sete agentes secretos espanhóis foram emboscados e mortos no Iraque.

Ao que se sabe esses agentes secretos não tinham os necessários vistos nos respectivos passaportes para entrarem no Iraque. E muito menos tinham permissão para exercerem a actividade secreta naquele país.

À luz destes factos, será que essa emboscada e morte dos agentes secretos espanhóis, por parte da resistência iraquiana, é um acto terrorista?

Os especialistas que respondam.

Eu acho que não.

sexta-feira, novembro 28, 2003

PASSE A IMODÉSTIA

Escrever por que em vez de escrever porque tornou-se moda desde há já algum tempo, e, ou se faz alguma coisa ou ainda vamos assistir a uma epidemia de por que.

Não estou a falar dos livros, mas sim das revistas e dos jornais que se publicam em Portugal. É nestes dois meios de comunicação que a moda começou e tem grassado galopantemente.

E, como não podia deixar de ser, já se estreou nos blogues com tanta força que o próprio JPP (que Salmoura julgava mais cauteloso no uso da Língua) brinda-nos hoje no Abrupto, na posta intitulada "O ESCRITOR COMO FUNCIONÁRIO PÚBLICO" com um exemplo cabal. Diz JPP: «quantas páginas únicas da nossa literatura são perdidas por que o estado não as subsidiou?».

Ora bem,

o termo por que (composto pela preposição por e pelo pronome relativo que) introduz frases relativas com o verbo no modo indicativo ou no modo conjuntivo, ou introduz frases interrogativas com o verbo no modo indicativo (sendo parafraseável por «pelo qual», «pela qual» e seus plurais; e «através do qual», «através da qual» e seus plurais). Exemplo: os livros por que eu estudo (os livros pelos quais eu estudo); ou o caminho por que foi a casa (o caminho pelo qual, através do qual, foi a casa), etc.;

já o termo porque, quer como advérbio de interrogação (em que é parafraseável por «por que motivo», «por que razão», «com que fim», «com que intenção»), quer como conjunção (em que é parafraseável por «visto que», «dado que», «visto como»), tem valor semântico causativo (relaciona-se com uma causa). Exemplos: Porque votaste PSD? (por que motivo votaste PSD?); porque os americanos invadiram o Iraque? (com que fim os americanos invadiram o Iraque?); ou então: votei PSD porque sou parvo (votei PSD visto que sou parvo), etc.;

Os dois termos não têm, portanto, o mesmo valor semântico, não podendo, por isso, ser permutáveis numa mesma frase.

Eis porque (por que razão) a frase por que (através da qual) JPP se exprimiu está incorrectamente escrita.

Em bom rigor, JPP ao perguntar «quantas páginas únicas da nossa literatura são perdidas por que o estado não as subsidiou?» pergunta o seguinte: "quantas páginas únicas da nossa literatura são perdidas pelas quais o estado não as subsidiou?"

Faz isso algum sentido?

Não, não faz porque o por que de JPP não serve para fazer interrogação.

A forma correcta de escrever a frase é: "quantas páginas únicas da nossa literatura são perdidas porque o estado não as subsidiou?"

Salmoura admite que algum corrector ortográfico possa estar na origem de tanto por que em vez de porque.

Mas porque será que Vasco Graça Moura, António Mega Ferreira ou Clara Ferreira Alves, por exemplo, nunca cometem esse erro? Usarão o mesmo corrector que Salmoura usa? Ou será porque são "funcionários públicos"?
INTERIM COMPENDIAL

Aprecie mais dois quadros novos de Renoir na barra da direita.

quinta-feira, novembro 27, 2003

QUEM TEM CU TEM MEDO
(ou o cowboy com o rabo entre as pernas)

Jorge W. Bush, presidente dos Estados Unidos da América, almoçou, hoje, em Bagdad, neste dia de acção de graças (o feriado americano mais importante para a família), tendo a sua presença no Iraque sido noticiada só depois de o avião que o transportou ter levantado voo de Bagdad de regresso aos Estados Unidos.

Este é o pior sinal que o presidente dos Estados Unidos poderia ter dado aos seus aliados e à economnia americana na altura em que há grandes dúvidas sobre a capacidade dos americanos e britânicos para vencerem a empresa em que se meteram com toda a fanfarronice e algum desprezo pelo inimigo.
SEM COMENTÁRIOS

Sousa Lara, o ex-secretário de Estado que censurou o livro de José Saramago, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, impedindo que o mesmo figurasse num concurso literário europeu, alegando razões morais e religiosas para o acto censório, foi hoje condenado em tribunal a dois anos e meio de prisão por crimes dados como provados no julgamento do chamado Caso Moderna.

terça-feira, novembro 25, 2003

AGORA COMPREENDI A ACÇÃO DE DEUS

António Lobo Antunes costuma dizer que aprendeu algo muito importante quando um dia um doente psiquiátrico o abordou e lhe disse isto: «sabe, o mundo foi feito por trás».

Pois bem, SEPSIA, apesar da sua juventude, pesquisou e descobriu a verdade escondida na frase do doente psiquiátrico. Está na posta Diógenes e a penitente .

Eu já deconfiava que Deus estaria metido no assunto. Mas não sabia era bem como. Agora descobri. Só falta você fazer o mesmo.
O BARNABÉ TEM:

O Barnabé tem a invejável faculdade (e eu sinceramente invejo-lha) de descobrir certas "fragilidades" legais (e de outras naturezas) que os possidentes do regime vão criando, aqui e ali, como quem não quer a coisa, para benefício próprio e dos seus amigos.

Confesso que acho que esta descoberta é um achado importantíssimo realizado pelo Barnabé. Certamente num dia de feliz actividade arqueológica. É que o Barnabé encontrou um verdadeiro fóssil - tanto é o tempo que o objecto encontrado dormiu antes de ser descoberto.
ACTUALIZAÇÃO COMPENDIAL

Novos quadros na barra lateral direita trazem-nos o génio de Pierre Auguste Renoir (1841 - 1919) cujo é retratado no primeiro quadro por Frédéric Basille.

domingo, novembro 23, 2003

NÃO SERÁ TRUQUE MAS RESULTA COMO SE FOSSE

Qualquer insignificância serve para actualizarmos um blogue e colocá-lo nas primeiras linhas da lista de "frescos". O Abrupto costuma fazer isso com duas ou três linhas (como há pouco, às 23:44 de ontem, 22/11/2003); às vezes fá-lo apenas com um "republish" para dar milho aos pombinhos para que estes não se desabituem de ir comer ao mesmo local. Resulta como um truque que nos obriga a dar um salto até lá à procura de alguma novidade accionando assim o estafado contador pela enésima vez num mesmo dia. Só da minha parte e por causa disso o contador do Abrupto já deve ter dado alguns milhares de saltos sem que eu de lá tivesse trazido algo de novo.

Esses truques menores devem ser deixados para os blogues compendiais aciganados, como o Salmoura, por exemplo. Nunca deveriam ser praticados por blogues enciclopédicos. Nestes é coisa feia.
SANTA INGENUIDADE

Com os portugueses é sempre tudo muito diferente. As televisões mostraram e ouvimos o repórter dizer que a população de Nassyria recebeu-os muito bem e só é pena os soldados da GNR ainda não saberem falar árabe para se entenderem com as criancinhas que correm e vêm falar com eles a cada momento.

Primeiro revela-se a ingenuidade; depois, quando as coisas acontecem, invoca-se o azar, o puro azar.

Eu também já desconfiava que D. Sebastião não morreu em Alcácer Quibir, em 1578. Foi adoptado por uma família árabe que o tratou como um rei até aos noventa anos.

Oxalá nenhuma família árabe se perca de amores e resolva adoptar algum dos soldados da GNR.

sábado, novembro 22, 2003

QUE PENA!

Por estar a trabalhar na altura, não me foi possível ontem ver O Expresso da Meia Noite na SIC.

E o Barnabé, com esta posta, deixou-me pesaroso de não ter assistido a tão lauto festim participado pela nata da intelligentsia dextra da nossa praça mediática.

É que me comove até às lágrimas deglutir argumentos tão sólidos, evidentes e irrebatíveis como os que o Barnabé transcreve.

E eu gosto de chorar.

Quando rio.
CUIDADO, O ESPÍRITO DO NATAL ANDA À SOLTA

Quem gosta de electrónica e de informática, e sabe mexer em hardware de computador, vai-me entender.

Comprei a revista Exame Informática numa altura que tenho avariado um dos três computadores cá de casa (há ainda um velho portátil dormindo o sono das sucatas). Da leitura da revista sucedeu-me o seguinte:

1) Apeteceu-me construir um "Mini PC" multimédia montado numa "Barebone". Fiz as contas do material que me falta para isso pois pensei em utilizar algum do material já existente neste PC que ora uso (empregando o restante material na recuperação do computador avariado). Custo: € 1.300 (mil e trezentos euros);

2) Sendo fotógrafo amador, achei que já não era sem tempo substituir a minha impressora HP de qualidade fotográfica (boa) por uma impressora moderna da mesma marca. Custo: € 429 (quatrocentos e vinte e nove euros);

3) Achei engraçado um sintonizador externo de TV que ligado a qualquer monitor VGA (dispensando a existência de um PC) permite ver todos os canais de televisão a que tenho acesso por cabo. Uma óptima solução para ver televisão no monitor obsoleto que tenho arrumado na arrecadação. Custo: € 129 (cento e vinte e nove euros);

4) Apesar de ter dois backups em DVD dos dados deste computador que ora uso, achei que talvez fosse mais prático comprar para o mesmo efeito um disco rígido externo de 250 GB, da Iomega, por € 429 (quatrocentos e vinte e nove euros);

5) Sem ter a ver com a leitura de revistas, já fui sensibilizado para a compra de um aspirador «fantástico», com um poder tal que é capaz até de aspirar não só os tapetes cá de casa mas também os dos vizinhos dos andares de baixo, inclusive os móveis e os próprios vizinhos, quiçá até a crusta terrestre. Custo: € 1.830 (por pouco também este preço acabava em 29).

Não contando com as habituais prendas para os familiares e amigos; com o abastecimento do bar; da garrafeira (disso já se encarregou a Enoteca Unibanco que me enche a casa de garrafas de bom vinho e boas aguardentes, diga-se a verdade); e não contando com as despesas da festa do fim-de-ano,

o orçamento destas pequenas manigâncias já vai em € 4.117 (Quatro mil cento e dezassete euros).

Depois de pensar um bom bocado cheguei à conclusão que a minha vida continuaria a ter a mesmíssima qualidade que tem hoje caso eu decidisse gastar esse dinheiro todo na compra das superfluidades acima descritas.

É que não preciso de nenhuma delas.

Basta-me comprar um processador Pentium II da Intel (por menos de € 100) para resolver o único verdadeiro problema que me surgiu por aqui. Ponho o computador avariado a funcionar e continuo a ter a casa de perfeita saúde e bem agradável de ser habitada.

Ela há cada tentação que se a gente não tem cuidado ainda terá que roubar para comprar comida.

P.S. No ano passado o meu banco mandou-me um cheque à ordem no valor de € 12.250 (dois mil e quinhentos contos antigos) para eu gastar como bem entendesse pelo Natal.

Depois teria que pagar o empréstimo. Com juros, claro!

quarta-feira, novembro 19, 2003

ESCLARECIMENTO

Manda a verdade e a boa educação dizer já que, após um e-mail a oficiar o Vincent sobre a posta logo aqui em baixo, este respondeu-me reiterando que (e espero não estar a violar nenhuma regra de boa conduta citando apenas isto do e-mail do Vincent) «a história cartilaginosa foi para o blog e nunca poderia ser para a pessoa».

Concluo daí que talvez eu tenha sido excessivo na interpretação que fiz desse pequeno "acontecimento". Por isso me penitencio publicamente pedindo desculpas a ambos (Vincent e Pedro Mexia).

terça-feira, novembro 18, 2003

AI O VINCENT, ESSE SÁDICO-GRANÍTICO!


O Vincent, quando quer, sabe ser cruel e gozão ao mesmo tempo; um autêntico sádico, em suma.

Chamar cartilagem a Pedro Mexia é mesmo isso: ser cruel, gozão, sádico.

E chamar-lhe «cartilaginoso-dondoca» é suprema crueldade.

A cartilagem é um tecido deformável, capaz de absorver choques sem que as deformações causadas pelos choques tenham carácter permanente; a cartilagem sofre os choques, deforma-se e depois volta à forma inicial

(os esqueletos tenrinhos dos embriões dos mamíferos, por exemplo, são totalmente constituídos por cartilagem).

Mexia acusou (e de que maneira) o toque de Vincent. E Vincent veio desculpar-se dizendo que não foi a Mexia mas sim ao blogue dele, o Dicionário, que apelidou de cartilaginoso-dondoca.

Ora, sendo um blogue o cartão de identidade do seu progenitor, foi a Mexia, por interposto blogue, que Vincent apelidou de cartilagem dondoca.

Sendo assim, Vincent terá ofendido Mexia.

A não ser que Mexia não consiga provar nas próximas postas que não é um indivíduo (poeta, jornalista, escritor, sei lá) afectiva e sexualmente imaturo (cartilaginoso) como alguns (Vincent incluído?) pensam que é.
SUPREMA HONRA

Ao estudar o pequeno universo dos seus leitores Salmoura descobriu que é lido a partir de um computador registado no domínio do Ministério da Saúde. É uma grande honra. E é óptimo que as opiniões e preocupações aqui expressas sobre a problemática da Saúde sejam lidas lá onde os planos sobre a Saúde devem ser traçados e as decisões precedentes aos mesmos devem ser tomadas.

Salmoura espera, até, que seja o ministro, ele próprio, a ler o que aqui se posta sobre a Saúde.

Se for esse o caso,

oh senhor ministro, não se faça rogado nem se acanhe; convide Salmoura para um almoço em que possamos fazer uma troca de opiniões. Olhe que lhe ficaria muito mais barato do que vários dos estudos dos seus assessores e respectivos gabinetes de apoio.

Para além de barato Salmoura garante-lhe que ficaria a ter muita informação interessante, em primeiríssima mão, sem as distorções que os dados sempre sofrem obrigatoriamente quando transitam pela cadeia hierárquica, pois que, por esse caminho a pílula deve sempre ser dourada, não é? e por vezes há interesses ocultos que determinam entorses discretas mas suficientemente perturbadoras para alterarem significativamente os dados condicionando perversamente a interpretação da realidade que pretendem reflectir.

E pode crer o senhor ministro que Salmoura, que se considera informado (mas também destemido), há-de lhe dar algumas sugestões bem úteis para o aumento da produtividade (é uma obsessão do Governo a que Salmoura promete não fugir); para a melhoria da qualidade dos cuidados de saúde; e algumas indicações preciosas sobre onde deve cortar nas despesas e onde deve investir, nos hospitais, para que a maioria dos portugueses seja beneficiada.

Atenciosamente Salmoura aguarda o contacto.

domingo, novembro 16, 2003

FINALMENTE JPP ACORDOU

O longo sono iraquiano, de cerca de pelo menos três meses, que Pacheco Pereira vinha dormindo, parece que acabou. JPP acordou hoje e postou sobre a presença do invasor americano no Iraque.

Nada mau. Antes tarde do que nunca.

Mas postou com desalento e uma certa dose de amargura.

Ainda não deu verdadeiramente a mão à palmatória sobre a razão suprema por ele invocada para defender a invasão do Iraque: as tais famosíssimas armas de destruição massiva de Saddam. Mas dizer, como ele disse hoje no Abrupto, que «o descrédito que caiu sobre as administrações americana e inglesa por causa das armas de destruição massiva (e por contágio, sobre todos os que, como eu, lhe atribuíram um papel fundamental na legitimação da intervenção)» - dizer isto - já é um passo na direcção da palmatória. Embora antes de o dizer tenha dito isto: «Não se vêem os resultados esperados». Eu traduzo. O que ele queria dizer é: "nunca mais se descobre o raio das armas, caramba! E com isso lá vou caindo em descrédito, na companhia e por culpa das administrações americana e inglesa".


Todos estávamos a ver que JPP tinha sido enganado (é mais um não-assumido, pelo menos por ora) e foi isso que determinou que tivesse ficado entupido esse tempo todo no que ao Iraque diz respeito.

Implícito na análise que Pacheco Pereira agora fez sobre a situação no Iraque está o vaticínio de que o pior é o que vai acontecer a curto-médio prazo: o futuro abandono do Iraque por parte dos amigos americanos (mandando às urtigas todas as doutrinas e todas as teorias que elevavam a "sua" democracia à condição de coisa divina) para quem agora o que é mais importante é preparar a reeleição de Bush do que continuar em coboiadas tentando endireitar o mundo à bomba.

Isto é de derrear o mais intrépido defensor das teorias de um senhor desaparecido em combate, de seu nome Donald Rumsfeld. Lembram-se deste senhor? Parece que existiu há milhares de anos como os dinossauros. Não se sabe onde está metido agora.

E Pacheco Pereira está derreado. E dá sinais de estar a ficar um pouco religioso. Começa a acreditar, a crer, a ter fé. Por isso disse (quando digo que disse quero dizer que escreveu) «Há caminhos políticos, militares e diplomáticos que, com firmeza, podem inverter a situação e corrigir os erros». Só ele vê esses caminhos. Através da sua fé.

Diz quem assistiu, que Mário Soares e Freitas do Amaral, depois de lerem hoje o Abrupto, deram gargalhadas monumentais que chegaram à Marmeleira sob a forma de forte vendaval provocando frequentes interrupções de electricidade na aldeia de Pacheco.
ANUNCIA-SE CARNAVAL ANTECIPADO NA SIC
(Actualizado às 21:20)

É a TSF on-line que noticia isto, às 17:57:

«O avião que transporta Maria João Ruela tem hora prevista de aterragem no Aeroporto Militar de Figo Maduro, em Lisboa, às 20:00.»

Vai-se mesmo cumprir os presságios aqui do Salmoura: vai haver hoje lixo a dar com pau no telejornal da SIC.

Vamos ver se Pacheco Pereira terá a "deselegante" coragem de chamar os bois (não digo pelos nomes mas) ao menos por vitelos, vitelinhos, ou gado bovino. Tudo menos ficar calado perante esse telejornal terceiro-mundista que se adivinha.

Actualização. Como todos vimos, houve carnaval (26 minutos do telejornal sobre a jornalista de rabo furado). Como também vimos, Pacheco não teve a coragem que exigiu ao representante do Governo na inauguração do Estádio do Dragão. Portanto, tudo normal e à portuguesa. Que é como quem diz: segundo as conveniências.
HOJE VAI SER DE ARROMBA

Hoje há muita coisa para se comentar na TV.

Quando os jornalistas, eles próprios, passam a ser notícia, temos acontecimento sério e da maior importância a exigir a atenção não só do país mas do mundo inteiro.

É por isso que hoje à noite, nos telejornais, os comentadores de serviço não vão poder fugir a dar-nos a sua opinião sobre o magno problema que envolveu um jornalista da TSF e uma da SIC em terras iraquianas.

Carlos Raleiras, jornalista da TSF, foi ontem libertado a 7 (sete) quilómetros da fronteira do Kuwait «em pleno deserto» como anda a dizer a TSF em cada noticiário em que um iraquiano bondoso nos conta (para que gravemos na memória para sempre), que Carlos «lavou-se, comeu pão, ovos» e não sei que mais, e que é um good guy. Tudo revelações que merecem repetição exaustiva, a cada trinta minutos, nos noticiários daquela estação emissora.

Mas o mais importante está para acontecer logo mais.

É que a heroína portuguesa, a nova padeira de Aljubarrota, Maria João Ruela, jornalista da SIC, que levou um tiro no rabo, chega hoje a Portugal num avião expressamente enviado ao Médio Oriente pelo Governo Português para transportar até Lisboa a nossa heroína de rabo furado.

Digam lá se Marcelo Rebelo de Sousa, Santana Lopes e Pacheco Pereira não vão ter que nos explicar, sob os mais variados e complexos ângulos, o que determinou e condicionou esse magno acontecimento e quais as enormes consequências que daí advirão para a Humanidade.

Hoje temos que ter os olhos e ouvidos pregados às televisões para bebermos cada palavra dos nossos comentadores.

Com uma secreta esperança:

Que Pacheco Pereira, fazendo algo semelhante àquilo que ele achou que o representante do Governo que estiver hoje na inauguração do Estádio do Dragão, no Porto, deveria fazer (correndo o risco de uma vaia ou coisa pior) – «lembrar que aquilo foi construído com dinheiro dos contribuintes» – lembrasse à SIC que, à parte o problema pessoal de Maria João Ruela, todo o espectáculo que se tem montado à volta deste (não) assunto é deprimente, provinciano, injustificado e de um ridículo tão confrangedor quanto pacóvio. E que o envio de um avião, pago com o dinheiro dos contribuintes, por parte do Governo, para ir buscar a jornalista, é uma decisão inqualificável própria de um país do terceiro mundo.

sexta-feira, novembro 14, 2003

A BIGORNA DE WALT DISNEY NO IRAQUE

Segundo noticiam os média, estão a decorrer em Bagdad duas operações desencadeadas nestes últimos dois, três dias, pelo exército de ocupação americano; uma das operações chama-se «Operação Bigorna» e a outra chama-se «Operação Martelo de Ferro». Não nos esqueçamos que já houvera a operação «Choque e Pavor».

Estas duas designações dadas agora às operações em curso demonstram bem a vontade incontida dos americanos de esmagar os iraquianos e deixá-los totalmente desfeitos em pasta humana, em ketchup humano se possível.

Ao contrário do que se pode pensar, aqui não se trata de «super-terrorismo» mas sim de uma forma ternurenta e brincalhona de combater o terrorismo. É que os americanos devem ter tirado esses nomes dos desenhos animados de Walt Disney e estão convencidos que não haverá verdadeiras vítimas dessas "operações".

Estou a ver os iraquianos a serem martelados até se afundarem e desaparecerem pelo chão adentro, ou a levarem com a bigorna em cima ficando espalmados que nem uma folha de papel.

Depois, claro, esses iraquianos, como que se espreguiçam, rinchando e tremendo, até ficarem outra vez novinhos em folha e prontos para mandarem mais duas bazucadas nos ocupantes.

Para tudo recomeçar de novo... até à eternidade.

E com os nossos GNRs e os nossos enviados especiais a filmarem as cenas todas para a posteridade; a permitirem que se encham telejornais e mais telejornais com essas novelas todas que nos vão distraindo da má governação a que estamos sujeitos até que um dia acordemos todos privatizados, sem direitos básicos (como o direito à saúde, por exemplo), mas ainda em boas condições de aplaudir e eleger quem nos maltrata com tanta dedicação e empenho.
DESCOMPRIMAMOS UM POUCO A BLOGOSFERA

O senhor Provedor de Justiça sugeriu que se instalem "salas de xuto" (salas de injecção assistida de droga) nas prisões.

A senhora ministra da Justiça (a que se trata no Brasil provando a desconfiança que os membros do Governo têm na pouca saúde que dão à Saúde) veio logo dizer «nem pensar»; «só por cima do meu cadáver».

Não briguem, por favor. Consultem o vosso especialista no assunto.
BRINQUEM COM O FOGO!...

Chega a ser incompreensível que, no ponto tão claramente complicado - quão incompreensível e imprevisível, inclusive pelos invasores - a que chegaram as coisas no Iraque, ainda haja quem defenda o atafulhamento daquele país com tropas multinacionais tendo em vista fazer a paz.

Os que achavam e acham que é com super-terrorismo ("choque e pavor" e outras acções semelhantes) que se consegue combater o terrorismo, mostram hoje, cristalinamente, que nada aprenderam com os conflitos do Vietnam, do Afeganistão (de ontem e de hoje), do Médio Oriente e do sub continente indiano.

É claro que eu não sei qual a melhor forma de combater o terrorismo. Mas ao que parece também ainda não apareceu quem saiba como combatê-lo.

A melhor forma de incentivar e fazer crescer o terrorismo - essa temos visto e sabemos qual é - é pôr o Estado a praticá-lo e tudo fazer para o praticar à escala global.

E no dia em que importarmos o terrorismo para Portugal eu quero ver esses fanfarrões a fazerem os discursos belicistas que lhes ouvimos hoje que o fenómeno ainda é distante.

quarta-feira, novembro 12, 2003

FESTA ADIADA

Verifico com algum desalento que cerca de 50% das "visitas" ao Salmoura são listagens feitas pelo Google, o que não quer dizer que quem fez a busca tenha lido o blogue.

Verifiquei isso na altura em que ia embandeirar-me em arco por o Salmoura ter atingido um número significativo de visitas; abortei a festa e meti, pelo menos por ora, a viola no saco.

Enquanto aguardo por melhores tempos, faço votos para que os contadores de visitas dos outros blogues não tenham tamanha influência desse motor de busca.

O que me consola um pouco no meio de tanto desalento é constatar que quando se pesquisa a palavra "salmoura" no Google, o primeiro "site" que é mostrado por esse motor de busca é este blogue.
A CAMINHO

Sempre pensei que os famosos 120 soldados da GNR nunca seriam enviados para o Iraque. Mais convencido disso fiquei quando ouvi o professor Adriano Moreira dizer, numa entrevista na rádio, que esses soldados não deviam ser enviados e que achava que já não iam mesmo para o Iraque.

Pois bem (ou pois mal), hoje é o dia marcado para o embarque desses homens para o sul do Iraque. Por respeito para com as suas vidas, não repetirei agora os vaticínios catastrofistas que fiz aí há uns dois meses atrás. E desejo, sinceramente, que nada lhes aconteça de mal.

Mas as minhas expectativas não são as melhores pois não acredito que o contingente de tropas italianas onde serão "integrados" lhes vai dar as missões mais fáceis e menos perigosas ficando os italianos com as mais difíceis e de piores consequências.

Vamos ficar de olho no Governo e no ministro Figueiredo Lopes para irmos sabendo como vão dar-nos conta das acções deste contingente português além fronteiras.

terça-feira, novembro 11, 2003

METEOROLOGIA PS

Acordar com este céu psicológico, logo hoje que está um dia tão lindo...

Threatening skies

Van Gogh

segunda-feira, novembro 10, 2003

OH VITORINO, TENS LÁ TINO?

Eu disse que não voltaria a falar mais dele mas não disse que não falaria mais do PS.

Perseguição ou não; «patifaria» ou não; crime ou não: o certo é que existe um filão inesgotável do mesmo assunto que, de cada vez que é explorado, faz levantar uma nuvem enorme de poeira no PS transformando-o, aos olhos da opinião pública, numa espécie de virgem louca que, levantando a nuvem, quer é chamar a atenção do mundo e convencê-lo da sua virgindade descurando tudo o resto que lhe poderia garantir uma existência plena de saúde, bem-estar, riqueza, etc. - apoios e votos, em suma.

Estamos fartos de ver o PS agarrado à "Casa Pia"!
Estamos fartos de ver o País sem o maior partido da oposição.

São precisas, urgentemente, doses maciças de tino para o Partido Socialista.

domingo, novembro 09, 2003

COM A BEXIGA PELO QUEIXO

Conheço um senhor com setenta e tal anos que, para além do reumático, tem uma hérnia inguinal, sofre da próstata e não quer deixar-se operar por nada deste mundo. Anda permanentemente algaliado e do seu dia a dia conta histórias (algumas verídicas) de fazer chorar as pedras da calçada a ver se consegue que se condoam dele e lhe dêem alguma ajuda «para atenuar esta miséria de vida».

Sempre que posso dou-lhe algum dinheiro, e como sou defensor do consumo de bebidas alcoólicas para cura de todos os males do espírito e de alguns males do corpo, é com gosto que recebo a censura dos "vizinhos" desse meu velhote que fartam-se de queixar que faço mais mal ao velho dando-lhe dinheiro do que se lhe recusasse uma sandes, um copo de leite, ou uma manta no Inverno, pois, «ele mete-se na primeira taberna e só sai de lá quando estiver completamente bêbado».

O que não sabem esses "vizinhos" é que o velhote me alegra contando as suas façanhas de quando está com os copos dizendo quase sempre no fim «tirei a porcaria da algália e aquilo foi uma daquelas de pôr o mundo a tremer» para concluir «depois chamei a ambulância e, ti-nó-ni, lá fui eu parar ao hospital preso de "orinas" e com a bexiga a chegar-me ao queixo». Conclui invariavelmente a narrativa com um suspiro para logo me dizer «e como vamos hoje de finanças, hein amigo?»
DEFINITIVAMENTE ENFERRUJADO E ENTERRADO

Curiosidade ou não, a primeira posta deste blogue foi sobre Ferro Rodrigues. Hoje coloco aqui esta última posta sobre o mesmo personagem. Não voltarei a falar nele mesmo que se torne um gigante, faça um milagre ou levante voo e paire sobre Lisboa.

A razão fundamental por que hoje vem à baila o nome dele prende-se com a minha profunda preocupação, como cidadão, da inexistência continuada de oposição política ao Governo, em que temos vivido e vamos continuar a viver.

E a melhor forma que encontro de falar sobre Ferro Rodrigues e a sua má e perniciosa liderança do PS, e do seu futuro mais que previsível, é pedir-vos que leiam o artigo de Mário Bettencourt Resendes no DN de hoje . Está lá tudo de essencial sobre o assunto.

E já que falo em artigos de jornais, leiam o de Frei Bento Domingues no Públido. É sobre outro tema igualmente actual e interessante.

sábado, novembro 08, 2003

NA MOSCA! (Como diria Jabor)

Este, quanto a mim, é o tiro mais certeiro até hoje disparado pelo Barnabé.
REVOLUÇÃO BIOLÓGICA À VISTA

Salmoura tem seguido com atenção este blogue jovem de inegável qualidade. Eis uma «lagartixa» que promete «chegar a jacaré» contrariando seriamente a tese deste biólogo que um dia, ao consultar "a bíblia da Biologia" (a letra de uma canção popular que ouvira algures), compreendeu «porque é que a lagartixa nunca chega a jacaré».

sexta-feira, novembro 07, 2003

CITAÇÃO

Cansado e, por isso, creio, desmotivado para andar aqui na blogação, não resisto, contudo, a publicar estas curtas palavras de Jules Michelet, citado por Carlos Fuentes, a páginas 9 do seu livro AURA publicado pela D. Quixote:

[... «Os deuses são como os homens: nascem e morrem sobre o peito de uma mulher»...]



Dali (1921)

quarta-feira, novembro 05, 2003

PIMENTA NO OLHO DO VIZINHO É REFRESCO

O título acima é um dito brasileiro que espelha bem o quanto a parcialidade e o egoísmo nos podem levar à incoerência e ao desprezo pelos outros.
Enquanto Salmoura foi deitando pimenta nos olhos dos vizinhos do Blog de Esquerda, as postas que Salmoura lhes foi enviando foram sendo publicadas como «colaborações itálicas». Quando Salmoura, através da posta aqui mais abaixo intitulada, "CÃO DE NOME COBARDE PARA JORNALISTAS?", colocou um niquinho de pimenta no olho dos jornalistas, porque Salmoura não escolhe fanaticamente o campo dos seus afectos por conveniência, antes vai espalhando afectos conforme o merecimento de cada um - hoje pode ser um cão, amanhã um gato; ou hoje pode ser o Governo e a direita, e amanhã a oposição e a esquerda -; quando Salmoura fez isso e enviou a posta ao Blog de Esquerda pedindo aos seus autores (homens dos jornais) que a publicassem,

Tá quieto, oh mau! É o publicas!

Publicas uma ova!

Não houve publicação nem sequer um e-mail (como outros antes recebidos) a justificar o acto (acto que Salmoura não quer classificar ou adjectivar. Lá têm as suas razões).

Mas é um facto: os jornalistas não têm demonstrado coragem suficiente para investigarem e abordarem na comunicação social o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde em favor dos privados; acção conscientíssima que o Governo tem levado a cabo pondo em risco o direito à saúde dos mais pobres; da maioria da população portuguesa. E Salmoura questiona mais uma vez os jornalistas sobre se o facto de não ligarem ao problema se prende com o medo que terão do chicote do patrão. E aconselha-os, se for esse o caso, a que comprem um cão e lhe chamem COBARDE.

É com pena que Salmoura escreve esta posta. Mas é preferível ser coerente e perder a possibilidade de publicar postas no Blog de Esquerda do que ser egoísta e ficar calado só para poder beneficiar de maior visibilidade na blogosfera.

segunda-feira, novembro 03, 2003

COM LICENÇA! ESTE É O SENHOR JOE GOULD

Agora é o próprio que se vos apresenta:

«O meu nome é Joseph Ferdinand Gould, formado em Harvard, magna cum difficultate, curso de 1911, e presidente do Conselho de Administração de Boa & Má Sorte, SARL. Em troca de uma bebida, posso recitar-lhe um poema, fazer um discurso, defender uma tese ou tirar os sapatos e imitar uma gaivota. Prefiro gin, mas uma cerveja também serve.»

Apresentado que está o personagem, posso-vos garantir que Joe Gould, de quem sou amigo desde a última madrugada, me disse «por norma desprezo o dinheiro» e que é raro ter nos bolsos mais que um dólar.

Certa vez recebeu uma herança que esbanjou em poucos dias. Fez uma coisa que lhe deu uma grande satisfação. Comprou um rádio enorme, todo brilhante, levou-o para a Sexta Avenida e desfê-lo aos pontapés. Nunca ligou à rádio. «Cinco minutos de paleio idiota que sai dessa engenhoca», terá dito, «eram o bastante para dar volta ao estômago de uma cabra».

Gould pediu uma vez, numa Noite de Poesia Religiosa, autorização para dizer um poema que tinha escrito e que se intitulava "A Minha Religião". Deram-lhe a autorização e então Gould recitou:

No Inverno sou budista
E no Verão sou nudista.



E agora vou trabalhar. Não posso ficar aqui a noite toda a contar-vos a história de Joe Gould. Comprem o livro se quiserem saber mais. Uma boa noite é o que vos desejo.

domingo, novembro 02, 2003

O SEGREDO DE JOE GOULD

Tinha aqui apontado num pedaço de papel, perdido desde Julho passado, «comprar "O Segredo de Joe Gould" aconselhado pelo Vincent». Hoje encontrei o papelinho, e o livro já cá canta. Pela amostra das duas primeiras páginas é livro para ser todo lido já esta noite; não dá para esperar pelo dia de amanhã. Nem para estar aqui na blogação. O chamamento é forte e a expectativa elevada. Boa noite e passem bem.
CÂMARA DE ECO

«Baixas Fraudulentas»

«Tem-se assistido ultimamente, inicialmente pelo primeiro-ministro e depois pelo ministro do Trabalho e Segurança Social, ao içar do estandarte do combate às baixas fraudulentas.
Todos aplaudimos, menos aqueles que as praticam.
Mas, devem os "ilustres" governantes começar por arrumar as suas próprias casas, para depois arrumarem ou tentarem arrumar a casa dos outros.
Ou seja, não deve o Governo começar por punir a deputada Maria Elisa, que recorreu ao esquema da baixa fraudulenta para não perder o tachão na AR e ir para Londres como conselheira de imprensa da embaixada portuguesa? Ou será que a esta gente tudo é permitido, quando na realidade impende sobre eles uma dupla responsabilidade, a de cidadãos e a de governantes/parlamentares? Com que lata podem eles exigir aos outros aquilo que eles não cumprem?
Jorge Subtil ─ Carcavelos»
(in PÚBLICO, Domingo, 02 de Novembro de 2003
PRAZERES (2)

Para si, cara Sofia, que me enviou um e-mail perguntando-me que bebida recomendo como aperitivo para quem gosta de bebidas doces

aqui vai a receita de um cocktail saboroso.

Num copo alto (uma flute para champanhe, por exemplo) misture por esta ordem:
Um terço de néctar de pêssego (o da Santál é o melhor) gelado;
Duas colheres das de sopa de licor de pêssego gelado;
Encha o copo com champanhe francês (pode ser espumante) frio (a 6 ou 8 graus);
Misture tudo, muito lentamente para não libertar o gás, com uma colher de cabo comprido (eu até costumo virar a colher e servir-me do cabo).

Beba aos pequenos goles, oiça música e pense em coisas boas.

sábado, novembro 01, 2003

PRAZERES (1)

Das várias qualidades que Eça tem, há uma que sobressai, mesmo para o mais iletrado dos seus leitores em que me incluo: o gosto pela boa mesa. Quando Eça apresenta Jacinto, em A Cidade e As Serras, como apreciador do café servido com um pau de canela, é um convite e um conselho que o autor nos dá para nos aventurarmos a apreciar algo exótico e de muito bom-gosto.

Eu adoro o cheiro e o sabor da canela. E não há nada melhor que um café servido com um pau de canela para combater o conservadorismo saloio.

Já agora aconselho-vos uma outra experiência interessante: bebam como aperitivo uma taça com uma mistura de um terço de conhaque francês (tem que ser genuíno) e dois terços de champanhe francês.

É uma delícia para quem não gosta de bebidas doces!
O CAMINHO PARA DEUS (2)

Os melómanos costumam dizer que o caminho para Deus passa pela música. De facto, certas peças musicais, como, por exemplo, o Requiem, de Mozart, quando interpretadas por executantes de elite, deixam-nos esta certeza: ouvindo-as sentimo-nos mais perto de Deus.
Admitamos então o óbvio: é, com certeza, a Arte o caminho para Deus.

Para quem gosta de música erudita aqui fica a informação para aquisição de uma das mais sublimes interpretações (a melhor das que até hoje tivemos o privilégio de ouvir) do Requiem, de Mozart :


Edition:
Cascavelle SA, 1223 Cologny / Suisse
VEL 1012, DDD 50'37 (1991)
Ensemble Vocal et Instrumental de Lausanne
Direction: Michel Corboz
O CAMINHO PARA DEUS (1)

De cada vez que olho para um quadro como este, que realiza magistralmente uma sinfonia de todas as cores, fico mais convencido de que se há um caminho para Deus, esse caminho só pode ser a pintura.

Flower beds in Holland

Van Gogh
TSF (Tudo Se Foi)

Ao que parece a TSF não resistiu às tentações e cedeu aos apelos do que de pior tem o mercado radiofónico: as piadas referindo ao sexo e apelando aos mais baixos instintos. Para aumentar um pouco mais as audiências brinda-nos actualmente com programas de pretenso humor de uma indigência cultural e mental simplesmente inqualificável.

Como o que interessa parece ser apenas e só o dinheiro, impera então a mais estúpida lógica do mercado e assiste-se ao alastrar da doença a todo o corpo da TSF. Foi-se o Flash Back; falta pôr fim ao Fórum, ao Pessoal e Transmissível e a mais dois ou três programas semanais de interesse para termos então uma rádio verdadeiramente popular em todo o seu esplendor; uma rádio onde Tudo Se Foi (TSF).

Parabéns aos actuais coveiros da TSF. Que retirem bom proveito da sua acção.

Por mim vou refugiar-me totalmente na Rádio Luna (106.2 MHz) e na Antena 2 (94.4 MHz); nesta até ao dia em que o ministro Morais Sarmento se lembrar de recorrer a algum dos seus estafados neurónios para tirar da car(t)ola mais uma boutade em jeito de justificação para o encerramento desta emissora.